
A magia da leitura é o tema da exposição “Conte Outra Vez”, que ocorre na Biblioteca Setorial do Centro de Educação e iniciou na tarde da quarta-feira (26). Nela, réplicas aumentadas de livros infantis e infantojuvenis – muitos disponíveis no próprio espaço – foram criados por alunos do curso de Pedagogia em 2024, quando estavam no 4º semestre, e agora estão à disposição para o público. A mostra ficará disponível até o dia 28 de abril.
A exposição
Cerca de 50 alunos participaram e produziram 35 obras, que têm um tamanho médio de 50 cm x 40 cm. Os estudantes utilizaram cartolina, papelão, EVA, algodão, feltro, lã, tecido, linha, espuma, além de material reciclado como partes de garrafas PET, retalhos de tecido, tampas de garrafa, entre outros.
A atividade foi idealizada pela professora do Departamento de Metodologia de Ensino, Graziela Franceschet Farias, durante a disciplina de Metodologia das Ciências Humanas. Ela explica que a ideia surgiu de uma experiência em 2015, durante o programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), do qual a UFSM e universidades de todo o país fizeram parte. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o PNAIC tem como objetivo “assegurar que todos os estudantes dos sistemas públicos de ensino estejam alfabetizados, em língua portuguesa e matemática, até o final do terceiro ano do ensino fundamental”.
Nele são trabalhados materiais pedagógicos, como o das réplicas de livros. “Lá eu tive contato com professoras alfabetizadoras produzindo esse tipo de material e, de lá para cá, ficamos com essas ideias em planejamento. E no ano passado propomos uma versão um pouco mais aprimorada da que fizemos lá atrás, mas mantendo a ideia original”, conta a docente.
Com relação às temáticas dos livros, além das obras infanto-juvenis escolhidas por cada estudante, também foram determinadas outras duas questões a serem abordadas: temáticas relacionadas às Ciências Humanas – como pluralidade cultural, diversidade étnico-racial, relações com os pares, afetividade, entre outros -. e temáticas da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Graziela ainda compartilha que o objetivo é levar a exposição também para escolas da cidade, mas que isso está em fase de planejamento. “Ainda é embrionário. Não imaginávamos a repercussão que teríamos com esse trabalho”, conta.
Por trás das obras

Dentre os discentes do curso de Pedagogia que participaram do projeto, a estudante Gabriela Farma produziu uma réplica do livro “O mundinho”, de Ingrid Biesemeyer Bellinghausen. Ela conta que escolheu a obra por ser um dos livros trabalhados com os alunos da escola em que trabalha, e enfatiza a temática de conscientização ambiental do livro e da exposição.
“Foram basicamente materiais recicláveis que fomos juntando ao longo do mês, tem garrafas, tampinhas, papelão. Além de confeccionar o livro, também aprendemos bastante com as leituras que fizemos. Entender mais sobre o tema do meio ambiente, e como é importante inserir esse tipo de assunto na sala de aula para as crianças desde cedo”, comenta. Gabriela ainda compartilha que também quer mostrar sua réplica para os seus alunos.
Já o estudante Marco Daniel Vieira escolheu trabalhar com o livro “A fome do lobo”, de Cláudia Maria Vasconcellos. Ele conta que para produzir a réplica utilizou quatro caixas de TV de papelão, papel pardo, cola quente e botões, para fazer também uma alça para carregar o livro e um marca página gigante. As ilustrações do interior foram tiradas da obra original e outras feitas pelo próprio Daniel, utilizando EVA e feltro para a decoração. “Eu me orgulho bastante, principalmente pelo pouco tempo que a gente teve para fazer. Eu acredito que esse trabalho foi fundamental para mim como pedagogo, porque querendo ou não, esse livro vai ficar aqui por muito tempo. Não digo na biblioteca exposto, mas na nossa cabeça, na nossa alma”, comenta.
Ressignificar a biblioteca
A biblioteca do Centro de Educação tem sido o espaço de realização de diversas ações, com o intuito de trazer mais pessoas e manter o local vivo. Parcerias com escolas, rodas de conversa, gincanas, o Troca Troca Solidário (em que doa-se um item e pode trocar por outro), contação de histórias, exposições de brinquedos antigos, disponibilização de jogos educativos, campanhas de doações de livros no Natal, a criação de uma biblioteca comunitária para o público não vinculado à biblioteca setorial, são apenas algumas das atividades realizadas.
“Não tem um calendário certo, fazemos de acordo com as necessidades da comunidade acadêmica e externa, e de acordo com as demandas do nosso público principal que é o CE. Recebemos estudantes de todos os centros e cursos”, comenta a Técnica em Assuntos Educacionais, Débora Marshall.
A coordenadora da Biblioteca Setorial, Anna Claudia da Costa Flores, explica que além das ações desenvolvidas pela própria biblioteca, também são muito importantes as atividades como a exposição, em parceria com os docentes e alunos do CE. “Significa que a nossa proposta está dando certo, que é as pessoas virem aqui, utilizando esse espaço. A biblioteca antiga é aquela só de emprestar e receber livros, e se as bibliotecas não se adaptarem elas vão morrer. Mas podemos ressignificar elas, utilizar para um meio social, percebemos essa demanda de estimular a leitura. Sempre colocando em evidência que o aluno tem que estar aqui, o professor tem que estar aqui”, comenta Anna.
Confira mais detalhes no Instagram da biblioteca do CE.
Texto: Giulia Maffi, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Camila Londero, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias
Edição: Pedro Pereira, jornalista