Na última terça-feira (19), iniciou-se a instalação de uma parada de ônibus com painel solar, localizada no campus sede da UFSM, na Avenida Roraima, perto das agências bancárias. Quando concluída, a parada gerará e distribuirá energia de forma sustentável e sem custos. Além da placa solar com potência de 360 W (cuja dimensão é de 2 m x 1 m), o projeto engloba ainda duas lâmpadas e dois carregadores USB. Estima-se que o pico de geração mensal da placa seja de 35 kWh e que as lâmpadas e carregadores consumam em média 10 kWh, com 20 a 25 kWh de devolução por mês para a rede elétrica. A inauguração está prevista para a próxima semana.
Desenvolvimento sustentável – A iniciativa é do professor Carlos Félix – docente do Departamento de Transportes do Centro de Tecnologia da UFSM, onde coordena o Grupo de Estudos em Mobilidade – e do Instituto TodaVida, organização não governamental (ONG) de Porto Alegre, que realiza seminários, cursos e projetos socioambientais, a fim de contribuir com a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Por integrar o conselho da ONG, Carlos pediu que a instalação da parada solar (antes prevista para Porto Alegre) fosse no campus da UFSM. Após a aceitação do instituto e da universidade, o engenheiro eletricista Max Braunstein e o arquiteto Alberto Wolle, ambos da Pró-Reitoria de Infraestrutura, ficaram responsáveis pela realização da obra. Esta não teve custos nem para a UFSM, nem para a entidade, pois a última participou de um edital do Fundo Casa, apoiada pelo Fundo Gagga (Global Alliance for Green and Gender Action), e conquistou o financiamento.
Segundo Lígia Miranda, engenheira de transportes e presidente do TodaVida, ações como essa visam a contribuir para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). O projeto da parada solar relaciona-se com o objetivo 11, de tornar as cidades e comunidades mais sustentáveis, e o objetivo 7, de garantir energia limpa para todos. De acordo com Lígia, a tendência do transporte coletivo é a eletromobilidade, é transformar todos os carros e ônibus em elétricos, mas questiona: “para isso, de onde virá a energia para carregá-los?”. Segundo ela, não adianta existir essa inovação se a fonte de energia vier de uma termoelétrica, por exemplo. São os painéis fotovoltaicos, como o da parada solar, que garantiriam uma energia limpa.
Inovação – Diferente da maioria das paradas solares, a da UFSM será on grid, isto é, além de gerar a energia necessária para o seu funcionamento, gera também um excedente que é devolvido à rede. Esse excedente é a diferença do que ela gerou e do que consumiu. Segundo Lígia, no mundo todo, é mais comum a instalação de paradas solares de ônibus off grid, ou seja, com bateria. “A nossa, não. Ela devolve a energia para a rede, aquilo que não foi consumido”, explica.
Possibilidades – A partir dessa ação, diversas outras podem ser desencadeadas. Para o professor Carlos, no futuro a universidade poderá aprimorar a parada solar com a instalação de câmara e aparelho de TV, para que os alunos possam ver os horários do ônibus, dentre outras opções. “Ela vai prover uma série de situações que são ótimas, vai servir para estudos, para relatórios, para carregar o celular”, afirma.
Ademais, ele espera que, dentro de um padrão proposto pela própria universidade, previsto em seu plano de desenvolvimento, possa-se ter cada vez mais paradas solares, com esta primeira como modelo. E vai além: deseja que a própria cidade de Santa Maria possa se espelhar neste projeto padrão, com o intuito de mais pessoas aproveitarem e conhecerem uma energia limpa e sustentável e “para que a UFSM tenha mais e mais oportunidades de expor produtos tecnologicamente superiores como esse”, almeja.
Texto: Gabrielle Pillon, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Lucas Casali