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Pesquisador da UFSM colabora na conquista da Indicação Geográfica da erva-mate da região de Machadinho

Relatórios técnicos desenvolvidos na Universidade deram suporte para o reconhecimento da IG



A erva-mate, matéria-prima do tradicional chimarrão, é o alimento mais característico da cultura gaúcha. Estima-se que cerca de 100 mil toneladas da erva sejam consumidas anualmente pela população do Rio Grande do Sul, conforme o Instituto Brasileiro de Erva-Mate (Ibramate).

Tendo isso em mente, em fevereiro deste ano a região de Machadinho recebeu o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) como produtora de erva-mate, título concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Segundo o INPI, “a Indicação Geográfica (IG) identifica a origem de um produto ou serviço que tem certas qualidades graças à sua origem geográfica ou que tem origem em um local conhecido por aquele produto ou serviço”.

A conquista da IG contou com o suporte científico do professor do Departamento de Fitotecnia da UFSM Dilson Bisognin, que explica o valor desse reconhecimento. “Com o tempo essa conquista trará uma maior valorização do produto, ou seja, os produtores passarão a comercializar um produto com um maior valor agregado, porque as IGs oferecem uma credibilidade de segurança e qualidade ao produto, logo o consumidor terá preferência”, afirma.

Além disso, Dilson destaca que a IG reforça a valorização cultural e histórica da erva-mate em relação ao estado. “A planta da erva é a planta símbolo do Rio Grande do Sul. O chimarrão segue esse mesmo caminho, porque é a bebida tradicional da nossa região”, afirma o professor, baseando-se na Lei nº 11.929, de 20 de junho de 2003, a qual define o chimarrão como “Bebida Símbolo do Rio Grande do Sul”. 

A conquista da IG de Machadinho deve-se aos relatórios técnicos que o professor da UFSM elaborou sobre a região do Alto Taquari. Ele explica que os dados recolhidos remeteram às condições edafoclimáticas dos locais, e consideraram os principais impactos na produtividade e qualidade da erva-mate. “O Alto Taquari é o polo com a maior produção do Estado. Por isso, nossas pesquisas buscam caracterizar a qualidade dos produtos dessas regiões”, argumenta. O reconhecimento da IG para o Alto Taquari também já foi solicitado, e os relatórios desenvolvidos contribuirão nesse processo de obtenção da Indicação.

Qual a importância de estudar sobre erva-mate?

O Instituto Pasteur, fundação francesa voltada a estudos biológicos, reconhece a erva-mate como “uma das plantas mais completas do mundo”. Isso porque, segundo dados, a espécie possui cerca de 237 compostos biofuncionais, que são capazes de atuar nos processos metabólicos e reduzir o risco de surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e Alzheimer.

foto quadrada colorida de duas fileiras de plantas de uma altura de cerca de 2 metros, entre elas gramíneas, ao fundo céu nublado
Plantas em produção de um clone desenvolvido no grupo de pesquisa liderado pelo professor Dilson Bisognin

Dessa forma, Dilson argumenta que os estudos sobre a erva-mate revelam um grande potencial relacionado à saúde humana. “Temos uma série de compostos que são altamente benéficos para a nossa saúde. É um alimento e um suporte”, comenta.

Além disso, o professor destaca que a visibilidade, que acompanha a IG sob certo produto, aumenta o reconhecimento sobre ele. Logo, permite que a comunidade científica atente-se para ele, estude e retorne para a sociedade as descobertas favoráveis à humanidade.

Erva-mate e a Universidade

Na UFSM, os relatórios técnicos da região do Alto Taquari foram desenvolvidos no projeto de pesquisa “Melhoramento e Propagação Vegetativa de Plantas (MPVP)”, liderado por Dilson. No projeto, dentre diversas atividades, são realizados estudos sobre a genética da erva-mate e as formas de propagação da espécie. “Nós estudamos formas de clonagem e melhoramento da qualidade do produto por meio da manipulação genética. Atualmente, estamos no estágio de lançar essas plantas selecionadas e fazermos testes para ver se será possível fazer com que essa tecnologia de clonagem chegue aos produtores”, conta o docente.

Dilson explica que, na prática, a clonagem representa a replicação de um indivíduo. Nesse sentido, se uma planta clonada de erva-mate com alto teor cafeína, por exemplo, for inserida em uma plantação, as ervas ao redor irão replicar essa característica. Assim, segundo o pesquisador, o uso dessa tecnologia permite que haja melhor controle sobre a qualidade do produto.

Os avanços já são uma realidade. Em março de 2024 a UFSM firmou parceria com o Ibramate na intenção de aprimorar as pesquisas de clonagem que já ocorriam na Universidade, e levar a tecnologia para outras regiões do Rio Grande do Sul. A reportagem completa sobre o assunto pode ser conferida aqui.

Texto e arte gráfica: Pedro Moro, estudante de Jornalismo e bolsista na Agência de Notícias
Foto: arquivo pessoal de Dilson Bisognin
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista

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