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Abelhas sem ferrão auxiliam o equilíbrio ecológico

Projeto de extensão promove a prática da meliponicultura no Rio Grande do Sul e no Maranhão



Dia 3 de outubro é comemorado o Dia Nacional da Abelha, e muitos conhecem a prática da apicultura, mas você sabe o que é a meliponicultura? Esse é o tema de um projeto do Centro de Ciências Rurais (CCR), que tem por objetivo promover ações com meliponicultores e aumentar a visibilidade dessa atividade na região da Quarta Colônia.

 

Sobre o projeto

Foto colorida horizontal de exposição de caixas de madeira utilizadas para a criação de abelhas sem ferrão. As caixas estão dispostas em um mesa retangular com uma toalha amarela e preta com vários desenhos de abelhas
Iscas e ninhos provisórios feitos pelos participantes de oficina promovida pelo projeto

As abelhas são classificadas em ápis, com ferrão, e meliponíneos, sem ferrão, e a criação de abelhas sem ferrão é chamada de meliponicultura. Os meliponíneos são nativos do Brasil e preferem o clima mais quente, por isso a ocorrência maior no Nordeste. O projeto da UFSM abrange meliponários do Rio Grande do Sul e do Maranhão. No RS, estão registradas 24 espécies nativas, e 15 meliponários foram visitados pelo projeto; enquanto na Baixada Maranhense são 46 espécies registradas, e cerca de 50 meliponários visitados. 

O projeto “Meliponicultura: uma forma de valorizar a família do campo da região central do RS e Baixada Maranhense”, é coordenado pela professora Mari Silvia Rodrigues de Oliveira, do Departamento de Tecnologia e Ciências dos Alimentos. A iniciativa surgiu de uma parceria com o professor de Agroecologia do Instituto Federal Sertão Pernambucano em Petrolina, Silver Jonas Alves Farfan, em 2019. 

As principais ações realizadas por meio do projeto consistem na colaboração com produtores locais, para a análise de controle de qualidade do mel produzido em meliponários do estado, além de palestras com produtores e interessados, e visitas a escolas municipais e estaduais da região para disseminar o conhecimento sobre as abelhas sem ferrão.

 

Diferença entre abelhas com e sem ferrão 

Além da presença ou não do ferrão, as abelhas ápis ou meliponíneos produzem méis diferentes. O mel das abelhas sem ferrão é considerado melhor do ponto de vista nutricional e menos doce. A professora Mari explica que é um produto fisiologicamente diferente. “É um mel que tem uma quantidade de umidade muito maior, até estraga com muita facilidade. Por isso, é necessário fazer alguns processos de conservação para manter o mel. É um mel com um sabor muito diferenciado, porque é mais ácido”, comenta.

Além disso, os meliponíneos têm uma grande importância na manutenção do equilíbrio ecológico do ambiente. O processo da polinização – em que as abelhas transferem o pólen da parte masculina para a parte feminina da planta, ocasionando a fertilização e produção de sementes – gera uma maior quantidade e qualidade de frutos produzidos, pois auxilia em uma composição química com menos água e mais açúcares e proteínas. Assim, a qualidade do mel produzido pelos meliponíneos serve como um indicador do equilíbrio ecológico.



Colaboração com programa Território Imembuy

Foto colorida horizontal de grupo de pessoas sentadas em círculo em uma sala
Agricultores de Nova Palma participaram de palestra sobre criação de abelhas sem ferrão

O vínculo com o programa Território Imembuy, coordenado pela Pró-Reitoria de Extensão, iniciou neste ano, e, por meio desta colaboração, o projeto promoveu uma nova ação: palestras voltadas para criadores de abelhas sem ferrão e interessados em conhecer a meliponicultura na região da Quarta Colônia. A primeira palestra ocorreu no dia 24 de agosto, em Nova Palma, com 15 participantes. A capacitação deve ser realizada a cada dois meses em diferentes municípios.

A meliponicultura só foi regulamentada no RS, pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, em dezembro de 2023. Segundo diagnóstico feito pelo Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, em parceria com a Emater/RS-Ascar, 61% dos produtores de mel a partir de abelhas sem ferrão são pequenos agricultores. A maior concentração se dá na mesorregião Noroeste, com mais de 68% da produção.

O servidor público Flavio Farias Trentin Maciel, de 52 anos, foi um dos produtores que participaram da palestra em Nova Palma. Ele tem um meliponário desde 2017, e conta que o retorno positivo foi unânime. “O projeto foi muito especial, pois participaram pessoas que nunca haviam tido contato com abelhas sem ferrão. Foi explicado sobre as espécies mais conhecidas na região, seus ninhos, inimigos naturais, bem como a prática de confecção de iscas ou ninhos provisórios, o que é muito importante para reconhecermos os valores delas e o que elas representam”, explica.

 

Projeto contribui para a conscientização ambiental

A professora Mari comenta a importância cultural dos meliponíneos. Nativas brasileiras, as abelhas sem ferrão eram criadas por povos indígenas antes da chegada dos portugueses, e seu mel era utilizado como alimento e medicação. Por isso, promover a visibilidade da meliponicultura em escolas é um resgate histórico, como explica a professora ao relatar as atividades promovidas com turmas até a 5ª série em instituições da região: “Eles chegam em casa deslumbrados com aquilo, contam para o pai,  para o tio, para o avô. Precisamos conscientizar sobre usar menos os agrotóxicos, manter esses insetos vivos, e criar essa consciência ambiental”, conta a docente.



Texto: Giulia Maffi, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias

Fotos: Arquivo pessoal de Mari Silvia Rodrigues de Oliveira

Edição: Maurício Dias

 

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