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​Parceria de programas de pós-graduação oportuniza nova técnica em Odontologia



A colaboração e compartilhamento de ideias e a cooperação entre pessoas
de áreas diferentes para atingir interesses comuns, abrangendo diferentes
temáticas e conteúdos, permite dessa forma recursos inovadores e dinâmicos,
onde as aprendizagens são ampliadas.

Essa prática de colaboração é observada na parceria que surgiu entre o
grupo de pesquisa em Biomateriais Dentários do Programa de Pós-graduação em
Ciências Odontológicas da UFSM e o Laboratório de Filmes Finos do Programa de
Pós-graduação de Física da UFSM. Os dois grupos criaram o projeto que estuda a
eficácia de uma nova estratégia para melhor aderência de cerâmicas
odontológicas. Baseando-se em uma técnica utilizada na Física para estudar o
crescimento de nanocamadas, as técnicas de caracterização da Odontologia
determinam a eficácia da nova estratégia.

Tradicionalmente, as cerâmicas odontológicas de zircônia são tratadas
usando o método triboquímico, que consiste na abrasão da superfície pelo uso de
um jato de micropartículas de alumina recobertas por sílica. Este método,
apesar de ser eficaz para gerar aderência, pode gerar microtrincas na
superfície da cerâmica, levando a uma diminuição da resistência do material. Por
ser um material quimicamente e biologicamente inerte, um problema comum
observado para o uso clínico de zircônia estabilizada com ítrio (Y-TZP) é a
dificuldade em formar uma adesão adequada.

Os alunos da Odontologia utilizavam a Máquina para Análise de Materiais
Sólidos do Laboratório de Filmes Finos para testar cerâmicas odontológicas,
quando surgiu a ideia de recobrir a cerâmica que eles utilizam com uma
nanocamada de sílica (película super fina de vidro), como alternativa para
melhor aderência do material resinoso. O processo utilizado pelo Laboratório é
comum na indústria eletrônica para criar chips de sílico, que são utilizados em
celulares, computadores, pendrives, câmeras digitais, como processador ou para
armazenagem de dados.

As cerâmicas odontológicas de zircônia estabilizada com ítrio (Y-TZP)
recebem o tratamento com uma camada superfina de 5 nanômetros de sílica, após é
aplicado um cilindro de material resinoso. Depois de concluído o processo,
foram feitos testes para verificar a eficácia do método utilizado pelos grupos
de pesquisa. Nos testes, o cilindro de material resinoso é removido, e os
pesquisadores colhem os dados da força exercida para a remoção. E então, é
feito uma avaliação micromorfológica com um microscópio eletrônico de varredura,
que possibilita ver imagens de proporções menores, para observação de mudanças
não visíveis a olho nu e alteração da superfície.

Metade das amostras de cada grupo foram testadas 24 horas depois da
aderência e a outra metade foi sujeita a envelhecimento, sendo armazenadas
durante 90 dias e sujeitas a 10.000 ciclos térmicos. Em ambas as condições de
armazenamento, ocorreu significativamente maior resistência de união.

Os resultados da colaboração dos grupos na UFSM indicam que a aplicação
de uma nanocamada de sílica sobre a superfície da cerâmica Y-TZP tem a mesma
eficácia obtida pelo método tradicional, porém sem a geração de
microtrincas.

Depois de observado que o método tem potencial, como próximo passo, o
grupo fará novas avaliações em torno do potencial adesivo. Além de avaliações
da técnica para verificar se não traz danos ao material (zircônia), e avaliar a
possibilidade de inserção comercial da técnica para uso mais amplo em
Odontologia.

O projeto é conduzido por uma aluna do mestrado, Carolina Ceolin Druck,
um aluno da iniciação científica, João Luiz Pozzobon, um aluno do
pós-doutorado, Gustavo Luiz Callegari, o professor do Departamento de Física da
UFSM, Lucio Strazzabosco Dorneles e o professor da Faculdade de Odontologia da
UFSM, Luiz Felipe Valandro.

Dos resultados do projeto surgiu o trabalho ”Adhesion to Y-TZP ceramic:
Study of silica nanofilm coating on the surface of Y-TZP”, que foi publicado
na revista ”Journal of Biomedical Materials Research Part B: Applied
Biomaterials” e pode ser encontrado no link http://dx.doi.org/10.1002/jbm.b.33184.

* Diossana da Costa dos Santos, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Coordenadoria de Comunicação Social

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