Um projeto de sustentabilidade da pecuária baseada em
pastagens naturais na região Sul do Brasil é desenvolvido por professores e
alunos da UFSM. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o trabalho
tem como objetivo avaliar alternativas de manejo pecuário em áreas de
preservação permanente.
O projeto se propõe a estudar duas questões: a diversidade
de espécies e processos ecossistêmicos e o desempenho produtivo e reprodutivo
de novilhas em três alternativas de manejo. A última questão está sendo
desenvolvida pela UFSM, que conta com um grupo de pesquisa composto por um
bolsista de pós-doutorado, oito alunos de mestrado e doutorado dos programas de
pós-graduação em Agrobiologia e Zootecnia, e 15 alunos de graduação dos cursos
de Agronomia, Veterinária e Zootecnia.
O professor Fernando Quadros, responsável pelo Laboratório
de Ecologia de Pastagens Naturais (Lepan) da UFSM, informa que as três
alternativas de manejo que estão sendo estudadas são as seguintes: o pastoreio
rotativo baseado no ritmo de crescimento fisiológico das gramíneas mais
abundantes na pastagem natural; o pastoreio contínuo com lotação variável para
manter uma quantidade de pasto constante para os animais ao longo do ano; o
pastoreio tradicional de acordo com a experiência do produtor.
As pesquisas estão sendo realizadas, em parte, na unidade de
pesquisa da UFSM inserida no projeto Pesquisas Ecológicas de Longa Duração
(Peld). Nesta unidade, encontra-se uma área de conservação de vegetação natural
do bioma pampa, onde durante quatro anos foram desenvolvidas pesquisas sobre a
produção de bovinos e 19 anos de estudos da resposta da vegetação.
A evolução das pesquisas não terá apenas importância
acadêmica, pois os resultados devem demonstrar aos produtores locais “que é
possível realizar um manejo adequado da pastagem natural em áreas de
preservação permanente e, por conseguinte, obter resultados adequados de
produção animal”, argumenta o doutorando Émerson Soares, integrante do projeto.
Ainda de acordo com Soares, “as áreas de preservação permanente, segundo o
Código Florestal, são passíveis de serem utilizadas, porém não há uma
regulamentação de como realizar essa utilização. Nosso estudo visa propor uma
maneira adequada para o uso”.
A prática do projeto está sendo desenvolvida na Estância
Cinco Salsos, em Aceguá (RS), onde está previsto o uso de aproximadamente 200
novilhas Hereford fixas nos
animais que dependerá da quantidade de pasto acumulado. Espera-se atingir a
meta de peso corporal e desenvolvimento do trato reprodutivo para o
acasalamento das novilhas aos 24 meses de idade.
O grupo de pesquisa também conta com a colaboração dos
professores da UFSM Marta Rocha, Luciana Pötter, Adriano Maixner, Gilberto
Kozloski e Vicente Silveira. Esta equipe faz parte de uma rede de pesquisa para
sustentabilidade da pecuária baseada em pastagens na Região Sul. Também são
membros da equipe pesquisadores da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária
(Fepagro), Universidade da Região da Campanha (Urcamp), Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e Universidade do
Estado de Santa Catarina (Udesc).
A parceria entre UFSM, Embrapa e UFRGS em projetos de
conservação e produção animal em pastagens naturais possui mais de 10 anos. O
projeto pode ser consultado na página do Lepan: www.ufsm.br/forrageiras.
