Com o objetivo de capacitar e
qualificar o trabalho realizado por grupos em vulnerabilidade socioeconômica, a
Incubadora Social da UFSM se prepara para executar as propostas selecionadas
pelo primeiro edital, mas agora sob um novo direcionamento.
Inicialmente constituída como um
projeto, em
incubadora desenvolvia as atividades por meio de recursos captados via editais
externos. A partir de 2016, foi instituída como órgão de apoio da administração
superior,vinculado
à Pró-Reitoria de Extensão (PRE). “Isso nos dá segurança maior para atuarmos
junto aos grupos”, comemora a técnica em assuntos educacionais Adriana
Monfardini, da PRE.
O primeiro edital lançado pela Incubadora foi em 2016. Embora constasse que seis propostas seriam
selecionadas, os dez grupos inscritos foram escolhidos. Em abril, os projetos iniciaram
o período da pré-incubação, processo que se estenderá até 30 de junho. Depois
de cumpridas todas as etapas, os grupos passarão para a incubação propriamente
dita, com duração até 2020.
A seleção dos grupos inscritos no
edital foi feita pelo colegiado gestor, por meio de visitas às comunidades.
Essa ação objetiva conhecer as associaçõese averiguar se o que foi declarado na proposta submetida realmente
se confirma na prática. “Nós vimos que a realidade era um pouco pior do que
imaginamos. São comunidades bem fragilizadas do ponto de vista econômico e
social, e elas têm muitas expectativas em relação ao apoio da universidade”,
relata Adriana.
As propostas contempladas dizem
respeito a associações de agricultores(as) de produtos orgânicos,
artesãos(ãs), profissionais das
artes e associações pautadas na economia solidária. Cada grupo selecionado
designa um responsável institucional ou um servidor da UFSM para acompanhar as
atividades e fornecer todo o suporte necessário.
“Mulheres na Construção
Civil”
Uma das propostas selecionadas foi um
grupo de mulheres que trabalha na construção civil. De acordo com diagnóstico,
o grupo enfrenta dificuldades e preconceitos no desempenho das
funções. O fato de ser constituído por mulheres que, conciliam o trabalho
doméstico com o profissional, tende a agravar o cenário. “Nós
percebemos que elas têm dificuldade em se inserir no mercado, pois
normalmente são chamadas para fazer o trabalho e são remuneradas muito abaixo
do preço de tabela”, comenta Adriana.
Uma das proposições da Incubadora
Social é a constituição de uma cooperativa ou associação a fim de que o grupo
consiga se inserir no mercado de trabalho em condições dignas. Por meio dessa
organização jurídica, objetiva-se a inclusão de outras mulheres, para que seja
evitada a submissão a sessões de trabalho inadequadas.
“Associações Quilombolas”
Entre os projetos em período de
pré-incubação também estão duas associações quilombolas que trabalham com a
agricultura e estão localizadas em região isolada da comunidade, o que
dificulta o escoamento da produção. O trabalho da Incubadora Social é buscar
alternativas para que os quilombolas possam vender o excedente do que é
plantado, além de qualificar o trabalho já produzido.
Práticas que propõem
a transformação
O trabalho desempenhado pela Incubadora
Social varia de acordo com as demandas de cada grupo. “Eles não vêm
para a incubadora para aprender a fazer alguma coisa. Eles precisam qualificar
o que já fazem para se inserir no mercado em melhores condições. Às vezes, eles
precisam apenas legalizar a atividade”, comenta Adriana Monfardini, da Pró-Reitoria
de Extensão.
Todas as diretrizes e os procedimentos estabelecidos
pela Incubadora Social passam pelo consentimento do colegiado gestor, instância
máxima de atuação no órgão. A constituição do colegiado é considerada um ganho
significativo para a Incubadora, pois, por meio dele, há a representação
interna da UFSM, composta pelas unidades da instituição e a representação
externa, que engloba a comunidade.
A Incubadora Social auxilia a
Universidade a cumprir com o seu papel social, pois é um órgão que acolhe demandas
de parcela significativa da sociedade. “É uma maneira bem interessante de nós
atuarmos na realidade desses grupos. Eles esperam que a gente consiga
transformar a realidade desfavorável que todos eles vivenciam”, declara Adriana.
Texto: Gabrielle Coradini, acadêmica de
Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Maurício Dias