Após a aventura no Campeonato Regional Sul no mês de julho em solo curitibano, o atleta Daniel Gelsdorf, do time de goalball da UFSM, chamou a atenção da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV). Devido ao seu desempenho na competição, ele foi convidado pela entidade a participar dos Jogos Juvenis, que iniciaram na quinta-feira (17) e vão até a quarta-feira (23) e reúnem mais de uma centena de jogadores
A competição, que está em sua segunda edição neste ano, é disputada por equipes formadas por atletas selecionados pela CBDV com, no máximo, 23 anos de idade, que representam as cinco regiões do país. As atividades serão sediadas no Centro de Treinamento do Comitê Paralímpico Brasileiro, o CT Paralímpico, na cidade de São Paulo. Esta é a primeira vez que a Universidade tem um jogador convocado.
“É um marco. Me sinto orgulhoso de ter chegado até aqui mesmo com todas as limitações de tempo para treinar. Estar nos Jogos Juvenis só me motiva a treinar mais para continuar evoluindo”, afirmou Gelsdorf.
O time de goalball da UFSM é um projeto de extensão desenvolvido pelo Núcleo de Apoio e Estudos da Educação Física Adaptada (NAEEFA), do Centro de Educação Física e Desporto (CEFD), coordenado pela professora Luciana Palma.
Guri da Federal
Natural de Candelária, Gelsdorf tem 21 anos e começou a praticar a modalidade através da própria Universidade. A vida nos esportes iniciou no atletismo, em que atuou nas categorias de 100 e de 400 metros rasos, durante a escola. No currículo, também consta um período de prática do salto em distância, mas o que realmente o fez cair de cabeça neste cenário foi o goalball, em 2023.
“Foi muito legal receber a mensagem. É uma oportunidade única de conhecer toda a estrutura do CT Paralímpico e de absorver conhecimentos”, contou o jogador sobre o momento em que foi convidado para os Jogos Juvenis. Ele dividirá a quadra com atletas de outras equipes da Região Sul, os quais, embora conheça, nunca teve a oportunidade de chamar de colega de time. “Vão ser momentos de muita troca e aprendizado”, destacou.
Os Jogos Juvenis são promovidos pela CBDV com o objetivo de incentivar as instituições que contam com elencos de goalball a se desenvolverem. A ideia é oportunizar aos mais de 100 selecionados a vivência em meio ao cenário de alto rendimento situado em São Paulo. “Quando a competição vai se aproximando, é normal ficar na expectativa, até porque a competição não vai ser a única novidade pra mim, visto que esta vai ser minha primeira vez indo para São Paulo, minha primeira viagem de avião… Surge um pouco de nervosismo”, admitiu. Apesar disso tudo, o representante da UFSM promete: “quero continuar evoluindo e tentar a cada jogo, cada treino, fazer melhor do que fiz na oportunidade anterior”.
No caminho certo
Mateus Manchini, aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação e um dos treinadores da equipe, revela que o grupo por trás do elenco de goalball já esperava a convocação de Gelsdorf. Isso se dá pois o cenário de goalball é composto por uma grande parcela de atletas com idade avançada e, assim como o jovem, com pouco tempo livre para treinamentos.
Entretanto, o que fez o candelariense se destacar e ser selecionado, na visão do técnico, foi seu desempenho em quadra. “Se saiu muito bem em quadra, principalmente defensivamente. Eu diria que a maior qualidade do Daniel é defensiva. Durante a competição, ele teve uma minutagem alta de participação nos jogos, conseguiu contribuir, e isso fez ele estar na Seleção do Regional Sul”, falou Manchini.
Embora saiba de seu potencial na modalidade, o jogador dá os devidos créditos aos seus colegas de elenco e garante: “chegar até aqui é um mérito não só meu, mas sim da minha equipe inteira. Se não fosse o apoio de todos, eu não estaria lá. O que me fez chegar até aqui foram os treinos e a confiança dos treinadores para me colocarem para jogar”.
O CT Paralímpico, segundo o técnico, é uma das melhores estruturas para esportes paralímpicos do mundo, não apenas do Brasil, sendo referência para outros países. Ainda, o comandante acredita que essa convocação mostra que o projeto está no caminho certo, opinião fundamentada por Gelsdorf: “falando especialmente da UFSM, estamos em uma crescente muito boa, mas não só pelo que jogamos e sim por toda a relação que temos dentro e fora de quadra”.
A ideia de Manchini para a equipe de goalball da Universidade é seguir desenvolvendo as atividades para que, cada vez mais, os atletas que já defendem o time e os que ainda virão possam viver essas mesmas aventuras. “A gente pretende trazer mais jovens para a prática do goalball, para que eles tenham essas oportunidades”.
Texto: Pedro Pereira, estudante de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Fotos: CBDV/Divulgação
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista