Tendo em vista as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio deste ano, a designer de Comunicação Visual e doutoranda da Universidade de Ferrara, na Itália, Laura Bortoloni está desenvolvendo uma pesquisa que investiga a percepção da população sobre os riscos hidrológicos representados em mapas.
O trabalho é desenvolvido em parceria com o Departamento de Artes Visuais e o Laboratório de Geologia Ambiental (Lageolam) da UFSM, e busca investigar como o design da informação, o design gráfico e a cartografia podem contribuir para disseminar informações complexas sobre desastres naturais. No momento, a pesquisa está em fase de coleta de dados sobre mapas informativos, via questionário no Google Forms, que pode ser preenchido até 31 de janeiro de 2025.
A inspiração para a pesquisa de Laura surgiu de uma problemática. “Às vezes, essas representações são tão complexas que invalidam a possibilidade de serem entendidas pelo público em geral”, argumenta a doutoranda. Nesse sentido, o trabalho busca entender como os mapas podem ajudar a reduzir o impacto dos eventos climáticos extremos.
A pesquisa e a UFSM
Na UFSM, a professora do Departamento de Artes Visuais, do Centro de Letras e Artes (CAL), Cristina Ribas foi responsável por conectar Laura com o triste cenário presenciado no Estado. “Quando cheguei na UFSM, eu iniciei o projeto ‘Cartografia das águas’, onde estudamos os desafios que as águas trazem e a sua relação com os mapas e percepção das pessoas sobre elas. Depois, eu recebi uma mensagem da Laura e começamos a conversar sobre a pesquisa dela”, descreve Cristina.
Após o contato, Cristina e Laura passaram a unir os conhecimentos. “No início, eu passei para ela alguns mapeamentos que eu já havia feito em meu projeto e passamos a ajustar os parâmetros para que ela viesse fazer uma visita de campo. Por causa das enchentes, o município se tornou o objeto da pesquisa dela”, explica a docente.
Em novembro de 2024, Laura chegou em Santa Maria e, com auxílio da equipe do Lageolam – que na época desenvolvia o Plano Municipal de Redução de Riscos -, realizou uma visita para conhecer as áreas de risco dos bairros Urlândia e Santos.
Com as observações da visita, a pesquisadora, em parceria com o Lageolam, desenvolveu o mapa de riscos hidrogeológicos do bairro Urlândia. O mapa também foi utilizado no questionário da pesquisa, com a ideia de estudar a percepção e compreensão do respondente sobre a imagem e seus elementos técnicos e gráficos. Nesse sentido, o mapa desenhado vai contra as representações usuais — que normalmente trazem mapas mais gerais — porque aborda os riscos específicos em cada moradia do bairro.
O que será feito com os resultados?
Preparação e mitigação são duas palavras-chave que guiam o futuro da pesquisa. “Espero que mapas melhor projetados, e desenvolvidos ouvindo as necessidades dos cidadãos, possam ajudar a aumentar a conscientização sobre riscos e perigos”, detalha a pesquisadora.
Como parte da pesquisa contou com o redesign de mapas do bairro Urlândia, Laura tem a esperança de que seu trabalho colabore para a região. “Na última parte do questionário, há uma série de mapas de risco da Urlândia, um bairro de Santa Maria fortemente afetado pela enchente, no qual o Lageolam está trabalhando. Espero que os resultados me ajudem a entender quais escolhas visuais são mais úteis e eficazes para transmitir a mensagem, que, neste caso, é o nível de risco”, finaliza a doutoranda.
Para perguntas ou mais informações sobre a pesquisa, o e-mail de Laura é laura.bortoloni@unife.it.
Texto e fotos: Pedro Moro, acadêmico de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista