Na manhã de quarta-feira, 19, aconteceu o café da manhã “Linha do Tempo – Etnias de Santa Maria”. O evento foi promovido pelo Comitê de Identidades e Recursos Culturais do Distrito Criativo Centro-Gare e tinha como objetivo apresentar etnias que compõem a cidade, ajudando na compreensão da pluralidade histórica do município e de sua população.
Na ocasião, 5 pesquisadores foram convidados para expor e compartilhar conhecimentos sobre as etnias, visando criar linhas do tempo da história de Santa Maria. São elas: negra, indígena, italiana, alemã e judaica. A proposta é que, a partir desses diálogos e reflexões, sejam desenvolvidas 3 linhas de tempo: uma relacionada a aspectos arquitetônicos, outra com foco em elementos culturais e uma terceira tendo como base os aspectos sociais.
O evento iniciou com a fala do diretor do Clube Treze De Maio, João Heitor Silva Macedo, que contou a história dos imigrantes indígenas e negros que viviam em Santa Maria quando a população local não passava dos nove mil habitantes. Ressaltou, em sua fala, que a comunidade negra sempre esteve presente no município, porém, em muitos momentos, teve sua história apagada dos registros. João destacou a importância de espaços de diálogo que sejam formativos, ricos de experiências e conhecimentos diversos, possibilitando que as abordagens sobre os temas tenham perspectivas diferentes, o que contribui para a “construção de uma identidade coletiva que é emancipadora e criativa”.
Em seguida, o professor dos Programas de Pós-Graduação em História e do Mestrado Profissional em Ensino de História da UFSM, Jorge Luiz da Cunha, falou sobre a etnia alemã. Ele destacou a importância da recuperação da memória das imigrações do povo, relembrando as primeiras famílias que vieram à cidade e recordou que um dos motivos para a vinda foi o branqueamento da população. O professor destacou a importância de ressignificar esses momentos e da necessidade do respeito a todas as etnias. “Todos nós podemos ressignificar nossas relações. Nossas diferenças estimulam nossos diálogos”, enfatizou.
Jorge Alberto Soares Cruz, professor do Mestrado em Patrimônio Cultural da UFSM, falou a respeito da etnia italiana. Apresentou fatos e dados sobre a imigração do povo, a centralização das primeiras comunidades na região central do estado e formação da Quarta Colônia. Jorge Alberto também destacou a importância cultural da presença da etnia italiana, visível através de linguagens, comidas típicas e comércios, dos quais alguns existem até hoje. Lembrou, também, a importância dos imigrantes na demarcação da linha férrea da região.
Por fim, a professora do Programa de Pós-Graduação em História e do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural da UFSM, Marta Rosa Borin, falou a respeito da etnia judaica, ressaltando que mesmo dentro de um mesmo grupo étnico existem diferenças que devem ser respeitadas. A professora também destacou a importância dessa imigração para a cidade, mas que, por mais que a comunidade resida aqui há muitos anos, ainda não tem o devido espaço para seus costumes e tradições, visível, por exemplo, na falta de um restaurante especializado na sua comida.
Flavi Ferreira Lisboa Filho, pró-reitor de Extensão da UFSM e membro do Comitê de Identidades e Recursos Culturais, destaca a importância da discussão do tema para o Distrito Criativo que, mais do que apenas uma marcação territorial, é um projeto de valorização e requalificação do centro histórico de Santa Maria, reconhecendo história, pessoas e empreendimentos da região. “Temos realizado diversas atividades formativas para mostrar a pluralidade presente na cultura de Santa Maria. Essa é uma grande riqueza que deve ser valorizada nessa jornada para o desenvolvimento da cidade pelo viés da economia criativa. Ao entendermos mais sobre o nosso passado podemos traçar melhor os rumos do nosso futuro”, destaca.
Estiveram presentes no evento representantes da Universidade Federal de Santa Maria, de Comitês do Distrito Criativo Centro-Gare, o Vice-Prefeito de Santa Maria, Rodrigo Décimo, e demais convidados.
UFSM e Distrito Criativo
A Universidade Federal de Santa Maria tem atuado de forma direta no projeto do Distrito Criativo Centro-Gare, iniciativa que visa à revitalização do centro histórico do município. Na Instituição são promovidos seminários sobre o tema, participação em eventos da área, além de editais de apoio para o desenvolvimento de iniciativas voltadas ao Distrito Criativo.
Flavi ainda explica que a UFSM também contribui na gestão da iniciativa, integrando todos os comitês que balizam a atuação do Distrito Criativo e a governança do projeto. “O Distrito Criativo abre diversas possibilidades para se empreender na área da economia criativa no município. Ao mesmo tempo em que há um investimento por parte do poder público municipal na revitalização e requalificação deste espaço da cidade, inclusive em termos de investimento de infraestrutura, existe, também, um incentivo para que haja mais empreendimentos e se valorizem ações na área da economia criativa”, explica.
Texto: Tatiane Paumam, acadêmica de jornalismo e voluntária da Agência de Noticias
Fotos: João Alves/PMSM
Edição: Mariana Henriques