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UFSM recebe primeira edição do Simpósio Nacional de Ensino de Física no Rio Grande do Sul

Maior evento da área acontece simultaneamente em oito cidades brasileiras até esta sexta (10)



Foto colorida horizontal com pessoas sentadas em frente a computadores em uma sala de aula, elas aparecem de costas, as telas ligadas, e à frente um homem falando e um telão
Professor Márcio Marques Martins ministrou oficina de elaboração de vídeos didáticos com Inteligência Artificial

O Simpósio Nacional do Ensino de Física (SNEF), organizado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), é o maior evento da área de ensino de Física do país, com mais de 50 anos de tradição, ocorre desde 1970. Apesar de estar em sua 25ª edição, o evento chega ao Rio Grande do Sul pela primeira vez em 2023 em um formato inédito. Com a iniciativa de segmentar o evento por diversas partes do Brasil, cerca de 1.500 pessoas de oito cidades podem acompanhar mais de perto palestras, oficinas, mesas-redondas e debates sobre inúmeros assuntos emergentes na área da Física. 

A nova configuração do evento foi mais um dos reflexos deixados pela pandemia de Covid-19. Porém, neste caso, com um impacto positivo para os oito núcleos distribuídos pelo país, sediados em Manaus, São Luís, Caruaru, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Volta Redonda, Curitiba e Santa Maria. Segundo o professor do Instituto de Física da Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) Dioni Pastorio, “o período pós-pandêmico trouxe muitos desafios, como a volta dos eventos presenciais em nível acadêmico, por isso, pela primeira vez, o evento acontece no formato multi-sede”. 

O núcleo do Rio Grande do Sul, que contou com mais de 100 inscritos, foi organizado por uma parceria entre o Departamento de Física da UFSM e o Instituto de Física da UFRGS, dois importantes centros de referência em estudos da área no Brasil. “A UFRGS é uma das pioneiras no país, com um programa de Pós-Graduação no Ensino de Física. A UFSM mantém dois programas, um de Pós-Graduação no Ensino de Ciências e outro de Ensino de Física e Educação Matemática, que também colaboram com esse evento. Então, para a comunidade santa-mariense, é um momento ímpar, pois consolida e mostra a importância de discutir temáticas, que são de pesquisa e também de ensino de Física”, destaca Pastorio.

Oportunidades para o ensino

Graduado e pós-graduado pela UFSM, Dioni não vem apenas para participar do Simpósio, mas também revisitar e retribuir à Instituição em que se especializou. “Voltar para cá é sempre importante. É como se pudesse dar uma devolutiva para a comunidade santa-mariense, trazendo esse evento de ensino de Física”, disse. Além de possibilitar, muitas vezes, o primeiro contato com a pesquisa para alunos de graduação e consolidar pesquisadores de diferentes áreas e instituições, que trazem as suas pesquisas e suas temáticas de interesse, o impacto do evento não está restrito apenas ao âmbito acadêmico. 

foto colorida horizontal com pessoas sentadas em uma sala de aula, em frente a computadores. As pessoas aparecem de frente. De costas, em pé e falando a elas, um homem
Núcleo do Rio Grande do Sul contou com mais de 100 inscritos

A educação da região, de forma geral, também é beneficiada com a iniciativa, por meio da participação de professores da Rede Básica de Ensino e de autoridades da área, como o titular da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Santa Maria, José Luis Viera Eggres. Sendo um momento de formação continuada, o evento se torna acessível, não apenas para quem participa, mas para a formação de estudantes da Educação Básica, impactados pelo aprimoramento na capacitação de seus professores.

Outra iniciativa pensada pela organização para viabilizar o acesso ao simpósio foi a gratuidade para assistir às atividades. Mesmo com a  exigência de pagamento para a obtenção dos certificados, de acordo com as normas da SBF, a comissão do núcleo liberou o acesso gratuito para fins informativos a todos os interessados .

