Os representantes da UFSM que integraram a comitiva dos Geoparques Quarta Colônia e Caçapava no 10º Encontro Mundial de Geoparques Unesco em Marrocos trouxeram reconhecimento e aprendizados em seu retorno a Santa Maria, na última terça-feira (19). No último final de semana da viagem internacional, representantes da universidade e dos territórios de Caçapava e Quarta Colônia foram a Portugal visitar o Geoparque Arouca. A recepção aos visitantes ocorreu na câmara municipal da cidade homônima por vereadores e por Daniela Rocha, diretora do Geoparque.
Além da língua portuguesa, os territórios de Caçapava, Quarta Colônia e Arouca possuem outras semelhanças. O geoparque português possui grande parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), assim como Caçapava e Quarta Colônia com a UFSM. Outra semelhança é a participação na cátedra Unesco de Geoparques Estilos de Vida Saudável, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável, da qual a UFSM faz parte e é sediada na UTAD, com coordenação de Artur Sá, que ocupa a mesma função no setor científico do geoparque lusitano.
O Arouca Geoparque integra a Rede Mundial de Geoparques (GGN) desde 2009 e já passou por sucessivos processos de revalidação do reconhecimento da Unesco, característica que pode auxiliar os novos geoparques globais de Caçapava e Quarta Colônia no futuro. “A conquista da certificação para os dois territórios não quer dizer que a missão está cumprida. A certificação reconhece o trabalho feito e nos deixa um desafio ainda maior: passar pela revalidação desse reconhecimento internacional daqui a quatro anos”, salienta Flavi Lisboa Filho, pró-reitor de Extensão da UFSM.
Um roteiro para inspirar
No sábado (16) a equipe visitou os Passadiços do Paiva, uma construção de madeira que permite fazer uma trilha de aproximadamente 9 km ao longo do rio Paiva. Nesse trajeto, é possível passar pela ponte 516 Arouca, uma estrutura suspensa com trechos que ficam a mais de 80 metros de altura. Durante o trajeto é possível contemplar a natureza e a paisagem local. O atrativo chamou a atenção da equipe dos geoparques pelo grande sucesso que faz com turistas e o retorno ao investimento. “É um passeio de tirar o fôlego! É uma vista deslumbrante que nos faz ter a sensação de estarmos próximos, juntos à natureza. Esse é um atrativo que recebe um grande número de turistas. Todo o investimento realizado já foi pago”, comenta Flavi.
O grupo também visitou o Museu das Trilobites, um Centro de Interpretação Geológica que guarda fósseis desses animais que são uma espécie de “barata gigante”, medindo cerca de 80 centímetros. Esse espaço e a forma como se constituiu lembra muito a Quarta Colônia e seus fósseis. “Nesse museu a gente consegue enxergá-las, fossilizadas nas pedras, nas rochas de Ardósia, que eram exploradas em uma pedreira ali próximo. O mais interessante é que foi um morador local que explorava aquelas pedreiras que encontrou os primeiros registros, em meados dos anos 1950 e 1960. Ao consultar um professor de biologia soube do achado e, dali em diante, toda a extração da pedreira foi realizada de forma a preservar esses fósseis”, explica o pró-reitor.
Além desses, um dos principais atrativos do geoparque é o complexo de museus World of Wine, localizado em Porto, capital do país. O complexo conta com sete museus e 12 bares em edificações que remontam às caves (local onde os vinhos são armazenados) de Gaia, município da região metropolitana. Além dos diferentes tipos de vinhos, há experiências de chocolataria, um museu dedicado à cortiça (material utilizado na confecção de rolhas de vinhos) e coleções de copos e taças que datam desde a Idade Antiga, passam o período Medieval e incluem utensílios dos dias atuais.
Flavi relata que a visita ao museu realizada no dia 17 é uma atividade que instiga os sentidos e tornam o passeio único. Proporcionar esse tipo de experiência sensorial nos geoparques parceiros da UFSM é “um exemplo a ser seguido” de acordo com a adaptação à realidade dos territórios, destacou.
Conclusão dos trabalhos
De acordo com o pró-reitor, a “Missão Geoparques da Unesco” foi um importante momento de reconhecimento dos territórios e também do trabalho realizado neles, como o prêmio de boas práticas dado ao Geoparque Caçapava, pela Novelaria Santa Marta, fora a aproximação com outros geoparques. Outro ponto trazido por ele é a presença de representantes dos municípios que integram o território dos geoparques, bem como do governo do estado. O pró-reitor entende que o trabalho conjunto das instituições, agentes e população é fundamental para tornar os geoparques pautas de políticas públicas que apoiem o seu desenvolvimento. “Os geoparques trazem uma nova perspectiva de vida para essas comunidades pela geração de emprego e renda com base na valorização do patrimônio natural, histórico e cultural. Assim, os jovens podem ter esperança de continuar nesses territórios e encontrar oportunidades para seu futuro. É isso que queremos. A UFSM é parceira dos territórios em prol dessas transformações que trarão resultados para toda a região central do Rio Grande do Sul” conclui o pró-reitor de Extensão.
Passo a passo da missão
Para retomar os passos da viagem dos representantes da UFSM e mostrar o que aconteceu entre as duas semanas que separaram a partida do retorno ao Brasil, veja essa linha do tempo em que traz algumas matérias sobre a “Missão Geoparques” e também os seus últimos desdobramentos.
05/09 – Partida para Marrocos
07/09 – Início da 10ª Conferência Internacional de Geoparques
08/09 – Representantes da UFSM participam da reunião da Rede Mundial de Geoparques
09/09 – Terremoto no Marrocos altera as atividades na conferência
09/09 – Territórios Caçapava e Quarta Colônia recebem certificação de geoparques globais da Unesco
13/09 – Geoparques assinam acordo de cooperação na Espanha
13/09 – Representantes dos Geoparques visitam Dinópolis
15/09 a 17/09 – Visita ao Geoparque Arouca e ao museu World of Wine
Texto: Bernardo Silva, estudante de jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Arquivo pessoal Flavi Lisboa
Edição: Mariana Henriques, jorntalista