Em uma perspectiva histórica, a medicalização do parto é um fenômeno recente se comparado aos séculos de gestações acompanhadas pelo cuidado de outras mulheres. As parteiras são, além de referências em auxílio de partos, principalmente nas comunidades afastadas de centros urbanos, portadoras de conhecimentos sobre a saúde feminina como um todo. Esses saberes tradicionais ensinados e praticados através de gerações de mulheres são foco de diálogo, recuperação e visibilidade no 1º Encontro de Parteiras do Rio Grande do Sul, que será realizado no Espaço Multiuso da UFSM na sexta-feira (6), das 9h às 18h.

O encontro surge da ânsia de um coletivo de mulheres pesquisadoras, extensionistas, professoras, doulas e parteiras da tradição, que iniciou um resgate dos saberes tradicionais femininos em abril de 2017, por meio do mapeamento de parteiras anciãs. O coletivo percorreu boa parte do território gaúcho e localizou, até o momento, 20 mulheres que exerceram e exercem o ofício de partejar na família e na comunidade, sejam elas quilombolas, descendentes italianas, alemãs, afros ou indígenas.

Através da partilha de experiências, o evento busca difundir seus conhecimentos, em um diálogo com as noções que circulam no meio acadêmico. Para tanto, a programação inclui roda de causos com as parteiras anciãs, homenagem para o reconhecimento desses saberes tradicionais femininos, apresentações artísticas e conversa com Elma Sant’Ana, escritora e pesquisadora da história de parteiras e benzedeiras no Rio Grande do Sul.

A partir do Encontro de Parteiras, espera-se constituir uma rede de estudos de resgate e revitalização de saberes tradicionais femininos no RS que englobe a Universidade e a comunidade.

A realização do evento é do Grupo de Extensão Rural Aplicada, do Grupo de Agroecologia Terra Sul e do Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural da UFSM. A iniciativa também recebe apoio do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural e da Liga Interdisciplinar de Saúde Coletiva e da Família da UFSM.