Na tarde desta sexta-feira (25), teve fim a 1ª edição da Semana de Inovação promovida pelo InovaTec UFSM Parque Tecnológico. Sediado no Shopping Praça Nova, o encerramento ocorreu do meio-dia às 14h e foi prestigiado por quem circulava pelo estabelecimento. Para retirar as bebidas e os pratos desejados, cada pessoa precisou entrar no aplicativo da franquia Delivery Much, realizar seu cadastro e fazer seu pedido. Um balcão com profissionais da franquia estava disponível para tirar dúvidas e auxiliar os interessados em provar os alimentos.
Inicialmente, haviam sido programadas cinco tardes de exposição dos produtos alimentícios inovadores. No entanto, a degustação marcada para a quinta-feira (24) na Polifeira do Agricultor foi suspensa ainda pela manhã, em virtude do alerta de tempestade para Santa Maria e região.
De acordo com a agente de comunidade do InovaTec, Andreia Capssa, nos três primeiros dias de atividade, o público atingido dentro da UFSM foi administrativo e acadêmico. Para o último dia, a intenção foi levar as pesquisas da UFSM para além do arco, tanto para divulgar as foodtechs – empresas que desenvolvem seus alimentos a partir de estudos na universidade – quanto para abordar novas possibilidades de consumo.
Andreia afirma que o objetivo é levar qualidade para a mesa do público. “Queremos mostrar que estamos tentando oferecer o que se entende como melhor, mais saudável. É uma nova maneira de experimentar, de viver uma experiência com a comida. Pensamos em questões de saúde e damos uma característica de importância para a alimentação.”
De grão em grão, a ciência chega à comunidade
Pela UFSM, o evento teve apoio da Pró-Reitoria de Inovação e Empreendedorismo (Proinova), curso de Tecnologia em Alimentos, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), Restaurante Universitário (RU) e Polifeira do Agricultor. A organização contou, ainda, com suporte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Meat Group, Delivery Much, Magnuts, Zagaia Brewery, Shopping Praça Nova e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RS), que é residente no Inovatec.
A analista de articulação de projetos de inovação e agronegócio do Sebrae/RS, Cibele Scherer, define a parceria entre a entidade e a UFSM como pioneira, uma vez que o Inovatec é o primeiro parque tecnológico onde a entidade é residente. Ela define o trabalho com foodtechs como “robusto e complexo”.
A professora de ciências Ângela Durand não conhecia o termo foodtechs e nem sabia que esse tipo de tecnologia era produzido na UFSM. “Isso é totalmente novo para mim. Adorei o cachorro-quente com salsicha diferenciada que remete totalmente à ‘normal’, mas ao mesmo tempo é muito mais saudável. Hoje em dia, mais pessoas optam por ser veganas e vegetarianas, e essa é uma forma de inclusão. São várias possibilidades para um público muito maior, todo mundo acaba comendo”, declara.
Avaliação pública
Após a degustação, todos os visitantes foram convidados a responder um questionário rápido e digital de avaliação sensorial, disponibilizado por meio de um QR Code. Segundo a coordenadora do curso de Tecnologia em Alimentos, Flávia Dalla Nora, os feedbacks são essenciais para que, além da qualidade microbiológica e físico-química, o alimento agrade sensorialmente quem o consome.
A professora informa que a análise sensorial contribui para aumentar as chances de aquisição posterior do produto, pois o gosto do consumidor vai mudando com o tempo. “Hoje, por exemplo, estamos fazendo uma análise sensorial com o produto plant-based com hambúrguer vegano, porque o perfil do consumidor está mudando, ele está olhando um pouco mais para essa sustentabilidade e o tipo de alimento. Se o produto estiver à venda no mercado, qual é a chance de ser comprado? Pensamos nisso.”
Responsável no curso pela disciplina de Análise Sensorial, Flávia explica que a preocupação com a parte sensorial do alimento está presente em diversas etapas, mas que é essencial estar alinhada antes que o produto seja comercializado. “Assim que se tem uma formulação pronta, que se está começando a avaliar esse produto para colocar no mercado, começam os testes sensoriais. Vemos se a textura e o sabor estão adequados, se há algo para melhorar. Isso é feito até que se chegue em um denominador comum onde a maior parte dos consumidores diz que o produto está legal”, complementa.
Um prato cheio para o futuro
Professoras e estudantes dos anos iniciais da Escola Estadual de Ensino Fundamental João Eduardo Witt Schmitz, de Santiago, aproveitaram o passeio escolar para conhecer os alimentos inovadores. Após uma visita ao Planetário da UFSM, a parada foi o estande do InovaTec no shopping.
A diretora da instituição, Elieti Finamor, conta que, por se tratar de uma escola periférica, a intenção de visitar Santa Maria foi fazer com que as crianças descobrissem novas possibilidades de acesso. “Foi uma maravilha nos encontrarmos nesse evento. Trouxemos eles para descobrirem coisas novas, criatividade, interesse. Assim, tiramos eles um pouco daquela realidade, já que muitos nem vão ao centro da nossa cidade. São nesses momentos que eles têm um olhar um pouquinho diferenciado”, relata.
Aluno do primeiro ano, Miguel Couto, de 6 anos, adorou a experiência. Questionado sobre o sabor do not-dog – cachorro-quente com salsicha à base de plantas – que estava comendo, prontamente respondeu: “Gostei bastante. Nota mil!”. As lagartixas de chocolate branco e cascas de laranja fabricadas por uma impressora 3D também atraíram a curiosidade do pequeno.
Mais um coração conquistado pelos alimentos foi o da estudante do terceiro ano Maria Eduarda Freitas, de 9 anos. “Me apaixonei! Não sabia que existia isso, nunca soube dessas comidas. A carne é parecida, provaria de novo. Acho impressionante. Não gosto muito de vegetais, mas assim eu gostei.”
Elieti destaca que essa experiência fortalece o que a escola já propõe aos alunos: horta escolar, produção de sabão com óleo reutilizado e coleta de garrafas PET. “Isso reflete na alimentação e na visão de mundo das crianças. O que se planta na escola, eles levam para a família. Eles cobram também dos pais a questão da sustentabilidade. Há pouco tempo, pagamos ingressos de cinema com garrafas e demais materiais que eles coletaram e trocaram. A gente plantando uma, duas ideias, já é suficiente para isso se reproduzir”.
Próximas edições
Andreia Capssa avalia a edição como um sucesso e acredita que essa será a primeira de muitas outras. “Todos os dias nós tivemos um público muito bom participando, conhecendo os nossos produtos, retirando os seus pedidos, fazendo a reflexão. E isso está sendo um prazer, fazer com que saibam de que maneira o produto chega na mesa deles.”
A agente afirma que algumas propostas ainda estão sendo desenvolvidas em laboratório, mas que já há apoiadores para o próximo ano. “Quando a gente une pesquisa e empresa, a gente alcança a inovação. Então, a gente já tem novos parceiros para assim que os produtos saírem dos laboratórios e puderem ser disponibilizados para o público”, conclui.
Texto: Kemyllin Dutra, acadêmica de Jornalismo e voluntária da Agência de Notícias
Fotos: Laurent Keller, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Lucas Casali