Experiências para os acadêmicos

Para Andressa, estudante do 4º semestre de Física Licenciatura, o evento é uma oportunidade única. “É a primeira vez que temos esse simpósio, que é extremamente importante para o ensino de Física, aqui, tão próximo da gente. Normalmente é um evento bem caro e de difícil acesso, em outros estados”, observou. Ter o contato com profissionais renomados na área e poder absorver um pouco do conhecimento compartilhado ao longo dos três dias de evento, ainda mais como parte da comissão organizadora, é “maravilhoso”, segundo ela. A SBF ofereceu a oportunidade de alguns alunos participarem como membros da organização. 

Andressa participa também do Diretório Acadêmico da Física, convidado pelos organizadores para fazer a divulgação do evento dentro do próprio curso. No simpósio, ela auxiliou na orientação dos participantes, no deslocamento para as salas e contribuiu para tornar o evento mais acessível para as pessoas. A estudante associa a importância do evento para a divulgação científica. “Ainda mais nessa situação em que nos encontramos, do negacionismo, uma época bem nebulosa para a ciência, é imprescindível que existam eventos acessíveis como este, que agora foi aberto ao público em geral. Para a divulgação de fatos, para saberem o que a gente faz dentro da Universidade”, salienta.

O acadêmico do 2º semestre do mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Ensino de Física (PPGEMEF) Daniel Becker destaca as temáticas debatidas no simpósio, todas relacionadas aos assuntos estudados no ensino de Física. “O mais interessante é o espaço que temos para conversar sobre vários assuntos. Quando estamos presos à Instituição, conversamos com os nossos colegas, com as pessoas que estão à nossa volta e com os professores que conhecemos. Um evento como esse é importante, pois conseguimos dialogar com outros professores, de outras instituições, e falar de assuntos que, às vezes, não dá tempo de falarmos nas disciplinas”, relata Daniel.

foto colorida horizontal com um homem de pé, com um telão pendurado em frente a um quadro negro, falando a um público que não aparece
Oficina de programação de microcontroladores ministrada por professor do Instituto Federal Catarinense

Atividades oferecidas para a comunidade

Uma das atividades oferecidas para os participantes na manhã de quinta-feira (9) foi a oficina de elaboração de vídeos didáticos com Inteligência Artificial, ministrada pelo professor de Físico-Química Universidade Federal do Pampa (Unipampa) do Campus de Bagé Márcio Marques Martins. Além de apresentar e explicar conceitos básicos de ferramentas de Inteligência Artificial, como o ChatGPT, o professor instruiu sobre a elaboração dos materiais audiovisuais e como utilizar a tecnologia de forma favorável no ensino. “Eu encaro ela [Inteligência Artificial] como uma aliada. Não tenho medo, mas devemos ter um certo receio dos maus usos”, destaca o professor. A segunda parte da oficina, que acontece na sexta-feira (10), é aberta aos interessados.

Outra atividade nesta sexta-feira, último dia de evento, destacada pelo professor Dioni Pastorio, é a mesa-redonda a ser integrada pelos professores Leonardo Albuquerque Heidemann (UFRGS) e Ítalo Gabriel Neide, da Universidade do Vale do Taquari (Univates), que discutirão a inovação no ensino de Física e o uso de tecnologias digitais nessa área. Além da palestra da convidada internacional do evento, a professora da Faculdade de Matemática, Astronomia e Física da Universidade Nacional de Córdova Laura Maria Buteler, que tratará da resolução de problemas do ensino de Física e concepções metodológicas de pesquisa.

A participação internacional também é motivo de comemoração, já que o núcleo do Rio Grande do Sul é um dos únicos, dos oito integrantes do simpósio, a contar com a presença de uma pesquisadora de fora do país. Pesquisadores de diversos estados e instituições também integram o quadro de palestrantes.

A programação completa do evento está disponível no site do Simpósio Nacional do Ensino de Física.

Texto: Júlia Maciel Weber, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias
Fotos: Ana Alicia Flores, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista

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