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Detalhes monumentais



 

Além dos característicos prédios da universidade, além do diagrama de ruas, além de muitos itens que compõem o espaço físico da UFSM, há também detalhes que deixam mais simbólicos todos esses elementos no campus: os monumentos. Cada monumento tem uma história para contar e deixar sua marca na estética da universidade.

O professor aposentado do Centro de Artes e Letras (CAL) e artista plástico, Juan Amoretti, é o autor de grande parte dos monumentos distribuídos no campus da universidade. Em sua casa, repleta de obras, ele falou sobre cada monumento e seus valores simbólicos.

Amoretti chegou a Santa Maria em 1974, e começou a trabalhar na Editora Rainha com o Padre Lauro Trevisan, sendo o primeiro emprego de Amoretti aqui no Brasil. Depois lhe apresentaram a oportunidade de trabalhar na universidade. Ele soube através do doutor Juarez Folheatto, que precisavam de um professor de Artes na universidade, especialmente de Desenho.

Amoretti apresentou currículo e foi aceito. Era um currículo muito vasto, tinha bastante conhecimento, e a UFSM precisava de um professor que morasse em Santa Maria, pois os professores que estavam dando aula eram de Porto Alegre, e às vezes por algum problema de doença não vinham. Por isso, os alunos perdiam as aulas.

Antes de vir para o Brasil, Amoretti trabalhou em Lima, no Peru, com Publicidade. Depois, no Ministério de Educação como desenhista, fazendo cenários e maquetes. Em seguida, trabalhou no Museu, junto ao Ministério, como auxiliar de restaurador.

Os trabalhos de Juan Amoretti

O primeiro convite para a criação dos monumentos foi do então reitor Tabajara Gaúcho da Costa. Havia uma caixa preta, onde era espaço de muitas pichações por parte dos alunos. A pedido do reitor, o espaço seria destinado à pintura ou escultura.

Segundo Amoretti, para a realização da obra do CAL, ele não se inspirou em nenhum artista. “Sempre gostei de enfrentar desafios e esse foi um grande desafio, pois quando eu cheguei até o reitor com o projeto que foi aprovado, não tinha tintas, não tinha andaime, não tinha nada”, lembra o artista.

Na universidade, o professor Amoretti fez notáveis trabalhos como: o mural em torno do Caixa Preta, a fachada do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), o do Centro de Tecnologia, que se chama a Captura do Átomo. “A pedido do professor Mariano da Rocha, ajudei a produzir o relógio solar dos Incas, que está junto dos outros relógios solares fora do Planetário”, acrescenta Amoretti.

Recentemente, Amoretti concluiu a bússola, que está próxima à rótula na Avenida Roraima, e foi construída a pedido do reitor Clóvis Silva Lima. “Eu fiz a bússola que tem uns 7 metros de altura, uma escultura de concreto muito bem armado, revestido de mosaico, que seriam os azulejos”, explica o artista.

O mural do Caixa Preta

Segundo Amoretti, o mural do Caixa Preta pode ser divido em partes. A primeira parte representa a natureza viva, verde, os pássaros, as aves, a piracema, os macacos, o paraíso América. A segunda parte traz os espanhóis, que aparecem de forma descolonizada, com suas armaduras, evidenciando que eles não eram pessoas cultas, eram ex-prisioneiros. Eles são conduzidos por Francisco Pizarro, que parece estar montado em um cavalo, mas ele faz parte do cavalo. Na representação, os Incas se assustaram com essa visão, pois o cavalheiro e o cavalo eram uma pessoa só. “Todo mundo acha normal ele estar montado no cavalo, mas ele não está montado, ele faz parte do cavalo, essa é a visão do Inca, como se ele fosse uma peça só”, diz Amoretti.

 

 

Os incas se assustaram com o fogo, pois eles não o conheciam. Da boca do cavalo, sai uma chama de fogo em forma de cruz, sendo um sinal de destruição como as Cruzadas. Nessa parte, está representado o Inca e a esposa dele, que seriam os fundadores do império incaico, sendo dizimados pelo fogo.

“Aí veio a minha contribuição, como representar o surgimento do homem das cinzas? Então, eu coloquei uma figura humana, desenhei um homem sentado meio queimado pelo fogo, olhando para o sol, pois ele era considerado pelos Incas um deus, já que ele dá a vida, dá a energia. E por fim a ideia do renascimento, o ser humano com asas, eu gostaria que todo o ser humano pudesse ter asas, para ir longe, ir para onde ele quiser. Mais embaixo, está a Cordilheira do Andes, que sempre me acompanhou durante toda a vida”, relata Amoretti.

A fachada do Hospital Universitário (HUSM)

“O sol e a lua estão de perfil, representando o homem e a mulher”, explica Amoretti. Na parte central, está o cérebro que simboliza as ideias. O lado direito do mural inicia com a fecundação do óvulo pelo espermatozoide.

A segunda figura é um peixe, pois o artista mostra que a gestação do ser humano se dá na água, representando-o com um peixe e, dentro dele, a figura de um bebe. O coração é a terceira peça pelo lado direito, composto pelos quatro ventrículos, nos quais há asas, simbolizando quatro pássaros, que dão a forma do coração.

A quarta figura são os pulmões, que têm a forma de uma borboleta, porque a traqueia e os pulmões estão como a asa da borboleta. Ela termina com os pássaros que representam os pés. 

O lado esquerdo traz as mãos; o nariz que seria os aromas, os olhos que têm forma de dois peixes; as orelhas que seriam os sons, e a boca, com o formato de pássaro. Abaixo, você pode navegar pelo esboço dos desenhos criados para a obra na fachada do Hospital Universitário (HUSM).

 

A bússula na avenida Roraima

A bússola está apoiada numa base que tem cinco cores, representando o continente. Na parte de cima, ela tem vários rostos, que para o autor representa uma característica da Universidade. “Uma orientadora de conhecimento, de quem vai em busca de algo desconhecido. Ela tem vários olhos, vários narizes e uma boca, vários cabelos. O cabelo encaracolado é do negro, o meio ondulado é do mestiço e o reto é do índio.  Então, eu mostro que a bússola representa a orientação de uma universidade”, explica Amoretti.

Além das obras distribuídas em locais do campus da UFSM, o professor tem trabalhos expostos em casas da cidade com obras feitas para particulares, também no hall do Clube Recreativo Dores; um mural no prédio da CACISM e, na rótula da Avenida Nossa Senhora das Dores, está a escultura com 12 metros de metal, que representa o vencedor, o idealista.

Repórteres:

Pamela Cezar e Leonardo Cortes – Acadêmicos de Jornalismo.

Edição:

Lucas Durr Missau.

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