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Robôs e idosos: uma conexão que produzirá resultados



Robô, televisão, computador e Microsoft Kinect. Conectados entre si, os
aparelhos tecnológicos são utilizados para contribuir com o desenvolvimento de áreas
da robótica e da saúde. Juntos, os dispositivos são postos em prática pelo
mestrando Guilherme Garcia, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação. O objetivo do pesquisador é verificar se os robôs humanoides são capazes de motivar os idosos na prática de
exercícios físicos. Desenvolvido juntamente com um grupo de pesquisa, coordenado pelo professor Rodrigo Guerra, o trabalho é um passo importante
para a UFSM no desenvolvimento científico.

O que motivou Guilherme neste projeto foi o desejo de
aplicar a robótica em algo que pudesse, de alguma forma, beneficiar a
sociedade. A partir de observações e conversas relacionadas a idosos e
tecnologias, o grupo procurou estudos que corroboram com o tema refletido. Conforme
observa o professor Guilherme, é muito comum adiarmos a prática de exercícios
regulares quando visam o nosso bem-estar. Já quando a falta de
comprometimento com algo implica em consequências prejudiciais para o outro,
tendemos a pensar diferente e a nos motivar na realização da tarefa. Além
disso, já existem pesquisas sobre terapias que estimulam os idosos a cuidar de
algo, como animal de estimação ou planta, de modo que isso possa entretê-los.

A partir do encontro entre as duas observações, Guilherme debateu com o
grupo e surgiu a ideia de elaborar um projeto, ainda que de forma controlada e
artificial, que desenvolva a empatia entre idoso e robô. Desse modo, cientes de
que precisam praticar exercícios físicos para cuidar do robô, os idosos se sentirão mais motivados em realizá-los.
“Mesmo o idoso sabendo que aquilo não é necessariamente real, que é um jogo, a
gente imagina que ele vai entrar nessa brincadeira e vai se sentir mais
motivado”, comenta o professor.

Atualmente, há nove pessoas que participam do projeto, entre
professores, graduandos, fisioterapeutas e mestrandos. Todos realizam trabalho conjunto e contam com a colaboração da empresa
QironRobotics, que cedeu o robô
“Beo” e a tecnologia. Todos os participantes do projeto trabalham na
programação dos movimentos do robô, juntamente com Guilherme.

Como o projeto é executado

Num determinado momento do dia, a televisão é ligada através de um
sensor instalado no robô. Ele então cumprimenta o idoso e expressa fome ao
pedir as frutas que aparecem na tela da televisão. Isso ocorre devido a um jogo
instalado no computador, cujo cenário é uma árvore com vários frutos que servem
de alimento ao robô. A partir dos movimentos realizados pelo idoso, capturados pelo Kinect, o robô é alimentado. “Ao realizar o exercício para
pegar as frutas, o robô incentiva o idoso a continuar e agradece ao final”,
explica Guilherme.

As formas do robô demonstrar gratidão pelo alimento ou aborrecimento devido à fome podem variar de acordo com gestos, cores, sons e
até expressões faciais. O projeto ainda está na fase de experimentação, tanto dos
equipamentos utilizados, quando dos movimentos executados pelos idosos. Os exercícios
que os idosos deverão executar para alimentar o robô serão analisados
conjuntamente com grupo de estudantes e servidores da área da saúde da UFSM.
Há cuidado para que os idosos realizem os movimentos necessários à saúde e
que envolvam mais de um grupo muscular. “Tem
um lúdico do idoso de que ele está cuidando do robô e, na verdade, está
cuidando da própria saúde”, ressalta Rodrigo.

Além dessas funções, Guilherme comenta que o grupo trabalha no reconhecimento
e na interpretação da fala, tudo para propiciar a maior empatia entre o robô e o
idoso. Beo consegue interpretar e responder algumas frases. Mas o
tempo levado até o reconhecimento, interpretação e resposta ainda é longo, o
que se distancia de uma interação natural. Devido a esse fato, somado com a
questão de que o áudio do robô pode soar baixo, o reconhecimento de fala,
inicialmente, ainda será limitado
. Apesar
disso, com o avanço das tecnologias, o mestrando acredita que em pouco tempo
será possível desenvolver uma interação semelhante à de humanos.

Iniciado em março deste ano, o projeto ainda não foi testado e nem tem
data para ser comercializado. De acordo com o professor, ainda existe um longo
caminho de testes até ser definido exatamente o que e como o projeto
funcionará. Uma das formas para a sua melhor execução é a composição de um robô
projetado especialmente para este fim, composto por peças que melhor beneficiem
os idosos.

O futuro do uso da robótica

Foi com base em pesquisas observadas sobre o aumento da expectativa de
vida da população brasileira que a robótica é apresentada como uma solução para
preservar a qualidade de vida dos idosos.
Segundo estimativas do IBGE, além do número de idosos no Brasil triplicar
até 2050, a população brasileira está envelhecendo muito rapidamente.

Segundo destaca o professor, outros países bastante desenvolvidos em
termos de tecnologias já começaram a se preocupar com o novo quadro
populacional. Já no Brasil, o problema com o cuidado dos idosos ganha ainda
agravantes devido à precariedade dos sistemas de saúde e da previdência. Uma
das grandes questões que falta ao Brasil, conforme analisa Rodrigo, é
visualizar a importância de se investir em tecnologia. “Eles (outros países)
buscam, através das tecnologias, sair da crise. A gente não tem essa visão, é
um problema grave no Brasil”.

Entre as soluções apontadas pelo professor está o tratamento preventivo
realizado domiciliarmente. Contudo, faltam servidores para prestar visitas a
todos os pacientes de uma forma regular. É pelo uso das tecnologias que
esses atendimentos possam ser viabilizados. “É possível sim, através da
tecnologia, entrar na casa, na vida das pessoas e de alguma forma tentar ajudar
a possuir esse tratamento preventivo. Acho que a robótica entra aí também.
Talvez esse projeto seja um exemplo, mas existem outros”, destaca o professor,
que observa a popularização dos
smartphones
entre todos os níveis da população e o grande avanço nas tecnologias de visão
computacional.

Texto: Gabrielle Ineu Coradini, acadêmica de Jornalismo e bolsista da
Agência de Notícias

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