Entrar para a faculdade de Medicina é o sonho de muitos estudantes. Em
2009, aos 17 anos, Eduardo Nascimento Correa de Andrade sofreu um
acidente de trânsito quando viajava da sua cidade natal no Paraná, Loanda, para prestar
vestibular na Universidade Federal da Grande Dourados, no município de Dourados, Mato Grosso do Sul. Ele fraturou a sétima vértebra torácica e ficou paraplégico, mas não desistiu dos seus sonhos. Em 2012, Eduardo foi aprovado em Medicina, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O acadêmico, atualmente no nono semestre, encontrou dificuldades nas aulas práticas
de cirurgia devido à pouca visibilidade que sua cadeira de rodas convencional
lhe permite. Assim como os outros alunos, Eduardo só tinha um desejo: aprender com
dignidade. Para que isso fosse possível, entrou em contato com a
Gerência Administrativa do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde são realizadas as aulas práticas. Em parceria com a
Instituição Financeira Cooperativa – Unicred Centro-Oeste, o hospital recebeu a
doação de uma cadeira de rodas modelo Stand UP, em solenidade de entrega na
última terça-feira, 15.
“O objetivo do cooperativismo é dar acesso às pessoas que individualmente
têm dificuldades de acessar o que é necessário para o seu desenvolvimento. Para
nós, é uma honra participar desse momento de acessibilidade no hospital e na
Universidade. Esse foi um trabalho feito por várias mãos e nós apenas apoiamos a ideia e cumprimos com a nossa responsabilidade. Temos certeza que o
Eduardo fará sucesso e marcará a história da Universidade”, ressalta o
presidente do Conselho Administrativo da Unicred Centro-Oeste, Flávio Jobim.
A cadeira de rodas modelo Stand UP permite que o usuário possa além de
se sentar também permanecer em pé, facilitando a acessibilidade e a visibilidade
nas aulas práticas. O equipamento custou R$ 7 mil e passou por algumas
adaptações para ser utilizado no bloco cirúrgico do Husm, onde ficará à
disposição de alunos e profissionais com mobilidade reduzida.
“O grande desafio que eu aceitei não foi a medicina, mas sim a vida na
cadeira. Eu sempre tive vontade de aprender, independentemente se eu estava tendo total aprendizado devido à condição física. Então eu ia atrás e assistia às
cirurgias por vídeo. Independente da especialidade que eu escolher, eu preciso
e quero passar por todas as etapas do curso. Eu só tenho a agradecer a todos. Hoje é um dia muito especial para mim e para todos que vierem utilizar no
futuro, é mais uma batalha vencida”, relata o estudante.
Texto: Nathalie Martins
Edição: Maurício Dias
Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação