Na manhã desta segunda-feira (7), ocorreu a entrega dos prêmios de Destaque em Ensino, Extensão e Pesquisa. A cerimônia fez parte da Abertura da 37ª Jornada Acadêmica Integrada (JAI), que foi realizada no Centro de Convenções da UFSM. A premiação dos destaques extensionistas é concedida pela Pró-Reitoria de Extensão e foram agraciados: Destaque Extensionista – Docente, Professora Nilza Luiza Venturini Zampieri; como Destaque Extensionista – Técnico Administrativo em Educação, servidora Alice Lameira Farias; e como Destaque Extensionista – Comunidade, Luiz Antonio Loretto. O prêmio tem como objetivo homenagear a trajetória de trabalho extensionista em prol da parceria entre a UFSM e a comunidade.
Confira abaixo quem são os premiados e uma entrevista com cada um deles:
Destaque Extensionista Docente: Professora Nilza Luiza Venturini Zampieri
Nilza Luiza Venturini Zampieri foi docente do Departamento de Eletrônica e Computação da UFSM por 42 anos – de abril de 1979 até fevereiro de 2021. É bacharel em Engenharia Elétrica pela UFSM, mestre em Engenharia de Produção pela mesma instituição e doutora em Engenharia e Gestão Industrial pela Universidade de Aveiro, Portugal. Ainda no início de sua carreira como docente, foi chefe de departamento, depois, foi coordenadora de curso, membro de comissões e conselhos internos, Diretora do CT – sendo a única mulher a ser diretora do Centro, Pró-Reitora Adjunta de Pós-Graduação e Pesquisa e Pró-Reitora de Planejamento. Nilza foi a primeira professora tutora da Empresa Objetiva Jr., primeira empresa júnior da UFSM e a segunda do estado. Também fundadora, coordenadora e presidente do Conselho Superior da Incubadora Tecnológica de Santa Maria (ITSM), uma das primeiras incubadoras tecnológicas do RS. Nilza também foi coordenadora do projeto da construção e implantação do Parque Tecnológico de Santa Maria, iniciado em 2013, do qual foi Presidente até o final de 2018. Foi fundadora e coordenadora do Núcleo das Empresas Juniores da UFSM; mentora da Liga de Empreendedorismo vinculada à UFSM; coordenadora do projeto Uniescola: Mulheres rumo à engenharia construindo o futuro e do programa Mais mulheres nas Ciências do CNPq. Além disso, teve colaborações em associações e parcerias institucionais, como Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea-RS), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RS), Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE) , entre outras.
1) Primeiro, gostaria que a senhora falasse sobre sua atuação profissional e a que você atribui a premiação.
Eu fiquei muito feliz com a premiação, eu sempre agradeço pelo reconhecimento. Eu não faço para ser reconhecida, faço porque gosto de fazer. Creio que foi pelo histórico – quando brincaram sobre meu currículo, realmente, tem muita coisa, mas não é o que importa. Acho que a história que eu tive dentro da extensão conta muito, porque eu sempre briguei muito pela extensão, sempre gostei de trabalhar com pessoas e trabalhar para as pessoas. Quando se trabalha para o desenvolvimento sempre envolve pessoas. Nessa trajetória, acho que eu posso me considerar uma boa extensionista, porque realmente me dediquei, porque eu gosto de fazer isso. Eu vejo tantos ex-alunos, como hoje, por exemplo, o reitor e o diretor do CT, que foram meus alunos. Há vinte e tantos anos atrás fazer o empreendedorismo e incubadoras na universidade era motivo para deboche, mas olha o que resultou, tem mais de cem empresas com sucesso no Brasil, no exterior, isso é lindo de ver. Hoje é mais natural e não era assim. Tem tantos projetos que eu pude fazer dentro desses 42 anos, nos quais eu sempre me dediquei bastante. É difícil não encontrar alguém que tenha em algum momento passado pela minha vida. Isso é gratificação total. Por um lado posso ver já sou uma senhora idosa [risos], e por outro lado ver que pude contribuir com a vida das pessoas.
2) Pode comentar sobre o quão importante é receber esse reconhecimento para você, enquanto profissional?
Reconhecimento sempre é legal, mas eu nunca fiz isso para ser reconhecida. Isso é uma coisa que eu fazia naturalmente, trabalho porque eu gosto. Eu aprendi o que sei porque eu tive a Universidade, ela me deu tudo isso, também porque eu quis e fui atrás, mas sem Universidade não teria essa oportunidade. Então, faço o que posso fazer para dar um retorno à Universidade e à comunidade. Para eu ser feliz tem que ser assim.
3) De que forma você avalia a importância da UFSM em sua trajetória e nesta premiação?
