Acácias,
pinus, araucárias e uma biodiversidade de espécies a serviço da
comunidade. O cenário, que resguarda em sua paisagem árvores e
plantas cultivadas na região, é fruto do empenho realizado por
professores das Ciências Biológicas na fundação do Jardim
Botânico da UFSM. Há 36 anos, o local oferece, dentro da Universidade, um
espaço de lazer e aprendizado aos visitantes.
Fundado
em 1981 pelos professores Santo Masiero e Adelino Alvarez Filho, o Jardim tem o objetivo de conservar as espécies nativas do Rio Grande
do Sul e da região de Santa Maria e mostrar as espécies comuns
cultivadas na região, conforme comenta o professor e diretor do
local, Renato Záchia.
Diariamente,
o Jardim recebe a visitação de estudantes dos ensinos fundamental,
médio e superior, para o desenvolvimento de projetos que não
estejam, necessariamente, relacionados à botânica. “O
Jardim tem sido utilizado pelos cursos de Botânica, Biologia,
Agronomia, Engenharia Florestal, inclusive da Química. Mas é aberto
a todos os cursos que queiram utilizar o espaço como sala de aula ao
ar livre”, incentiva o professor, que relata o interesse em receber
novas iniciativas ambientais.
As
espécies florais não são as únicas encontradas no local. No
Jardim, também podem ser encontrados eventualmente animais silvestres, como capivara, bugio e
jacaré. Além disso, um grupo
de observadores verifica a presença de aves no
local. Eles integram o projeto de extensão chamado “Olha o passarinho”,
coordenado pelos professores Marilise Mendonça Krügel, do
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, e Everton
Rodolfo Behr, do Departamento de Zootecnia.
Caminhos
arborizados
Com
uma caminhada que percorre o interior da floresta de bambus, as
trilhas realizadas pelos acadêmicos da UFSM animam alunos e crianças
que visitam o Jardim. O monitor e estudante de Engenharia Sanitária
e Ambiental Henrique Ferreira da Costa conta que, durante o
passeio, são feitos vários questionamentos e pausas para
fotografias. “Mas, com certeza, o ponto de maior interesse é o
viveiro das plantas carnívoras. Deixamos para o fim da trilha, pois
os alunos vão criando expectativa. É onde surgem mais perguntas
pelo fato de serem espécies bastante incomuns no dia a dia”,
conta.
Por meio dos questionamentos realizados pelos monitores, que incentivam a
participação dos alunos e os instigam a demonstrar seus
conhecimentos, os estudantes têm a oportunidade de obter novos
aprendizados não só na área da biologia, como também história e
geografia. É o que relata a acadêmica Bruna Candaten, do 6º
semestre de Ciências Biológicas, que levou os alunos do 7º ano da
Escola Municipal Antônio Gonçalves do Amaral de Santa Maria para
conhecerem o Jardim Botânico.
Os
estudantes conheceram espécies nativas e exóticas e ainda
trabalharam a relação das plantas com os animais que vivem no
local. A cada área descoberta, uma nova compreensão sobre a
importância dos seres vivos era aprendida. Após a visita, Bruna
conta que os alunos escreveram um relatório sobre os novos
conhecimentos e expuseram os pontos que mais chamaram atenção.
“Eles gostaram de ter o contato real com as plantas, para poder ver
as estruturas e entender melhor a anatomia delas. Isso porque
estudaram botânica no ano anterior, então ainda estavam com o
conteúdo fresquinho e foi possível entender e ver como é de
verdade”, comenta Bruna.
Além
da anatomia floral, os estudantes também conheceram o minhocário do
Jardim Botânico. O fato de começarem a estudar os anelídeos dias
antes da visitação ao local contribui para que os alunos
permanecessem atentos à explicação do monitor. Assim, eles puderam
observar na prática o funcionamento dos animais.
O Jardim também serve como sala de
aula aos acadêmicos da UFSM. A universitária Bruna, além de
conduzir os alunos ao local, já assistiu a uma aula prática sobre
gimnosperma na faculdade. “Achei essa aula uma das melhores que já
tive dentro da botânica, pois estando perto das plantas, ficou muito
mais fácil de entender o conteúdo e gravar os nomes delas”,
destaca Bruna, que ressalta a importância de analisar as plantas em
seus ambientes naturais.
Coleções
e projetos desenvolvidos
As
plantas carnívoras compõem um dos viveiros encontrado no Jardim Botânico. Além
delas, há as plantas ornamentais e frutíferas, cactário, mudas de
árvores nativas, plantas medicinais e coleção de árvores, chamada
arboreto.
Devido
aos últimos temporais e ventanias ocorridas na cidade, o material
composto pelas plantas carnívoras teve de ser substituído e o
viveiro está em processo de reconstrução.
Entre
outros projetos, o Jardim Botânico também produz mudas com o
objetivo de arborizar e auxiliar o paisagismo do campus. A pretensão
é repor espécies para o próprio local e colaborar com escolas que
tenham projetos específicos de educação ambiental. Após a
produção de mudas, o Jardim as disponibiliza para as escolas que
realizam a solicitação.
Os
passeios monitorados, que contam com a realização de trilhas
animadas pelos acadêmicos, podem ser solicitados pelo site,
por meio de cadastro online. Após a solicitação, é necessário
aguardar o retorno para que seja confirmado o agendamento. Nos dias
chuvosos, a visitação é cancelada para garantir a segurança e
conforto do público, pois vários pontos ficam alagados.
A
visitação é gratuita e está sempre aberta ao público, sem
necessidade de agendamento. O horário de funcionamento do Jardim
Botânico é das 8h às 17h. Mais informações pelo telefone da
sede: (55)
99193-8183.
Texto e fotos:
Gabrielle Ineu Coradini, acadêmica de Jornalismo e bolsista da
Agência de Notícias