Em frente, a
construção datada de 1908, com arquitetura de estilo neoclássico, rica em
detalhes e com a fachada perfeitamente intacta. A inscrição gravada em caixa
alta, logo na entrada, indica que ali fora o “Collegio Bom Conselho”. Mantido
até a década de 1980 pelas irmãs do Imaculado Coração de Maria, funcionava como
internato para meninas e também externato para meninos. Depois disso, tornou-se
colégio estadual, museu da cidade, biblioteca municipal e até sede da Unidade
Descentralizada de Ensino Superior de Silveira Martins (UDESSM). Hoje, além de
ser patrimônio histórico, o prédio também fará parte da história da UFSM, onde
um projeto inovador será realizado.
Ao lado, uma antiga capela.
Único imóvel do qual as irmãs não abrem mão. Pode-se ver, atrás dela, um prédio
recentemente construído. Com um design inovador e 3.100 m², a construção é uma
das maiores e mais modernas obras da UFSM. Projetado inicialmente para receber
os alunos e cursos da UDESSM, o local agora se une ao histórico colégio para
receberem o “UFSM Silveira Martins”.
A proposta de criar
um órgão multidisciplinar de pesquisa e extensão surgiu quando a UDESSM
encerrou suas atividades, em 2016. Logo se formou a Comissão de Planejamento e
Uso, composta por docentes de várias áreas e também por técnico-administrativos.
Hoje o projeto reúne quatro centros de ensino – Centros de Artes e Letras (CAL),
de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), de Ciências Rurais (CCR) e de Ciências
Sociais e Humanas (CCSH) -, além do Colégio Politécnico e Colégio Técnico
Industrial de Santa Maria (CTISM).
De acordo com a
professora Lia Reiniger, uma das coordenadoras do UFSM Silveira Martins, a
ideia é utilizar o local para promover oficinas, eventos, reuniões, palestras e
exposições. “Considerando essa gama de atividades, hoje há 12 projetos
iniciais. Aqui não vai haver cursos regulares, no sentido de curso técnico ou
de graduação. Haverá cursos de formação continuada, que vão incluir os jovens
da região e alunos de pós-graduação”, explica.
A
professora Amanda Scherer, também coordenadora da proposta, ressalta que o
espaço não é restrito aos 12 projetos. A ideia é receber posteriormente outras
atividades, das mais variadas áreas de ensino. “É essa vontade de integrar que
está dando força e fazendo, de fato, um espaço multidisciplinar e diferenciado
para a Universidade”, comenta.
Os
fornos à lenha, salão de atos, grandes e médias salas e estacionamento retratam
a união do antigo e do moderno, que proporciona um ambiente diferenciado e
receptivo. Entre as atividades que serão desenvolvidas no local, as já
confirmadas são: Centro de Pesquisas William Blake & Acervo Michael Phillips
(CAL), Núcleo de Discussão e Criação de Literatura Fantástica (CAL), Centro de
Documentação e Memória (CAL), Arte#ocupasm (CAL), Espaço Dança (CAL), Espaço
Teatro (CAL), Espaço Gastronômico e Cozinha Social (CAL), Núcleo de Estudos da
Paisagem (CCNE), Estação Avançada para Estudos de Campo do Programa de
Pós-Graduação em Biodiversidade Animal (CCNE), Banco Público da
Agrobiodiversidade Crioula (CCR), Observatório Regional de Turismo (CCSH),
Cineclube Abelin (CCSH) e Videoteca nas Nuvens (CCSH).
Para o início das
atividades, algumas obras de restauração do antigo colégio precisam ser
concluídas, além de ajustes necessários na infraestrutura do prédio novo e na mobília.
O técnico-administrativo Carlinhos Michelin participa ativamente do processo de
reparação. Morador de Silveira Martins, ele considera o projeto como uma
oportunidade para o município. “O intuito é agregar três aspectos: costume, língua
e culinária, e fazer trabalho de resgate do patrimônio cultural e também
incentivo ao desenvolvimento. Entendemos que esses aspectos são os indutores do
turismo nessa região”, avalia.
A inauguração ocorrerá
entre dia 26 de novembro e 15 de dezembro. Nesse período haverá diversas
atividades, propostas pelos projetos que ali serão iniciados. A solenidade de
abertura será dia 1º de dezembro, às 17h30.
Texto e fotos:
Melissa Konzen, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Maurício Dias
