A statice, também conhecida como flor seca ou sempre viva, tem produção de setembro a dezembro. Fora desta época, o produtor não consegue produzir a flor no Rio Grande do Sul (ela não floresce no campo). Para tentar produzir a espécie para o Dia das Mães deste ano, a Equipe PhenoGlad da UFSM, em parceria com a Emater/RS-Ascar, vai conduzir um trabalho inédito em produtores de cinco municípios gaúchos (Cachoeira do Sul, Ivoti, Rio Pardo, Santa Maria e Vale Verde) para testar uma tecnologia de produção da statice na entressafra, seguindo uma técnica internacional moderna de pesquisa denominada “pesquisa on farm“, que significa fazer o estudo diretamente na propriedade de agricultores, para que os resultados possam ser aplicados a outros produtores.
As mudas de statice foram preparadas na UFSM durante o mês de janeiro e o primeiro plantio foi no dia 10 de fevereiro, em Ivoti, a Cidade das Flores, no Vale do Caí, na propriedade de Laerte José Corrêa da Silva, produtor de flores e vice-presidente da Associação Rio-Grandense de Floricultura (Aflori), entidade que apoia o projeto. No dia 13, o plantio foi em Cachoeira do Sul, na propriedade da família de Diesser Artier Mota, e em Santa Maria, na propriedade da família do Milton Cauzzo. O plantio nos outros dois municípios ocorre nesta segunda-feira (17), na propriedade de Onira dos Santos Silva, em Rio Pardo, e na propriedade de Paulino Toiller, em Vale Verde. Cada produtor irá conduzir o cultivo da flor aplicando seu manejo e nível tecnológico. Com isso, a tecnologia será testada em cinco municípios com condições edafoclimáticas diferentes e com o manejo específico de cada produtor.
Segundo o professor Nereu Augusto Streck, da Equipe PhenoGlad na UFSM, a statice está sendo estudada para ser introduzida no projeto Flores para Todos, pois reúne características como fácil cultivo, baixo custo de produção e ótima aceitação pelo consumidor. “Nos dois anos do projeto Flores para Todos (2018 e 2019), utilizamos com sucesso o gladíolo como flor de corte para aumentar a renda de 67 famílias em 55 municípios dos três estados do Sul do Brasil, mas desde a primeira fase do projeto (cultivo para o Dia das Mães 2018) já vínhamos tendo a demanda de extensionistas e agricultores para termos mais espécies de flores para o projeto”, comenta Streck. Por isso, a Equipe PhenoGlad iniciou os estudos com a statice em 2019 e agora, em 2020, está intensificando os estudos com esta flor. “Se conseguirmos produzir ela para o Dia das Mães este ano, será um fato inédito no Brasil e vai ajudar o agricultor a ter mais renda”, afirma.
Sobre a participação dos extensionistas da Emater no estudo, o professor Nereu destaca que eles terão um papel muito importante e inovador. “Quando a pesquisa é feita diretamente no produtor e com a participação do extensionista, a ponte para levar a informação gerada pela pesquisa até o produtor já está construída”, explica. “Tanto os fracassos como os sucessos que se tem durante a pesquisa já ficam disponíveis aos produtores, e assim, aumentamos a eficiência e reduzimos o tempo para os resultados chegarem no produtor”, comenta. “Em tempos de escassez de recursos e altas demandas da sociedade por resultados, precisamos inovar na forma como fazemos pesquisa aplicada”, conclui.
Além deste, outros estudos com statice serão realizados pelas Equipes PhenoGlad no RS e SC durante 2020 para desenvolver tecnologias viáveis ao produtor e introduzir a espécie no projeto Flores para Todos, com o objetivo de aumentar a renda de agricultores familiares.
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