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Pesquisadores publicam trabalho sobre o estresse em estudantes durante o ensino superior

O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da UFSM e Ufrgs



Uma pesquisa vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFSM foi publicada, em formato de artigo, no periódico Trends in Psychiatry and Psychotherapy, uma revista multidisciplinar de publicação rápida de artigos de pesquisa. O artigo apresenta os resultados da tradução, adaptação cultural e validação para o português de um instrumento conhecido como Higher Education Stress Inventory (Hesi), uma ferramenta de mensuração de estressores no ambiente universitário. O estudo faz parte do projeto “Monitoring the evolution of posttraumatic symptomatology, depression and anxiety during the Covid-19 pandemic in Brazilians (Covid-Psiq)”.

Intitulado Translation, cultural adaptation, and validation of the Brazilian Portuguese version of the Higher Education Stress Inventory (Hesi-Br), o artigo explica, por meio da base teórica, que os estressores se originam de fatores adversos que ameaçam a homeostase – o equilíbrio complexo e dinâmico mantido em todos os organismos vivos. Um dos autores do artigo, o professor João Pedro Gonçalves Pacheco, do Departamento de Neuropsiquiatria da UFSM, destaca a relevância da pesquisa e diz que ela é “o ponto de início para o estudo de associações do estresse com outras variáveis, permitindo identificar estudantes com maior risco de estresse e sofrimento psíquico, bem como permitir ações institucionais conforme o grau de risco com foco na prevenção, tratamento, triagem e promoção de saúde mental”. O professor ressalta ainda a importância acadêmica, visto que, dessa forma, o estresse entre os universitários pode ser pesquisado de forma quantitativa.

O estudo foi aplicado através de um questionário online e permitiu a participação de todos os universitários brasileiros. A versão piloto contou com respostas de 36 estudantes e a versão final com 1.021 respostas. Todos os envolvidos fizeram parte do estudo de forma voluntária. Os critérios de participação foram: ser brasileiro nato ou residente em território brasileiro; ser maior de 18 anos; ter acesso a equipamentos digitais; ser alfabetizado; e ser um estudante universitário. A aplicação do questionário teve duração de, aproximadamente, 11 meses. E a pesquisa completa teve duração de 3 anos.

O professor João Pedro conta que o estudo surgiu da necessidade de traduzir, adaptar e validar a escala Hesi. “Essa percepção veio da constatação de que o estresse psicológico é alto entre universitários no mundo e potencialmente mais alto em países de média e baixa renda, como o Brasil”, comenta. Além disso, os estudantes universitários brasileiros são afetados por outros fatores socioeconômicos, como menor renda e maior discriminação, o que aumenta ainda mais a estimativa de estresse. O professor relata que há no Brasil muitas pesquisas na área de saúde mental, mas a maioria com abordagem observacional. “Há poucas pesquisas sobre estresse estudantil, e nenhuma até o momento utilizando a escala Hesi”, diz. O artigo revela, por exemplo, que o início do primeiro transtorno mental em 62,5% dos indivíduos acontece antes dos 25 anos, o que evidencia a necessidade de estudo de estressores na população universitária.

Os resultados da pesquisa mostram que o modelo final da ferramenta Hesi-Br deve ser composto por cinco fatores: insatisfação com a carreira, deficiências do corpo docente, alta carga de trabalho, preocupações financeiras e ambiente de aprendizagem tóxico. A confiabilidade interna dos fatores foi avaliada como aceitável. O professor João Pedro comenta: “os resultados demonstram que o Hesi-Br é um instrumento multidimensional confiável e invariante para a avaliação de estressores em universitários no Brasil, o que sustenta a realização de pesquisas com o instrumento”.

Da UFSM fazem parte da pesquisa os professores João Pedro Gonçalves Pacheco, Mauricio Scopel Hoffmann e Vitor Crestani Calegaro, a estudante de Medicina Luiza Elizabete Braun, a estudante de Psicologia Isabella Poletto Medeiros e a representante do Coordenadoria de Ações Educacionais (Caed) Damaris Casarotto. Da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), participa a professora Simone Hauck. A pesquisa conta, também, com a participação do médico e estudante de doutorado na Erasmus University Fabio Porru e do membro externo Michael Herlo.

Texto: Gabriela Leandro, acadêmica de jornalismo e voluntária da Agência de Notícias

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