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Do dia 7 a 11 de julho, aconteceu mais uma etapa de Tempo Escola do Curso deEspecialização em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campoda Universidade Federal de Santa Maria. As atividades ocorreram na Casa de Retiro Nossa Senhora de Lourdes, em Vale Vêneto. A Especialização faz parte do Programa Nacional de Residência Agrária, o qual possui ações coordenadas pela Universidade em âmbito nacional, que tornam a UFSM uma referência na área.

Desde a década de 70, quando a questão agrária e os movimentos de luta pela terra surgiram com grande intensidade, a UFSM, principalmente através de seu Programa de Pós-graduação em Extensão Rural (PPGExR), desenvolve importantes ações de apoio à Reforma Agrária. Assim, trabalhar com assentamentos torna-se uma tradição antiga da Universidade.

Com base nesse cenário, em 2012 a UFSM passou a integrar o Programa Nacional de Residência Agrária, junto de mais 37 universidades federais. Titulado na Universidade como “Geração de Conhecimentos e Formação de Recursos Humanos para Assessoria Técnica, Social e Ambiental aos Assentamentos de Reforma Agrária – Especialização em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo II”, o Programa é responsável por um curso de Pós-graduação multidisciplinar da instituição, que tem duração de dois anos e desenvolve estudos com base na pedagogia da alternância (Tempo Escola e Tempo Comunicade) e na flexibilização dos conteúdos.

A função do Programa é incentivar e preparar técnicos que atuam em assentamentos, para que eles tenham capacidade de melhorar a qualidade de vida das famílias assentadas, definir a matriz produtiva de cada propriedade e não deixar com que a falta de recursos dessas comunidades atrapalhe a produção, que deve ser ecologicamente correta. Também são pautados durante os cursos estilos de desenvolvimento rural e de agricultura que, além de sustentáveis, assegurem uma produção qualificada de alimentos e melhores condições de vida para as populações.

A Universidade busca a capacitação teórica e metodológica dos técnicos do Programa de Acompanhamento, Planejamento e Articulação das Ações de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES), com a criação de um espaço de aprendizagem que permite superar a incompreensão do aspecto pedagógico relacionado à extensão rural e à assistência técnica. Através da Residência Agrária, a Universidade presta auxílio ao Programa de ATES, que executa ações em todos os assentamentos do RS, envolve aproximadamente 140 técnicos e atinge cerca de 11.500 famílias.

O perfil dos educandos é costituído pela forte participação de técnicos das prestadoras de ATES do Rio Grande do Sul (Emater, COPTEC, CETAP), de estudantes recém graduados em diferentes áreas e de assentados com ensino superior completo. O corpo docente é multidisciplinar, composto de vários departamentos. São mais de 15 professores que participam com intensidade das atividades, advindos dos cursos de Geografia, Ciências Sociais e, principalmente, do Centro de Ciências Rurais (CCR).

Os princípios do curso, através da Pedagogia de Alternância, são articulados a partir de cinco componentes curriculares: 1º Componente de Formação Teórica; 2º Componente de Formação Específica/Flexível; 3º Componente de Atividades Comuns Dirigidas a Campo e Compartilhamento de Saberes; 4º Componente de Vivências (Tempo Comunidade) em contextos da ATES/RS; 5º Componente de Trabalho Final. A carga horária é composta por 360 horas de conteúdo teórico (Tempo Escola) e 320 horas práticas (Atividades de Campo e Tempo Comunidade).

O Tempo Escola acontece em 10 etapas, uma a cada dois meses, sempre de forma alternada entre os ambientes da UFSM e espaços fora da sede, nas distintas regiões dos assentamentos do RS (a exemplo, a ocorrida em Vale Vêneto). O Tempo Comunidade acontece durante os intervalos das etapas presenciais e suas atividades precisam ser desenvolvidas em áreas de assentamentos de reforma agrária do RS; alunos que já trabalham na área desenvolvem atividades vínculadas aos seus empregos; aqueles que não trabalham, passam por períodos de vivência nos assentamentos, sob responsabilidade de uma equipe técnica.

A flexibilização do conteúdo é garantida pela organização do curso em cinco eixos temáticos: Agroecologia; Sociedade e Desenvolvimento Rural; Políticas Públicas; Planejamento e Gestão Agrícola; Gestão Ambiental. Cada eixo de ensino é composto por cerca de cinco professores e 10 alunos.

As entidades que integram o Comitê Gestor do projeto, os educandos, educadores, monitores e bolsistas avaliam, permanentemente, a conduta do curso. A avaliação considera todo o conjunto de ações desenvolvidas, como as pesquisas, os trabalhos e os pareceres das comunidades.

O Programa é financiado por recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Esses recursos são repassados para a UFSM pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), com o custeio de todas as despesas e a disponibilização de bolsas de 24 meses para alunos. As entidades parceiras são: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária RS (Incra/RS); prestadoras de ATES/RS (Emater, COOPTEC e CETAP); Grupo de Agroecologia Terra Sul (GATS); Núcleo de Estudos em Agricultura Familiar (Nesaf); Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (COCEARGS); Núcleo de Apoio a Reforma Agrária.

* Claudine Friedrich, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Coordenadoria de Comunicação Social

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