Sou do interior, colona, fui empregada doméstica, dona de casa, depois vim aqui, fiz Engenharia Elétrica, que era realmente bastante difícil para entrar e passei. Então se confunde minha vida profissional com a vida pessoal. Meus três filhos estudaram aqui, a minha filha hoje é professora daqui. Eu me dediquei esses quarenta e sete anos, foi uma vida longa, com as alegrias, as tristezas, uma dedicação bastante grande e um retorno para mim, também para a família, para tudo e todos. Tem pontos fortes, pontos fracos, tem incomodações, mas alegrias também, como o fato de hoje, é a vida, né?!
Destaque Extensionista Técnico Administrativo: Alice Lameira Farias
Alice Lameira Farias é Técnica Administrativa em Educação na UFSM desde 2012, atualmente é Coordenadora da Secretaria Integrada dos Cursos de Graduação do CCSH. Possui graduação em Matemática pela UFSM e é mestre em Tecnologias Educacionais em Rede pela mesma Instituição.
Defensora e militante das causas em prol dos direitos das Crianças e Adolescentes, participou de diversas ações relacionadas à adoção e à crianças em acolhimento, como o Dia do Encontro, Projeto Apadrinhar, vídeos de busca ativa e famílias acolhedoras. Alice é Sócia fundadora e voluntária do Grupo de Apoio e Incentivo à Adoção de Santa Maria/GAIA-SM, desde 2015.
Em 2013, após a tragédia da boate Kiss, ingressou pela primeira vez em um projeto de extensão, na “Assessoria de Formação e Controles Internos para a Associação dos Familiares de Vítimas e de Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria”. Em 2019, junto com mais 2 servidoras da UFSM foi uma das idealizadoras do Projeto de Extensão “Esperançando”, atuando como Coordenadora desde de 2020. O projeto Esperançando tem como objetivo fomentar uma rede de apoio e cooperação para auxiliar os jovens que, ao completarem os 18 anos, precisam deixar as instituições de acolhimento onde moram.
1) Primeiro, gostaria que a senhora falasse sobre sua atuação profissional e a que você atribui a premiação.
Ingressei como Técnica Administrativa em Educação na UFSM em setembro de 2012. Em 2013, após a tragédia da Boate Kiss, tive a primeira experiência em um projeto de extensão junto com os professores Sergio e Lucia Madruga, na Assessoria de Formação e Controles Internos para a Associação dos Familiares de Vítimas e de Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria. De 2013 a 2019, fiz parte da comissão organizadora das Semanas Acadêmicas Integradas dos Cursos de Administração e Ciências Contábeis. De 2016 a 2019, participei do projeto de extensão Adote Ação Politécnico. Atuo como voluntária no Grupo de Apoio e Incentivo à Adoção de Santa Maria, o qual mantém convênio de parceria com o Observatório de Direitos Humanos da UFSM. Atribuo a premiação destaque extensionista em 2022 ao projeto Esperançando, em que atuo desde sua criação em 2019 e estou como Coordenadora desde 2020.
Um pouco sobre o Esperançando: em 2019, junto com mais 2 servidoras da UFSM, fui uma das idealizadoras do Projeto de Extensão “Esperançando”, atuando como Coordenadora desde 2020. Projeto esse que tem como objetivo fomentar uma rede de apoio e cooperação para auxiliar os jovens que, ao completarem os 18 anos, precisam deixar as instituições de acolhimento onde moram. Procurando prepará-los para enfrentar as diversidades da vida, contribuindo para que se apropriem de seus espaços na sociedade, oportunizando para que consigam se estabelecer de maneira autônoma, livre e consciente de seus direitos e responsabilidades. Desde o seu início, o Esperançando tem realizado inúmeras ações voltadas aos adolescentes em situação de acolhimento institucional. Essas ações são organizadas em quatro eixos norteadores: Renda, Educação, Cidadania e Moradia. Esses eixos têm por objetivo identificar, sistematizar e planejar ações para atender as demandas dos adolescentes em transição para a vida pós-acolhimento.
2) Pode comentar sobre o quão importante é receber esse reconhecimento para você, enquanto profissional?
Essa premiação significa um grande reconhecimento pelo trabalho realizado não só por mim, mas também por toda a equipe de colegas, alunos e de voluntários que compõem a equipe do Esperançando. Essa premiação também tem uma grande importância para a divulgação do Esperançando, pois consideramos que um dos objetivos fundamentais do projeto é conscientizar a sociedade sobre a importância de oferecer oportunidades de capacitação, estudo e emprego para esses os jovens. Mostrar a todos que eles são capazes de mudar o rumo de suas vidas. Por mais difícil que tenham sido suas histórias e seu passado, o futuro pode ser muito melhor se construído por eles com o apoio da sociedade e do Esperançando.
3) De que forma você avalia a relevância da UFSM em sua trajetória e nesta premiação?
Me sinto extremamente feliz e agradecida por ter a oportunidade de trabalhar em uma instituição como a UFSM, que, além de me proporcionar aprendizagem profissional e acadêmica, também me proporciona a oportunidade de desenvolver atividades de extensão. Atividades de extrema importância que articulam a prática do conhecimento científico do ensino e da pesquisa com as necessidades da comunidade, contribuindo para a transformação da sociedade e construção de um mundo melhor.
