Uma equipe de paleontólogos descobriu um dinossauro carnívoro em um afloramento de rochas sedimentares de datação triássica localizado no município de São João do Polêsine, na região central do Rio Grande do Sul. A expedição de busca de fósseis é formada por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) da UFSM e da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), com a participação também de pesquisadores da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) que atuam na região. O material foi apresentado em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (6).
O dinossauro foi localizado pelos pesquisadores em rochas de um pequeno afloramento às margens da RST-149, distante apenas 1 km da comunidade na qual se encontra o Cappa. Inaugurado em dezembro de 2013, este centro de pesquisa tem o objetivo de concentrar os trabalhos científicos sobre os fósseis encontrados na região. O Cappa pretende potencializar o desenvolvimento da paleontologia e do turismo científico, bem como o desenvolvimento regional e a formação de recursos humanos em nível de graduação e pós-graduação na UFSM.
O dinossauro foi descoberto pelo paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, pesquisador da Ulbra, que encontrou os primeiros vestígios de ossos fossilizados, que sobressaíam na superfície da rocha de 230 milhões de anos, na manhã do dia 30 de janeiro. “Quando vi o pequeno fêmur de um dinossauro terópode quase intacto sobre o sedimento, tive certeza que se tratava de uma descoberta importante e prontamente chamei o restante da equipe que se encontrava nas proximidades. Rapidamente, a alegria tomou conta do grupo e todos concentraram esforços em remover os sedimentos e expor mais partes do pequeno esqueleto fossilizado”, relata.
O paleontólogo responsável pela coordenação do Cappa é o professor Sérgio Dias da Silva, do Departamento de Biologia da UFSM. Ele acredita que esta é uma descoberta muito importante para a ciência. “Poucos terópodes foram achados nos últimos 100 anos de pesquisas no Triássico do Brasil. Desde a descoberta de Staurikosaurus pricei na cidade de Santa Maria, durante a década de 1930 até hoje, apenas um punhado de ossos, geralmente isolados e fragmentários, de dinossauros carnívoros foram encontrados. Assim, além do fêmur com características diagnósticas de dinossauro terópode, esta descoberta inclui também um crânio quase completo (ainda incluso na rocha). O material seguramente poderá trazer importantes informações sobre a origem e evolução dos primeiros dinossauros carnívoros que viveram sobre a terra.”
O coordenador do projeto acredita que este é um início promissor para o Cappa e atesta mais uma vez que os fósseis são abundantes nas rochas da região. “Em pouco tempo de atividades oficiais, o acervo fossilífero do Cappa já tem dois tipos diferentes de dinossauros e diversos outros materiais coletados.”
Coleta – A equipe de paleontólogos e alunos encontrou dificuldades, devido ao calor intenso e também pela dureza das rochas sedimentares triássicas da região central do Rio Grande do Sul, para a coleta do pequeno dinossauro. Sob sol escaldante, as temperaturas no substrato das rochas podem chegar facilmente aos 45ºC e as ferramentas se quebram continuamente na tentativa de penetrar e cortar os sedimentos. O apoio da prefeitura de São João do Polêsine tem sido fundamental para o êxito desta expedição de coleta de vertebrados fósseis.
O dinossauro será coletado junto com um bloco quadrangular de rocha, a qual tem peso estimado de uma tonelada. Isto requer a utilização de uma máquina pesada para a sua retirada. O bloco deve ser levado para o laboratório do Cappa, onde o material será preparado e estudado, trabalho que deverá levar alguns anos para ser concluído.
O grupo liderado pelo paleontólogo Sérgio Dias da Silva conta com a colaboração de paleontólogos da Ulbra: Sergio Furtado Cabreira, autor da descoberta, e Lúcio Roberto da Silva. Compõem ainda a equipe um grupo de jovens biólogos e alunos da Unipampa e da UFSM: Cristian Pacheco, Anderson de Oliveira Rangel, Eduardo Silva Neves e Gianfrancis Ugalde.