Um projeto desenvolvido há quatro anos pelo técnico do Hospital Universitário de Santa Maria, Marion Silva da Silva, busca a produção de órteses e próteses a partir de materiais reciclados. Tratam-se de recursos de Tecnologia Assistiva (TA), que servem como auxílios de locomoção para pessoas com deficiência.
Atualmente, a ação é realizada junto ao Colégio Técnico Industrial (CTISM) como um projeto de pesquisa, orientado pelo professor Luciano Caldeira Vilanova e coorientado pela professora Leila Maria Araújo Santos.
A ideia iniciou quando Marion trabalhava como técnico em radioterapia no HUSM. No dia-a dia do trabalho com as máscaras de termoplástico, utilizadas para fixar os pacientes que fazem tratamento na cabeça e pescoço – descartadas ao final dos tratamentos – ,fez com que ele iniciasse a ideia de reciclagem e produção de órteses e próteses. De acordo com o profissional, foram quatro anos utilizando recursos próprios, até o início da parceria com o CTISM. Hoje a iniciativa também é o projeto de mestrado de Marion.
Segundo a professora Leila Maria Araújo Santos, o uso de termoplásticos para a confecção de órteses é muito recomendado pelas vantagens oferecidas e seus benefícios e já eram relatados no final da década de 1930. A capacidade plástica destes materiais, quando aquecidos, garante amplas possibilidades na confecção da órtese, além de excelente resistência mecânica e facilitação da higiene no uso do equipamento, evitando a formação de lesões na pele e o mau cheiro pela proliferação de microorganismos.
Além do fato de diminuir o custo da fabricação das órteses, o projeto também busca contribuir para minimizar o impacto ambiental causado pelo descarte do material termoplástico, que é descartado em todo país. Busca também a inserção da produção no conceito de Ecologia Industrial (EI). Segundo a professora, Leila a reutilização sistemática de materiais e resíduos como uma relevante contribuição para reduzir a necessidade de extração de matérias-primas, mitigando os impactos ambientais, e ainda agregando valor social na sua utilização e desenvolvimento de tecnologias e produtos.
O desenvolvimento do projeto significa para o HUSM uma economia substancial de recursos, visto que as máscaras são importadas a um custo elevado e são descartadas diariamente após o uso. Com a possibilidade do material ser reciclado e transformado em próteses e órteses, com o custo muito baixo, é possível até mesmo aumentar o número de pessoas atendidas por esse tipo de tecnologia assistiva.
Reportagem: Caline Gambin, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias da UFSM
Edição: Davi Pereira