Tendo como tema geral as “Conexões entre educação básica e superior”, a edição 2024 do Compartilhando Saberes debateu nesta terça-feira (12) no Centro de Convenções da UFSM os desafios do ensino nas escolas e a formação de professores nas universidades. Realizado anualmente desde 2017, o seminário contou com um formato novo neste ano, com espaço para representantes das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e da Secretaria Estadual da Educação (Seduc/RS) realizarem debates, além de relatar desafios e apresentar projetos.
O evento deste ano foi pensado em um formato diferente das edições anteriores, com mais espaço para a participação ativa das CREs secretarias municipais e Seduc/RS. Além de relatarem seus desafios e apresentarem projetos, os representantes da rede básica também contribuíram na reflexão sobre as competências que devem ser aprimoradas durante o processo de formação dos novos professores.
Neste ano, o Ministério da Educação atualizou as Diretrizes Curriculares Nacionais de formação no ensino superior para atuação na educação básica. Agora todos os estudantes de licenciatura devem ter a vivência escolar desde o primeiro semestre. Para a modalidade remota, passa a ser exigido que 50% da carga horária do curso seja presencial. Essas alterações também vão modificar a estrutura do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para as licenciaturas. Agora serão realizadas anualmente avaliações teóricas e práticas de todos os cursos de licenciatura.
“O objetivo do evento é pensar a educação conectada como um todo. A educação básica deve estar em contato com o ensino superior durante todo o processo de aprendizagem, não apenas nos anos finais. Da mesma forma, a educação superior precisa refletir os desafios e vivências do ensino básico, para que ela não seja algo descolado da realidade”, destacou o pró-reitor de Graduação da UFSM, Jerônimo Tybusch.
Programação com aprendizados para profissionais em formação e já formados
Pela manhã, a programação enfatizou as discussões voltadas para a educação elementar. Antes dos debates, a banda marcial do Colégio Estadual Manoel Ribas fez uma apresentação artística durante a abertura do evento. Após a apresentação, o diretor-geral da Seduc/RS, André Domingues, e a superintendente pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Santa Maria, Joele Baumart, falaram sobre “Programas e ações em favor da aprendizagem, da permanência escolar e de articulações entre educação básica e superior”. Em seguida, o pró-reitor de Graduação apresentou as formas de ingresso na UFSM para os participantes.
À tarde, a programação iniciou-se com a participação do Coro de Câmara da UFSM, regido pelo professor Cláudio Antonio Esteves, acompanhado pelo violonista Renato Serrano, ambos professores dos cursos de Música. Após a apresentação, houve um debate sobre “Novas diretrizes do Enade para os cursos de licenciatura / Programa de Estágio Nosso Docente”.
Participaram da mesa dois representantes do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): Patrício Marinho, coordenador-geral de elaboração dos exames da educação superior, e Davi Toledo, coordenador de gestão do Enade. Também participou a mentora da equipe diretiva do Centro de Desenvolvimento dos Profissionais da Educação (órgão da Seduc/RS), Mely Paula Cimadevila. Para quem não pôde participar do seminário, é possível assistir no Youtube (no canal da Pró-Reitoria de Graduação) às palestras e mesas de discussão do Compartilhando Saberes 2024.
Cristina Venites é professora de ciências da natureza na Escola Estadual de Ensino Médio Afonso Maurer, no município de Toropi, e estudante da Especialização em Educação Ambiental da UFSM. Para ela, o Compartilhando Saberes é outra forma de continuar a sua capacitação como docente. “O debate sobre educação muitas vezes se resume a dados. Aqui é o espaço para contextualizar esses dados e utilizá-los para discutir a realidade e o que pode ser feito para melhorá-la”, afirma.
A estudante Rafaella Viera, do 6º semestre da Licenciatura em Letras, compareceu ao seminário para entender as alterações na metodologia de avaliação do Enade para os cursos de licenciatura e o novo formato de estágio previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais. A discente espera que essas novas determinações criem uma estrutura que possa dar mais suporte aos futuros professores em suas primeiras experiências nas escolas. “A sala de aula muda a nossa percepção sobre o ato de lecionar e nos aprimora profissionalmente. Tornar esse processo mais supervisionado é proveitoso tanto para a formação enquanto professor quanto para a aprendizagem dos alunos”, avalia.
Texto: Bernardo Silva, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Gustavo Damascena, estudante de Desenho Industrial e bolsista da Agência de Notícias