Redigir um ensaio filosófico em até quatro horas sobre filosofia política, epistemologia ou metafísica. Esse foi o desafio da 1ª Olimpíada Nacional de Filosofia (ONFIL) na manhã desta sexta-feira (18) nas salas 4400 e 4402 do prédio 74C. A atividade reuniu no campus sede, 37 estudantes e 40 professores do ensino médio de escolas públicas e privadas de todas as unidades da federação. Promovida pela Universidade Federal de Santa Maria, a competição científica tem financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), com apoio de dezenas de instituições de ensino superior.
Os estudantes tiveram de escolher um entre quatro temas propostos para a produção textual. A professora Mitieli Seixas, do Departamento de Filosofia da UFSM, explica que a prova traz temas filosóficos variados, de diferentes tradições teóricas e abrange diversidade geográfica, de gênero e de raça. Os idealizadores da ONFIL são a professora Mitieli e o professor Gustavo Coelho, do Colégio Israelita Brasileiro de Porto Alegre.
A partir deste ano, a ONFIL passa a integrar o calendário de olimpíadas científicas do MCTI e do CNP. Para Mitieli, as olimpíadas de conhecimento têm um papel importante na motivação dos estudantes da educação básica. “Queremos fomentar tanto o ensino de filosofia na educação básica, quanto a formação integral dos estudantes, a partir da reflexão sobre a ética, a cidadania e questões filosóficas específicas para os desafios do século XXI como o enfrentamento às mudanças climáticas, os desafios impostos pela IA e o enfrentamento à desinformação”, comenta.
A professora Sandra Regina, do Colégio Técnico Rural da Universidade Federal do Rio de Janeiro, conta que o estudante selecionado para a ONFIL foi o monitor de filosofia e que o preparo abrangeu a tradução e a leitura dos ensaios para compreensão da estrutura textual.
O estudante João Henrique Flores, 17 anos, do 3º ano da Escola Estadual Presidente Vargas, de Dourados (MS), apostou no conhecimento prévio. “Eu tenho uma bagagem densa de filosofia, pois estudo desde pequeno”, comentou.
Abertura e programação
O professor Ronai Pires da Rocha, do Departamento de Filosofia da UFSM, foi o responsável pela palestra de abertura da ONFIL no Caixa Preta, nesta quinta (17). Ronai discutiu o tema “Afinal, o que é uma escola?. Os presentes também puderam apreciar apresentação do pianista Abigail Somavilla, da Orquestra Sinfônica de Santa Maria.
A ONFIL segue até sábado (19), às 18h, no Lab Criativo da Gare, com apresentação da Orquestra Infantojuvenil do Projeto Ação Social da Pallotti, seguida da entrega das medalhas aos melhores colocados.
A programação ainda contempla momentos abertos à comunidade em geral e específicos para os participantes da olimpíada, 37 estudantes e 40 professores. Estão previstas palestras, workshops, palestras e passeios guiados, como por exemplo, ao Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) e ao distrito de Vale Vêneto, em São João do Polêsine.
Seletivas regionais da ONFIL
A ONFIL recebeu cerca de 560 inscrições de estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas. Em torno de 500 alunos fizeram a prova, aplicada de forma simultânea em 40 locais distribuídos em todas as unidades da federação, no dia 28 de junho deste ano.
Os 20 melhores colocados em cada uma das cinco regiões são selecionados para a ONFIL. Em cada região, os dois melhores recebem bolsas do programa de Iniciação Científica Júnior do CNPq.
Olimpíada internacional
A Olimpíada Internacional de Filosofia (IPO – International Philosophy Olympic) é uma modalidade de olimpíada científica realizada há mais de 30 anos pela Federação Internacional de Sociedades de Filosofia, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Na IPO, os participantes redigem os ensaios filosóficos em um idioma diferente do materno. Os textos podem ser escritos em inglês, espanhol, francês ou alemão. Em função disso, a classificatória para o mundial também é em língua estrangeira.
Texto: Maurício Dias, jornalista
Colaboração: Luísa Soccal, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCSH
Fotos: Carolina Schneider Bender/Subdivisão de Comunicação CCSH e Luísa Soccal/Subdivisão de Comunicação CCSH
