Em função do aumento no número de casos de pessoas com sintomas de gastroenterite na cidade de Santa Maria e de um possível surto de Rotavírus, a UFSM suspendeu as atividades acadêmicas e administrativas presenciais nesta segunda (30) e terça-feira (01).
Para combater a proliferação do vírus, é importante sabermos o que ele é, como ocorre a transmissão e os cuidados a serem tomados. A Agência de Notícias conversou sobre o assunto com os professores Maria Denise Schimith e Marcos Antônio de Oliveira Lobato, do Centro de Ciências da Saúde. Confira mais informações.
O QUE É
O Rotavírus é um vírus que pode causar doenças diarreicas agudas (DDA). Causador da gastroenterite (inflamação do estômago e intestinos), o vírus acomete principalmente crianças, mas pode atingir pessoas de todas as idades.
SINTOMAS
A Rotavirose pode se manifestar de diferentes modos em cada pessoa, levando em consideração a faixa etária, hábitos de vida e especificidade de cada indivíduo. Os sintomas clássicos são:
- vômitos repentinos;
- diarreia de aspecto aquoso, gorduroso e explosivo;
- náusea;
- febre;
A diarreia que acontece mais de três vezes ao dia, com fezes moles ou líquidas, é um dos principais sintomas. A dor abdominal e a indisposição também são indicadores. Se os sintomas estiverem conjuntos e envolvem febre, diarreia e vômitos, é possível que levem a pessoa à desidratação, o que torna necessário um cuidado maior.
Os sintomas da desidratação envolvem boca seca, olhos sem lágrima, urina escura, diminuição da frequência urinária e tontura. O ambiente e as condições climáticas também podem influenciar nos sintomas. Dias mais quentes favorecem a desidratação e exigem maior atenção dos pacientes.
Segundo o professor Lobato, os maiores riscos são para as crianças não vacinadas. A vacina para rotavírus humano G1P1 é indicada para crianças menores de seis anos e pode amenizar os sintomas do vírus. Além disso, pessoas debilitadas ou em uso de medicações que diminuem a imunidade também têm risco de obter sintomas mais intensos.
TRANSMISSÃO
A forma de disseminação é fecal-oral, ou seja, o vírus pode ser encontrado nas fezes de uma pessoa e, logo depois, ser transmitido para outra. A transmissão pode ser feita pelo contato direto, consumo de alimentos mal higienizados ou consumo de água contaminada. A propagação ocorre durante o período em que a pessoa que contraiu a doença tiver sintomas. Após os sintomas passarem, é importante esperar, no mínimo, 24 horas para voltar às atividades.
O banheiro é um dos locais com maiores chances de contaminação. Pessoas que estão doentes e evacuam podem contaminar os vasos sanitários, maçanetas, rolos de papel e torneiras.
Para os cuidadores de crianças, a contaminação se faz favorável. O contato com as fezes contaminadas de uma criança no momento de trocas de fralda pode transmitir o vírus. Além disso, em creches a propagação pode ser mais intensa devido ao contato direto que as crianças têm com superfícies que podem estar contaminadas e o contato físico recorrente.
Alimentos mal higienizados ou manipulados por pessoas contaminadas e águas contaminadas favorecem a transmissão. A água com cloro mata o vírus, desde que ela esteja bem armazenada. De acordo com Maria Denise, “a água da UFSM é potável. É clorada e está tranquila”.
PREVENÇÃO
A higiene é o principal modo de prevenir. Após uma pessoa contaminada utilizar o banheiro, a limpeza com cloro ou sabão é indicada. Não compartilhar toalhas ou outros itens de higiene também evita a contaminação.
Outras indicações para aqueles que já foram contaminados são: evitar aglomerações, usar máscara ao sair de casa, evitar ambientes quentes e fechados.
Alimentos, após cozidos, não são contaminados. Contudo, alimentos crus exigem maiores cuidados. É importante lavar as mãos antes de manuseá-los. Para higienizá-los é indicado o uso de água corrente e tratada, água sanitária ou desinfetantes próprios para alimentos. Atentar-se às quantidade corretas de diluição do produto é essencial.
TRATAMENTO
A hidratação é fundamental para o tratamento de doenças diarreicas agudas. Tomar uma quantidade de água superior ao que se tem costume contribui para evitar a piora do quadro. Consumir alimentos leves também é importante.
Para aqueles que apresentam febre, diarreia e vômito é indispensável a reposição de líquidos e minerais. Se tomar água for difícil, causando náuseas, o mais indicado é se dirigir às unidades de saúde para fazer a reposição com soro fisiológico. A diretora do Centro de Ciências da Saúde da UFSM, Maria Denise Schimith, indica também uma receita de soro caseiro:
“Misture em um litro de água mineral, de água filtrada ou de água fervida (mas já fria) uma colher pequena (tipo cafezinho), de sal e uma colher grande (tipo sopa), de açúcar. Misture bem e ofereça o dia inteiro ao doente em pequenas doses.”
O uso indiscriminado de medicações é contraindicado, podendo levar a uma piora da condição. Segundo o Ministério da Saúde, antimicrobianos, antidiarreicos e antieméticos devem ser evitados. Evite a automedicação e consulte os profissionais de saúde.
ATENDIMENTO
Moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) que necessitarem podem buscar o Atendimento de Saúde da Casa das 8h às 12h e das 13h às 17h, ou chamar o Serviço de Emergência Universitária (SEU). O serviço pode ser acionado de qualquer telefone da UFSM pelo ramal 1000 ou pelo celular (55) 9 9197-4769, entre 7h e 19h. Após esse horário, moradores da Casa do Estudante podem procurar atendimento direto no HUSM.
Demais estudantes e servidores e comunidade em geral podem procurar as unidades de saúde no município, como o PA do Patronato, o PA da Tancredo Neves e a UPA. Confira a lista completa das UBSs e respectivos endereços no site da Prefeitura Municipal de Santa Maria.
Texto: Jessica Mocellin, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: João Ricardo Gazzaneo, jornalista