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Fortalecer as infâncias para transformar territórios

Projeto de extensão cria espaços intersetoriais para acolher crianças em situação de vulnerabilidade e promover práticas educativas em defesa da diversidade



A defesa das infâncias envolve a criação de políticas que valorizem a diversidade e a inclusão social. O projeto ‘Coletivo Fluir: territórios educativos intersetoriais de ações e políticas em defesa das crianças em contextos vulneráveis’  busca articular ações que fortaleçam o trabalho colaborativo entre a Universidade e a comunidade, com foco na criação de espaços de escuta e acolhimento em territórios de vulnerabilidade.

A iniciativa  foi contemplada pelo Edital Proext-PG UFSM Além do Arco e é coordenado por Taciana Camera Segat, professora do Departamento de Metodologia do Ensino e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Gestão Educacional da UFSM. Para compreender mais sobre os impactos sociais esperados e a relevância da extensão universitária na formação acadêmica, conversamos com a coordenadora do projeto, que compartilha suas reflexões e perspectivas nesta entrevista.

Como o projeto visa impactar a sociedade? 

Este projeto reafirma o compromisso com a defesa dos direitos das crianças e das infâncias, organizando o trabalho a partir da criação de territórios que se estruturam na potência e na multiplicidade das relações entre espaço, tempo, sujeitos e formação. São territórios educativos intersetoriais (TEI) que evidenciam as situações de vida/existência reveladas pelas crianças, tomando-as como referência para construir resistências e lutas coletivas. Essas lutas incluem práticas formativas, políticas, educativas e de gestão educacional e intersetorial do cotidiano.

Exemplos disso são as ações realizadas pelo Coletivo Fluir durante a calamidade climática no Rio Grande do Sul em 2024, que foram ganhando concretude nas relações com crianças, famílias, professores, gestores e outros setores da sociedade, sempre em uma perspectiva intersetorial. O projeto se compromete com ações e políticas que possam fazer resistência à exclusão, promovam inclusão social e fortaleçam uma cultura política educacional que defende a diversidade e as diferenças, vendo as infâncias como possibilidades de futuro.

Por que isso é importante? 

A preocupação deste coletivo com a defesa das infâncias se movimenta pela possibilidade de criar ações, articuladas a partir da Universidade, que promovam políticas intersetoriais em defesa das crianças em situação de vulnerabilidade. Essas ações buscam criar, nos territórios, espaços de escuta e acolhida. Parte-se do princípio de que as formas de compreensão das crianças e das infâncias não podem ser entendidas como naturais e universais. Essas diferentes infâncias são produzidas de forma heterogênea, em diferentes lugares e de diferentes formas, tendo como base diferentes contingentes educacionais, psicológicos, culturais, sociais, políticos, regionais e econômicos. 

É nesse contexto, marcado por fragilidades, que se encontram as crianças e suas famílias, e também as escolas, gestores/as, professores/as e profissionais que participam de diálogos e projetos intersetoriais. É um cenário marcado por tensões, problematizações e indagações e que tem mobilizado o pensamento e a atitude de resistência do Coletivo Fluir em defesa das infâncias. Acreditamos que é importante a criação de ações e políticas que têm como base princípios educativos, éticos, estéticos e criativos, corresponsáveis pelo futuro das crianças e pela construção de uma cidade educadora.

Como participar de projetos de extensão influenciou a tua carreira? 

Permitiu que eu compreendesse como a produção de conhecimentos entre a universidade e a comunidade se fortalece no processo de investigação e do trabalho colaborativo.

Qual é a importância de um edital como o Proext-PG para estimular a extensão na pós-graduação? 

Um edital desta natureza é de extrema importância, considerando que tem impulsionado de forma significativa a participação dos alunos da pós-graduação nas ações de extensão, redimensionando o processo formativo dos alunos e vinculando estes percursos formativos às necessidades educacionais e sociais da comunidade local e regional. Além disso, reforça a estreita relação das ações de ensino, pesquisa e extensão. 

Por que graduandos e pós-graduandos deveriam participar de projetos de extensão? 

A participação de estudantes em projetos de extensão possibilita a criação de espaços criativos para problematizar e construir conhecimentos. Esses espaços oportunizam a compreensão e a mobilização de perspectivas profissionais, além de fortalecer processos de interação dialógica que conectam os estudantes às demandas reais da sociedade. 

Em 2026, quando finalizam os meses previstos para a execução do projeto, que mudanças você imagina que terão ocorrido nas comunidades apontadas como os principais público-alvo do projeto?

 Em 2026, imaginamos:

  • O “desemparedamento” das crianças
  • O fortalecimento do trabalho colaborativo entre coletivos de professoras das escolas de Educação Infantil
  • A implementação de disciplinas extensionistas na pós-graduação, com práticas pedagógicas voltadas para a interação transformadora com as comunidades externas.

Os impactos sociais serão considerados quando atingirmos também a construção de acervos material e tecnológico para a produção e constituição de Territórios Educativos Intersetoriais à disposição do trabalho com as infâncias e a ampliação da população-alvo no que se refere a escolas participantes, crianças, famílias e comunidades envolvidas, além de profissionais em formação.

Texto: Luciane Treulieb, jornalista

Ilustração: Evandro Bertol, designer 

Aluata Comunicação e Ciência

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