A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) participou, nos dias 18 e 19 de fevereiro, do 1º Seminário de Acompanhamento do Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação (PROEXT-PG), promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O evento ocorreu no auditório do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Florianópolis, reunindo representantes de mais de 40 instituições de ensino superior da região Sul.

Durante o evento, os participantes avaliaram o impacto das atividades de extensão na pós-graduação e compartilharam experiências, buscando aprimorar as práticas extensionistas voltadas ao desenvolvimento sustentável, à cidadania e à justiça social. A programação incluiu debates sobre a integração entre extensão e pesquisa, bem como estratégias para ampliar o impacto das ações junto à sociedade.
A participação da UFSM ocorreu no primeiro dia do evento. A apresentação foi realizada pela Pró-Reitora Adjunta de Extensão, Jaciele Sell. Na entrevista a seguir, Jaciele detalha os avanços alcançados pela UFSM no PROEXT-PG, destacando a integração entre extensão e pós-graduação, o investimento institucional diferenciado e as trocas de experiências no evento, que contribuirão para o fortalecimento do programa nos próximos anos.
1- Como você avalia a trajetória da UFSM no PROEXT-PG até agora? Quais avanços foram apresentados no seminário?
Nossa trajetória tem sido construída de forma sólida e seguindo com bastante qualidade os princípios do programa da Capes. Apresentamos avanços em diversas frentes, desde a governança, com a institucionalização do comitê gestor conjunto entre pesquisa e extensão, até a democratização do acesso aos recursos por meio de edital. Também temos focado na popularização do conhecimento e na divulgação das ações, com a contratação da Aluata, além da execução de diversas iniciativas dos projetos selecionados diretamente nos espaços das comunidades.

2- Como a atuação da UFSM no PROEXT-PG se compara à das outras universidades presentes no evento? A UFSM se destacou em algum aspecto específico em relação às demais instituições?
A forma como a UFSM organizou seu PROEXT-PG é exemplo na região Sul. Isso fica evidente pelos avanços conquistados em um curto período de implementação, pelas metodologias de trabalho empregadas e, principalmente, pelo trabalho integrado entre extensão e pós-graduação. Observamos que, nas universidades onde essa aproximação ocorreu de forma orgânica, os avanços também têm sido mais efetivos.
O grande destaque da UFSM no programa foi o investimento institucional, por meio da concessão de bolsas de iniciação à extensão e de inserção social para cada um dos 10 projetos aprovados no edital. Esse tipo de apoio com recursos próprios não é comum em outras universidades, e a prioridade dada pela UFSM à extensão tem sido um diferencial, perceptível tanto no dia a dia quanto nesses espaços de troca com outras instituições.
Além do investimento financeiro, outro ponto que diferencia a UFSM é a estruturação do PROEXT-PG em torno de novos projetos e ações de extensão na pós-graduação. Em geral, as universidades optaram por financiar iniciativas já existentes, enquanto a UFSM apostou no desenvolvimento de novas frentes.
3- Houve alguma estratégia ou iniciativa compartilhada no evento que chamou sua atenção e que poderia ser replicada pela UFSM?
Duas iniciativas chamaram atenção. A primeira, ainda que não relacionada diretamente ao PROEXT-PG, foi a criação de um edital “indissociado” entre ensino, pesquisa e extensão, voltado a projetos que consigam comprovar ações que envolvam as três frentes nas universidades.
Outro exemplo interessante, adotado por algumas universidades no âmbito do PROEXT-PG, é a possibilidade de custear transporte e alimentação para estudantes extensionistas envolvidos nas atividades, por meio de ressarcimentos com comprovantes de aplicativos de transporte, como Uber e 99. Essa medida é fundamental para enfrentar um dos maiores desafios da extensão: garantir o deslocamento e a chegada efetiva às comunidades.
Além disso, discutiu-se a criação de cursos voltados a docentes e pós-graduandos, com o objetivo de aprofundar a compreensão sobre extensão na pós-graduação e como atrelar isso ao ensino na pós-graduação e às dissertações e teses, por exemplo. Embora a construção de algo a nível nacional demande tempo, já é possível pensar em iniciativas dentro da própria UFSM.
Por fim, um tema recorrente em praticamente todos os eventos sobre extensão foi a necessidade de estabelecer indicadores para avaliação das ações extensionistas. Nesse sentido, em diálogo com a UFRGS e a UFPel, já surgiu a possibilidade de construir um Observatório da Extensão do Rio Grande do Sul.
4- Quais desafios comuns foram discutidos no seminário e como a UFSM tem enfrentado essas questões?
Entre os desafios mais recorrentes mencionados no seminário estão a sobrecarga de trabalho dos docentes, a dificuldade na execução financeira (centralizada em apenas uma pessoa), a falta de entendimento sobre o que caracteriza, de fato, a extensão e, principalmente, a escassez de fomento para bolsas voltadas à extensão.
Nesse último ponto, a contrapartida financeira da UFSM para as bolsas se destaca como um diferencial, pois acreditamos que a extensão só se concretiza plenamente quando envolve estudantes, integrando as atividades extensionistas à formação acadêmica.
5- De que forma a participação no seminário pode contribuir para fortalecer a integração entre pesquisa e extensão na pós-graduação da universidade, em especial os projetos do PROEXT-PG?
A troca de experiências entre as instituições participantes e a Capes foi extremamente enriquecedora, contribuindo para o fortalecimento da extensão e para a consolidação do PROEXT-PG. Esse diálogo reforça a importância da manutenção do programa nos próximos anos e a necessidade de novos editais.
Além disso, as trocas entre pró-reitores de extensão e de pesquisa e pós-graduação foram fundamentais para ampliar a compreensão das necessidades, particularidades e pontos sensíveis de cada área, principalmente no que se refere à relação entre pesquisa e extensão. Isso é especialmente relevante porque muitos pesquisadores ainda não têm uma trajetória ou cultura voltada para a extensão universitária.
Outro ponto positivo foi a criação de um novo canal de comunicação entre os coordenadores do PROEXT-PG e os pró-reitores da região Sul, por meio de um grupo de WhatsApp, o que facilitará futuras articulações.
Sobre o PROEXT-PG
O Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação (PROEXT-PG) visa fortalecer as atividades de extensão na pós-graduação, promovendo a integração entre ensino, pesquisa e extensão em diálogo com a sociedade. O programa busca contribuir para a formulação de políticas públicas socialmente relevantes e a redução das desigualdades regionais no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG).