Pesquisa conduzida por Leonardo Kerber, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM), Francisco Ricardo Negri, da Universidade Federal do Acre, e Daniela Sanfelice, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, apresenta nova perspetiva sobre parentes das capivaras viveram há cerca de 10 milhões de anos na Amazônia.
Durante o Mioceno da América do Sul (23 a 5 milhões de anos atrás), os roedores caviomorfos (capivara, porco-da-índia, chinchila e porco-espinho) eram muito mais diversos em formas e tamanhos corporais do que os seus parentes de agora. Para efeito de comparação, a capivara, maior animal deste grupo, pesa, em média, 60 kg. Já os parentes do Mioceno passavam dos 500 kg e que atingiam o tamanho de um boi.
Entre estes roedores, destacam-se os pertencentes ao grupo dos Neopiblemidae. Um deles era o Neoepiblema, que pesava em torno de 86 Kg a 151 Kg e viveu na região amazônica há cerca de 10 milhões de anos em ambientes pantanosos que ali existiam antes do surgimento de uma das maiores floresta do mundo.
Estudo recentemente publicado no periódico estadunidense Journal of Vertebrate Paleontology por Leonardo Kerber, Francisco Negri e Daniela Sanfelice observou a diversidade de espécies de Neoepiblema durante o Mioceno da América do Sul a partir da morfologia dentária destes animais, e constatou que existiam duas espécies deste roedor.
Uma delas é Neoepiblema acreensis, espécie endêmica da região amazônica do Brasil, descrita em 1990 – havia sido considerada inválida, e agora, a partir de novos dados, passou a ter validade. Além de Neoepiblema acreensis, novas espécies de roedores, tal como Potamarchus adamiae, Pseudopotamarchus villanuevai e Ferigolomys pacarana, têm sido descritas a partir fósseis encontrados no Acre.
Para os pesquisadores, os registros, tanto das espécies conhecidas como das novas, documentam a diversidade extinta e demonstram um grande endemismo da biota amazônica, antes mesmo do surgimento dos ecossistemas modernos. Os dados também ajudam a entender como a vida se desenvolveu naquela região, mostrando como a biodiversidade evoluiu e se extinguiu ao longo dos últimos milhões de anos.
Com informações do Cappa/UFSM