Ir para o conteúdo UFSM Ir para o menu UFSM Ir para a busca no portal Ir para o rodapé UFSM
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

​Tradução de “Hamlet” feita por professor da UFSM estará nas livrarias de todo o Brasil



Capa do livro

Como traduzir um clássico que contém algumas das frases mais
célebres da literatura universal? “Ser ou não ser: eis a questão”;
“há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã
filosofia”; “há algo de podre no reino da Dinamarca”. Para
qualquer apaixonado por poesia que se preze, certamente não se trata apenas de
“palavras, palavras, palavras” – parafraseando o próprio Hamlet, em
mais um famoso trecho do drama shakespeariano. O professor Lawrence Flores
Pereira, do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFSM, aceitou o
desafio de verter para a língua portuguesa a tragédia do príncipe dinamarquês
atormentado pelo dilema de como vingar o assassinato do pai. Esta nova tradução
de Hamlet estará à venda a partir de
meados de julho nas livrarias de todo o Brasil, em um lançamento da Penguin
Books, selo da Companhia das Letras.

Loucura, vingança, suspeita, culpa, inveja, remorso, dúvida,
perdão, ciúme, morte, sexo, temor, amizade, traição, sofrimento, amor, ódio,
céu, inferno, Deus – praticamente não há aspecto da existência humana que esteja
ausente de Hamlet. Talvez este seja o
segredo da contínua atualidade e universalidade da peça, escrita por William
Shakespeare entre os séculos 16 e 17, sob o reinado de Elizabeth I. Ao longo
dos cinco atos da tragédia, todos esses sentimentos são mesclados e sobrepostos
pela poesia do bardo inglês, em diálogos entre personagens cuja riqueza e
densidade os transformaram em arquétipos da psicologia humana.

Sendo a poesia o alicerce da obra, como apresentá-la ao
público brasileiro em um idioma tão diferente do de Shakespeare? “Todo
tradutor é um traidor”, justifica-se Lawrence, antecipando-se a eventuais
críticas quanto à fidelidade ao texto original. No caso de Hamlet, a própria noção de “texto original” é
problemática, pois existem pelo menos três diferentes versões da peça, e os
estudiosos de Shakespeare até hoje não chegaram a um consenso de qual seria a
verdadeira.

O texto traduzido por Lawrence é uma fusão de versões
publicadas no século 17 em dois diferentes métodos de editoração: o in-fólio
(em que cada folha impressa é dobrada ao meio) e o in-quarto (no qual a folha é
dobrada duas vezes). O professor explica que muito da controvérsia quanto à
origem dos textos atribuídos a Shakespeare é ocasionada pela incompatibilidade
dos conceitos de autoria aceitos hoje em dia com os vigentes naquela época, que
eram bem mais flexíveis.

William Shakespeare viveu entre os séculos 16 e 17, sob o reinado de Elizabeth I

Além de traduzir a peça, Lawrence preparou todo um aparato
textológico que ajuda o leitor a contextualizar a peça, incluindo 40 páginas de
notas e marcações de onde o texto é traduzido a partir da versão in-quarto ou
da in-fólio. Quanto às notas, outra preocupação do tradutor foi explicar aos
leitores quais eram os conceitos vigentes na época de Shakespeare (e o peso
respectivo) de noções como justiça, honra, pecado, amor, entre outras. Para
prefaciar a edição, Lawrence também traduziu um ensaio de T. S. Eliot sobre Hamlet.

A métrica preferida de
Shakespeare era o pentâmetro iâmbico. Para traduzi-lo, Lawrence preferiu usar o
dodecassílabo (métrica na qual cada verso tem 12 sílabas). Esta foi uma escolha
diferente da de outras traduções da obra feitas no Brasil. Hamlet já foi traduzido para o português de diversas formas. Alguns
tradutores optaram pelo decassílabo, outros escolheram os versos livres e,
inclusive, há aqueles que preferiram a prosa.

Premiação e montagens
Embora esteja sendo publicada pela primeira vez em livro, essa tradução de Hamlet não é nova. Lawrence a produziu entre 2001 e 2003. O texto
foi encenado em 2006 pelo diretor teatral Luciano Alabarse em Porto Alegre, com montagens
nos teatros São Pedro e Renascença. No ano seguinte, o espetáculo foi levado ao
Uruguai, onde foi encenado – em português – no Teatro Solís, em Montevidéu.

O sucesso da montagem rendeu a Lawrence, ainda em 2006, a sua indicação como
um dos cinco finalistas do Prêmio Fato Literário, promovido pelo grupo RBS. A
indicação se deu também em razão de outro clássico do teatro, a Antígona, de Sófocles, obra traduzida por
Lawrence em parceria com a professora Kathrin Rosenfield, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Professor Lawrence Flores Pereira / crédito imagem: Litercultura

Outras traduções – Lawrence
é antes de tudo um apaixonado pela poesia. Isso o levou a aprender outros
idiomas e a entrar na graduação em Letras da UFRGS. Foi em sua época de
estudante universitário, entre o final da década de 80 e início dos anos 90,
que ele começou a verter para a língua portuguesa alguns de seus poemas
preferidos.

Ele já transpôs para o português obras originalmente
escritas em inglês, grego antigo, francês, espanhol e alemão. Afora os já
mencionados Hamlet e Antígona, ele também já traduziu obras
de T. S. Eliot, Barbey d’Aurevilly, Emily Dickinson, Guillaume Appolinaire,
Calderón de la Barca,
Friedrich Hölderlin, Charles Baudelaire e Wallace Stevens, entre outros
autores.

Além das traduções, ele tem a sua produção poética própria.
Uma amostra dela está no livro Engano Especular, que lançou em 2012 sob o pseudônimo de Lawrence Salaberry. Em
2015, ele e a professora Kathrin Rosenfield lançaram o livro Lendo J. M. Coetzee. uma coletânea de
ensaios sobre o escritor sul-africano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2003.

Com 328 páginas, a nova edição de Hamlet já pode ser adquirida on-line, no endereço www.companhiadasletras.com.br/penguin/titulo.php?codigo=85140.
Há a intenção de fazer eventos de lançamento em Santa Maria e Porto
Alegre, mas ainda não há datas nem locais definidos.

Texto: Lucas Casali

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-1-21829

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes