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“Plantas não convencionais são alternativas alimentícias”: projeto da UFSM busca capacitar público para identificar, cultivar e conhecer PANCs

Projeto foi contemplado pelo Território Imembuy, iniciativa da UFSM para o desenvolvimento da região central do RS



Horta fica situada no CCR

O Dia Mundial da Alimentação acontece em 16 de outubro. A data foi escolhida em homenagem a criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que ocorreu no mesmo dia em 1945. Além disso, o dia promove uma reflexão sobre alimentação saudável, acessível e de qualidade.

Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) existem iniciativas que atuam nos objetivos reforçados pela data comemorativa, uma delas estuda as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), espécies de desenvolvimento espontâneo, facilmente encontradas em jardins, hortas, quintais e, até mesmo, em calçadas de rua. Torná-las acessíveis e de conhecimento popular é o objetivo do projeto “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC): cultivo, identificação e usos alimentares e medicinais” contemplado no edital do Território Imembuy, iniciativa da Pró-reitoria de Extensão (PRE) e da UFSM, que busca o desenvolvimento da região central do Rio Grande do Sul.

A iniciativa atua na capacitação do público para identificar, cultivar e conhecer a potência alimentar, medicinal e terapêutica das PANC. Isso acontece por meio de palestras e oficinas, que atualmente são ministradas em escolas da região de Silveira Martins. “A população não tem acesso a uma diversidade alimentar, então elaboramos o projeto a fim de mudar essa perspectiva” explica Aline Bezerra, professora do curso de Tecnologia em Alimentos da UFSM e coordenadora do iniciativa.

Em um cenário recorrente de eventos climáticos extremos, o impacto na agricultura do Estado foi grande. Nesse sentido, o projeto fornece um caminho: outros tipos de alimentos. Conforme Aline, as “plantas não convencionais são alternativas alimentícias”, e espécies mais resistentes que não necessitam de muitos cuidados no cultivo, por isso crescem espontaneamente em diversas regiões com vegetação natural. 

O Núcleo de Estudos em PANC (NEPANC), também coordenado por Aline, desenvolveu uma pequena horta apenas com espécies de plantas não convencionais em frente ao Centro de Ciências Rurais (CCR) da UFSM. “Após as enchentes, pensávamos que a horta estaria destruída, porém, estava preservada e as plantas continuaram a crescer”, conta a professora.

Inicialmente, o pequeno canteiro foi construído por Magé Amaral, técnico administrativo na Universidade que até hoje auxilia nos cuidados do local. “A nossa horta, tem início com um pequeno canteiro, para suprir a necessidade de temperos verdes. Com o passar do tempo, fomos limpando as outras áreas, adubando e plantando, até atingir a área que temos hoje”, comentou o colaborador.

 

Horta do CCR possui 55 espécies de PANCs

Tipos de PANC

No Rio Grande do Sul, as espécies mais convencionais são: Major-Gomes, Beldroega, Tanchagem e Ora-pro-nóbis, plantas que possuem diferentes valores nutricionais. 

A Major-Gomes possui altas quantidades de ferro e um baixo valor calórico, além de serem ricas em aminoácidos, cálcio, magnésio e potássio. A Beldroega, por outro lado, é uma fonte de Ômega-3. Aline revelou que “em certas quantidades, a planta pode até substituir o valor nutricional de um peixe”.

A Tanchagem se destaca pelos altos níveis de vitamina K, responsável pela coagulação sanguínea. A planta também possui funções antissépticas e antibacterianas, além de ser um estimulante do sistema imunológico. Já a Ora-pro-nobis, também conhecida como “carne verde”, possui alto teor proteico, além de ser uma fonte de vitaminas e sais minerais importantes para o organismo humano. 

Outras informações podem ser conferidas no guia disponibilizado pelo NEPANC. O material, além de apresentar as formas de cultivo, traz receitas que podem ser feitas com as espécies.

Da colheita ao prato

PlantNet, uma ferramenta que identifica plantas através de fotos, tem sido um grande aliado. “Primeiramente, utilizamos o aplicativo, que nos fornece uma porcentagem de precisão sobre a espécie, e caso seja alta, levamos ao laboratório para analisar”. Embora o aplicativo facilite o processo de verificação, ainda há riscos. “Buscar o auxílio de especialistas é indispensável para quem quiser adquirir mudas dessas espécies”, frisa a docente. Em seu guia, o NEPANC destaca que a Embrapa e Emater são instituições confiáveis para quem busca adquirir ou identificar espécies de PANC.

Aline reforça que qualquer pessoa pode iniciar sua própria horta PANC. O primeiro passo é encontrar um local acessível — preferencialmente no quintal de casa —, afastado de esgotos ou fossas, e com até quatro ou cinco horas diárias de luz solar. Além disso, ter acesso a água potável próximo a plantação. Vale ressaltar que animais domésticos não devem ter acesso à horta.

“Se a horta estiver dentro do seu quintal e você sabe que a planta não teve contato com agrotóxicos ou poluidores, então pode ser realizada uma lavagem simples. No entanto, se a planta vier de um espaço público, onde você não tem conhecimento sobre o local, recomenda-se a higienização com uma solução clorada, por aproximadamente 15 minutos, e posteriormente lavagem em água corrente”, orienta a pesquisadora.

Produção Sustentável 

Impressora 3D utilizada na produção de embalagens sustentáveis

Na graduação, a interdisciplinaridade é um pilar importante no estudo das PANC. “A professora Aline criou a disciplina de Desenvolvimento de Produtos com PANC e Condimentares na intenção de unir as outras competências do curso, como as disciplinas de Embalagens Sustentáveis e Rotulagem de Alimentos”, comenta a coordenadora do curso de Tecnologia em Alimentos, Flávia Dalla Nora.

“A impressão 3D, por exemplo, é um grande aliado no desenvolvimento de embalagens ecologicamente sustentáveis. Dentro da disciplina de embalagens, utilizamos desse artifício na elaboração de recipientes sustentáveis para armazenar temperos feitos de PANC”, acrescenta Aline. 

Do projeto à educação

Até o momento da publicação desta reportagem, a equipe do projeto levou palestras e oficinas sobre PANCs a quatro escolas, em dois municípios da região central do estado. Em Santa Maria, a Escola Municipal Ensino Fundamental Bernardino Fernandes e o Colégio Estadual Padre Rômulo Zanchi receberam a equipe da iniciativa, já em Silveira Martins, o projeto atuou na Escola Estadual Bom Conselho e na Escola Municipal João Frederico Savegnago.

Visita ao Colégio Estadual Bom Conselho, em Silveira Martins
Visita à Escola Municipal Ensino Fundamental Bernardino Fernandes, em Santa Maria

Sobre o Território Imembuy

O Território é uma iniciativa da Pró-reitoria de Extensão (PRE) e da UFSM, que busca o desenvolvimento da região central do Rio Grande do Sul a partir das iniciativas exitosas da UFSM na certificação da Quarta Colônia e de Caçapava como Geoparques Mundiais da UNESCO. Foram contemplados, ao todo, 54 projetos voltados ao incentivo de novas pesquisas científicas no campo da educação, a expansão econômica e a geração de emprego e renda. Vale destacar que o Território Imembuy abarca 37 municípios e mais de 700 mil habitantes. Mais informações sobre podem ser conferidas aqui.

 

Texto e artes gráficas: Pedro Moro, acadêmico de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Gustavo Damascena e Laurent Keller, estudantes de Produção Editorial e Jornalismo, respectivamente, e bolsistas da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, Jornalista

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