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Uma vida dedicada à saúde



Na manhã da sexta-feira (22), o médico Waldir Veiga Pereira recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Santa Maria no Auditório Gulerpe do Hospital Universitário. O título vem engrandecer a carreira profissional e acadêmica do médico, especialista em oncologia e hematologia. 

Nascido na cidade de Arroio Grande, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, dr. Waldir é filho de uma família de oito irmãos. Morou com seus pais até concluir o ensino fundamental na cidade em que nasceu. O ensino médio foi cursado na cidade de Pelotas. Em 1960, Waldir ingressou na faculdade de Medicina da UFSM. Curso que concluiu no ano de 1965.

Depois de concluído o curso de Medicina, dr. Waldir atravessou praticamente todas as etapas da docência: foi professor assistente, professor adjunto e depois titular do Departamento de Ciências Médicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Maria. O doutorado foi cursado na Universidade de São Paulo.

Porém, foi nos Estados Unidos que Waldir teve as experiências que determinaram a excelência nos serviços que ele, ao longo de sua carreira, prestou à cidade de Santa Maria. Lá, ele trabalhou na mais importante instituição de pesquisa clínica básica do mundo. Em um tempo mais curto, dr. Waldir trabalhou na área de transplantes na maior instituição dos Estados Unidos, em Seattle.

Depois das experiências nos Estados Unidos, o médico retornou a Santa Maria e foi fundador do serviço de hematologia e oncologia da cidade. “Durante muito tempo eu fui docente e desenvolvi atividades ligadas à pesquisa e atividades assistenciais. Essas atividades foram muito diversificadas e abrangentes dentro da Universidade”.

Dr. Waldir atribui a essas atividades a titulação que recebeu na manhã da sexta-feira. “Eu recebo essa titulação como um reconhecimento da cidade pelas ações que eu tenho desenvolvido ao longo da minha trajetória acadêmica e profissional. Ações essas que não foram fáceis de serem realizadas, pois grande parte delas foram concretizadas com recursos extra orçamentários. Muitos dos meus projetos foram construídos através do voluntariado e da contribuição financeira de empresas e instituições privadas.”

A evolução da medicina

Dr. Waldir afirma que durante sua trajetória profissional foi possível observar os progressos da medicina. “Quando eu comecei, tanto a hematologia quanto a oncologia eram muito mais atrasadas do que são hoje. Naquela época, as doenças consideradas malignas geralmente eram incuráveis. Hoje várias daquelas doenças que eram consideradas malignas se tornaram curáveis e outras tantas cronificáveis”. Conviver com a expectativa da morte deixou de ser regra para os especialistas em oncologia.

O médico afirma que no Brasil, mesmo em regiões ricas como São Paulo, o atendimento ainda não é feito de maneira adequada e os números de cura não chegam a 40%. Dessa forma, mesmo com a transformação do panorama de tratamento e de convivência com a doença, os insucessos são inevitáveis. Tornar os insucessos menos desagradáveis é um dos desafios com os quais o profissional deve conviver. “Apesar da única certeza de nossas vidas ser a morte, mesmo para um médico, o impacto de uma morte nunca desaparece. Porém, a sensação de fracasso só é sentida quando temos uma morte que sabidamente poderíamos ter evitado. Seja pelo tratamento antecipado, seja por tratamentos alternativos”.

Segundo Waldir, a área da oncologia pediátrica foi a que apresentou os maiores progressos. O tipo mais comum de leucemia da criança passou de praticamente zero a 90% de chance de ser curado. Isso quando essas crianças são atendidas por equipes e em centros de excelência.

O médico afirma que em Santa Maria, quem procura esses serviços – de hemato e oncologia – no Hospital Universitário, desde que venha em tempo adequado, ou seja, que o encaminhamento não seja tardio, tem suas chances de cura elevada aos números considerados ideais. Atualmente, dr. Waldir é o coordenador da Turma do Ique, um projeto que desenvolve pesquisa e oferece tratamento e assistência a crianças com câncer, desenvolvido junto ao HUSM.

Para Waldir, suas experiências anteriores, principalmente aquelas realizadas nos centros de referência no tratamento de câncer, foram muito importantes, pois elas possibilitaram que o perfil de diversas doenças fosse modificado no Brasil. “Um grupo de jovens pesquisadores, que eu integrei nos anos 1980, foi o responsável por essas mudanças. A principal delas está ligada à leucemia, que era a doença mais comum, principalmente nas crianças. E isso teve um custo muito alto, foi fruto de um trabalho extremamente desgastante. O objetivo principal, e que foi alcançado, era a melhora desse quadro para toda a população brasileira, sem nenhuma distinção de classe social, nem poder aquisitivo”.

A necessária transformação da formação em Medicina

Admirador da boa música e de diversos gêneros literários, dr. Waldir conta que durante sua estada em Pelotas foi integrante da Orquestra de Câmara da cidade. Violinista no passado, o médico, hoje, é um apreciador da música clássica.  Em sua biblioteca, além do grande volume de literatura científica e acadêmica, obras de Vargas Llosa, Gabriel García Marquez, Dostoievski, Érico Veríssimo, Pablo Neruda e Arlindo Trevisan recheiam as prateleiras.

Os tantos livros certamente contribuem para que Dr. Waldir possua uma visão crítica e bem embasada da situação em que a saúde se encontra no país. “O Brasil vive um problema de assistência médica e de assistência à saúde que é social. Haja vista as reportagens diárias que são veiculadas diariamente nos jornais”. Para ele o profissional da medicina necessariamente vai ter que ser educado de outra forma daqui para frente. “O sistema deve sofrer uma transformação radical, principalmente, através da redução das exigências burocráticas. Essa transformação passa por diversos fatores: desde a organização de hospitais competentes até a remuneração dos profissionais. O momento que vivemos hoje, de crise da saúde pública, é o momento crucial para a mudança, para a transformação.”

Repórter:

Fernanda Arispe – Acadêmica de Jornalismo.

Edição:

Lucas Durr Missau.

 

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