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Departamento de Comunicação promove evento sobre mídia, globalização e estudos fronteiriços



 

Como uma das atrações da JAI, ocorreu na sexta-feira (18) o I Colóquio Internacional Mídia, Globalização e Estudos Fronteiriços. O evento foi promovido pelo grupo de pesquisa “Comunicação, Identidades e Fronteiras” do Departamento de Comunicação Social da UFSM e visa divulgar as pesquisas feitas sobre a relação mídia e fronteiras.

O GT, que está em funcionamento desde 2001, é orientado pela professora e pesquisadora Ada Cristina Machado Silveira. Em entrevista, Ada comenta sobre o colóquio e sobre a pesquisa desenvolvida pelo grupo.

Laíssa Sardiglia – Qual a intenção de promover o colóquio?

A. S. – Esse primeiro colóquio internacional do grupo de pesquisa “Comunicação, identidade e fronteiras” aborda o tema “Mídia, globalização e estudos fronteiriços”. A nossa intenção foi trazer e estabelecer um diálogo entre autores que nós já temos lido, que são pesquisadores da comunicação, mas que também são autores de outros campos disciplinares. São, todos eles, pesquisadores que se detêm nas questões de estudos fronteiriços e que nós temos alguns pontos que se tocam no sentido de que o comunicacional, o midiático, algum momento perpassa as preocupações e abordagens desses pesquisadores.

L. S. – E o que são os estudos fronteiriços?

A. S. – Os estudos fronteiriços, no horizonte internacional, são denominados border studies. São análises que vêm crescendo muito no mundo, detidas nesses espaços em que a globalização se implementou de maneira precoce que são os espaços de fronteira internacional. A vivência das sociedades que ali estão estabelecidas está muito marcada pela passagem de terceiros. E isso, colocado no caso por exemplo dos border studies de comunicação, é muito marcado por uma perspectiva definida pelo estado nacional que coloca, grande parte das atividades que ali sempre se desenvolveram marcadas pela ilicitude e pela criminalidade. Uma série de interesses que são do estado nacional, do fisco, da aduana, das forças militares, das forças policiais, mas que nem sempre são problemáticas do ponto de vista da população local.

L. S. – A programação do colóquio trouxe várias abordagens diferentes. Como os estudos fronteiriços permitem essas diferentes abordagens?

A. S. – Os border studies se constituem numa área transdiciplinar ou interdiciplinar. O foco é a preocupação com o que ocorre nesses espaços chamados fronteiras, consagrados pelos estados nação como fronteiras internacionais e que ilusoriamente a globalização leva a quem está nas metrópoles a crer que esses são espaços domesticados ou que devem se adequar ao interesse de quem ali não reside. Então, a preocupação dos border studies é, tanto enfatizar essa multiplicidade de olhares que se pode colocar na vivência das fronteiras, como também o interesse das populações que ali residem, que constituem sua dinâmica e que nem sempre têm esse ponto de vista respeitado.

L. S. – O grupo de estudos tem algum enfoque específico?

A. S. – Nós temos dois projetos: um que se chama “Ambivalência comunicacional na cobertura de fronteiras e favelas” e outro que se chama “Pelos olhos de terceiros”, que é o poder imaginado na cobertura jornalística. A gente analisa criticamente a produção de noticiários a respeito de acontecimentos periféricos ao estado nação. Esses acontecimentos se dão em fronteiras internacionais, se dão em favelas ou em comunidades periféricas das regiões metropolitanas. E agora também adicionamos o estudo do noticiário sobre a Amazônia, tendo em vista que nós constatamos, lendo noticiários e assistindo a esses noticiários, que o enquadramento é extremamente semelhante. Ou seja, independente de onde o acontecimento ocorre, ele é enquadrado da mesma maneira por esse noticiário que é construído no espaço metropolitano.

L. S. – O grupo se restringe às fronteiras brasileiras e à midiatização brasileira dessas fronteiras?

A. S. – No presente momento, ainda estamos apenas com o enfoque brasileiro. Talvez, no futuro, a gente possa fazer o contrário, mas isso também vai depender justamente da articulação de uma rede. Ativar o nosso contato com pesquisadores dos países fronteiriços com o nosso.

L. S. – O que os estudos fronteiriços permitem analisar sobre a realidade dessas fronteiras?

A. S. – Dos estudos fronteiriços, que eu conheço, aqueles que eu tenho lido no grupo, a gente percebe por parte da mídia uma cobrança da projeção do poder do estado brasileiro nas fronteiras. Isso nos indica todo um estímulo para uma postura subimperialista brasileira com relação aos seus vizinhos. O temor que nós temos em relação a isso é que esse noticiário alimente as diferenças e o distanciamento das populações fronteiriças brasileiras com os seus vizinhos. Agora que nós conquistamos a paz, no século XX, nós não mais tivemos conflitos fronteiriços, temos o temor de que esse noticiário novamente traga todo aquele clima para uma diferenciação que aos poucos foi vencida.

L. S. – Qual a necessidade de estudar a midiatização das fronteiras?

A. S. – Nós não trabalhamos com o enfoque da midiatização, nós tralhamos com a aproximação sociossemiótica dos acontecimentos. A necessidade de abordar é a de construir um panorama crítico das práticas jornalísticas que têm se imposto de uma maneira que acaba determinando que os veículos locais, desses pequenos municípios fronteiriços, acabem reproduzindo valores notícias determinados por veículos localizados em metrópoles e que não têm qualquer tipo de compromisso com o cotidiano dessas populações.

L. S. – Qual a repercussão dos estereótipos para a representação das fronteiras?

A. S. – É muito grande. Como foi apresentado no colóquio em vários trabalhos, o tratamento dos estereótipos é um elemento constituinte da prática da indústria cultural. É difícil na indústria cultural mover-se sem a adoção de estereótipos. E, por isso, é tão necessário produzir a crítica para que os nossos alunos e futuros profissionais não saiam reproduzindo essas práticas de maneira tão inconsciente e sem noção das consequências.

Foto: Luan Romero – Acadêmico de Jornalismo.

Repórter: Laíssa Sardiglia – Acadêmica de Jornalismo.

Edição: Lucas Durr Missau.

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