Destaque Extensionista Comunidade – Luiz Antonio Loretto
Luiz Antonio Loretto, conhecido como Mestre Militar Capoeira, tem 49 anos, sendo 33 de dedicação à capoeira. É presidente da Associação De Capoeira De Rua Berimbau, com sede em Santa Maria e filiais em 13 cidades do Brasil e duas na Argentina. Através da Capoeira, participou de Projetos de Extensão na Educação Física da UFSM de 1996 a 2000, e também ajudou alunos que desenvolveram trabalhos de extensão pelo Centro de Artes e Letras com a execução da arte de Maculelê.
Além de capoeirista, é agente comunitário, realizando trabalhos sociais em várias comunidades. Em 2016 tornou- se presidente da Associação de Moradores Dom Ivo, onde ministra até hoje, voluntariamente, aulas de capoeira. Sua primeira ação como presidente da Associação foi a criação da Horta Comunitária, com apoio do Programa de Extensão “Hortas Comunitárias em Santa Maria – Segurança alimentar e economia solidária” da UFSM.
Além disso, tem destaque na questão ambiental, com realizações como a construção do Relógio Biológico de Plantas Medicinais, em parceria com a UBS Maringá; compostagem na horta dos resíduos orgânicos das famílias envolvidas; educação socioambiental das 47 crianças e adolescentes participantes das aulas de capoeira, que ministra na sede da AMDIL, pela Associação Capoeira de Rua Berimbau e a recuperação de área de preservação permanente que circunda o Residencial Dom Ivo, com a implantação de um sistema de agrofloresta. Seu ativismo social é comprometido com a educação popular, inclusão social, geração de renda por meio da economia solidária e defesa ambiental sustentável e por ser um ator social fundamental na parceria entre a UFSM e a sociedade para construção de uma política municipal de agricultura urbana e periurbana.
1) Primeiro, gostaria que o senhor falasse sobre sua atuação profissional e a que você atribui a premiação.
Esse prêmio, no meu entender, é fruto do trabalho coletivo que a gente faz dentro dos grupos em que atuamos, seja da horta ou da capoeira, sempre junto com os programas de pesquisa e extensão da Universidade. Essa parceria sempre foi boa dentro das entidades que eu participo. Eu sou presidente do Loteamento Dom Ivo, coordenador da Horta Comunitária e também sou presidente da Associação Capoeira de Rua Berimbau, que da mesma forma promove um trabalho junto com a comunidade. Já participei do programa de pesquisa e extensão da Universidade Federal de Santa Maria de 1996 a 2000 no curso de Educação Física com a capoeira. Então, essa marca extensionista sempre esteve comigo, eu sempre soube que a universidade era uma parceira potencial e excelente, que poderia estar ajudando as comunidades que nós trabalhávamos. Como nosso trabalho sempre foi filantrópico, tanto da capoeira, quanto da associação, quanto da horta, a gente depende desse apoio da Universidade, que tem o poder técnico para ajudar todas as comunidades. Como eu estou à frente, o prêmio acaba vindo para mim, mas eu vou oferecer para todo o coletivo que engloba a horta, a capoeira e a associação.
2) Pode comentar sobre o quão importante é receber esse reconhecimento para você, enquanto profissional?
Eu fui pego de surpresa. O prêmio é importante para reconhecer o trabalho de todo mundo que está na comunidade e que desenvolve o trabalho voluntário, porque nós não recebemos nada financeiramente, fazemos pela nossa ideologia e para ajudar a melhorar a nossa comunidade, o nosso planeta. Também, é sempre bom a gente ser lembrado pelas coisas boas que fazemos e porque esse legado fica para os próximos e as próximas administrações que estiverem dentro das associações.
3) De que forma você avalia a importância da UFSM em sua trajetória e nesta premiação?
Ela tem uma importância fundamental porque eu entrei na Universidade e acabei não podendo terminar por “n” motivos. Mas logo eu entrei em um projeto de pesquisa e extensão na área da Matemática e acabei indo fazer um projeto na Educação Física. Eu vi o quão importante era a Universidade dentro das comunidades, se desfazia aquele mito de muros invisíveis. A Universidade hoje representa tudo para mim dentro dessa premiação. Foi dentro da Universidade que eu aprimorei muitas coisas que eu já fazia como capoeirista e acabei levando para as comunidades. Então, a UFSM tem um papel fundamental na minha vida e uma importância muito relevante para toda Santa Maria. Ela é uma entidade fundamental hoje dentro da nossa sociedade.
Entrevistas: Ana Laura Iwai, Laurent Keller e Pedro Pereira, acadêmicos de Jornalismo e bolsistas da Agência de Notícias
Fotos: Ana Alícia Flores Ponteli, acadêmica de Desenho Industrial e bolsita da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista