A quinta edição do Modelo de Simulação das Nações Unidas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSMUN) ocorreu no último final de semana, entre sexta-feira (11) e domingo (13), com o tema “Paradigmas do Sul Global” . O evento simula uma conferência da ONU e conta com a participação alunos de graduação e de ensino médio de diferentes lugares, sendo realizado pelo grupo de extensão UFSM Model United Nations, vinculado ao curso de Relações Internacionais da Universidade. A simulação foi realizada apenas duas semanas depois da verdadeira Assembleia Geral da ONU, que aconteceu em setembro.
Durante a abertura, que foi realizada no auditório do prédio 67, o orientador do UFSM Model United Nations, professor Thomaz Santos, afirmou que o objetivo do UFSMUN é fazer um laboratório prático com os alunos de Relações Internacionais, já que o foco do curso é a formação teórica. Além disso, o professor avaliou que apesar de se tratar de uma simulação, as discussões não estão de maneira nenhuma afastadas da realidade. “É um evento feito por estudantes para estudantes” finalizou, destacando o protagonismo jovem.
A atividade, que transcorreu o final de semana, contou com quatro grupos de trabalho, ou comitês, inspirados nos comitês da ONU. Em cada comitê os participantes assumiram o papel de diplomatas de diferentes países discutindo um tema.
Este ano os temas debatidos foram: disputa pela Caxemira, no Conselho de segurança; crise humanitária no Sudão, no Alto Comissariado das Nações Unidas; os novos rumos do Tratado da Antártida, na Conferência de Bariloche; e a crise na região de Suez, no Gabinete de Guerra. Os três primeiros foram em formato de reunião, com cada país expondo suas opiniões e objetivos sobre os temas, enquanto o Gabinete de Guerra funcionou como uma espécie de batalha naval, com os lados em conflito divididos em duas salas tomando decisões às cegas um contra o outro.
Uma oportunidade de aprender na prática
O estudante do Colégio Tiradentes da Brigada Militar de Santa Maria, Gabriel Sampaio, de 16 anos, participou pela segunda vez da simulação. Nesta edição, ele se inscreveu para o Gabinete de Guerra, que simulou um conflito real que ocorreu entre o Egito e o Reino Unido, França e Israel em 1956, quando o presidente egípcio nacionalizou o Canal de Suez. “Simulações como essas conseguem agregar muito na formação intelectual das pessoas, nos conhecimentos gerais que são cobrados em vários concursos. O Gabinete de Guerra só me impressionou “, avaliou o participante, que ainda está no primeiro ano do ensino médio e pretende seguir carreira militar.
Mariane Francischetto, presidente do Diretório Acadêmico de Relações Internacionais, que já participou de outras edições da simulação, fez a prova para o mestrado em RI na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na quinta-feira, véspera do evento, e contou a importância de uma experiência prática na graduação: “O curso de relações internacionais tem um caráter muito teórico, a gente sabe o quanto a ausência da prática acaba dificultando a absorção do conhecimento. Participar da USFMUN no ano passado, com esse método palpável e prático, me deu a segurança para fazer a prova de mestrado, que tinha um tema em comum com um dos comitês da última edição “, afirmou.
UFSMUN levando o mundo para fora do arco
Larissa Locatelli e Stephani Domenighi, estudantes de relações internacionais e secretarias-gerais do UFSMUN, explicam que a simulação anual é o grande evento no calendário do projeto, mas é apenas uma das frentes do grupo de extensão. O projeto realiza outras atividades ao longo do ano em escolas da região. “As extensões que fazemos nas escolas é um décimo do evento anual. São mini simulações com os alunos. A gente tenta levar o aprendizado de várias temáticas de relevância internacional para dentro da sala de aula, mas de uma forma minimizada que converse com o que eles aprendem na escola” diz Larissa.
Para Stephani, entender a geopolítica é uma ferramenta importante para todas as áreas, e não só da bolha das relações internacionais: “A gente leva o UFSMUN não só como um projeto de extensão, mas de ensino também. É um método de ensino diferente, o aluno não vai só estudar o que tal país pensa de um assunto, ele vai ter que representar isso por meio de um debate, que auxilia no desenvolvimento de várias habilidades que um estudante precisa”. “Ter uma compreensão internacional é muito importante para entender os impactos do que acontece no exterior e como isso reflete aqui no Brasil. Ter uma compreensão do seu lugar no mundo”, completa a estudante.
Texto: Gabriel Barros, estudante de jornalismo e estagiário da Agência de Notícias.
Fotos: Luanna Karoline, estudante de jornalismo e fotógrafa da UFSMUN.
Edição: Mariana Henriques, jornalista