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Laboratório da UFSM tem aumento na demanda por mudas para áreas degradadas pelas chuvas

LABSILVI vem fazendo um trabalho voltado à produção de mudas para estas áreas



foto colorida horizontal de duas moças agachadas em meio a um viveiro de mudas, uma delas mede uma planta com uma régua e outra anota em uma planilha
Júlia e Maria Luiza estão entre os bolsistas que têm auxiliado nas atividades

As chuvas torrenciais de maio devastaram grandes extensões de áreas ribeirinhas a cursos d’água. Não é preciso sair do Campus Sede da UFSM para constatar o estrago deixado pelas enxurradas. Em toda a região, não foi diferente. São quilômetros e quilômetros de áreas a serem recuperadas. Desta forma, tem aumentado a demanda por mudas junto ao Laboratório de Silvicultura (LABSILVI) e Viveiro Florestal da UFSM. Porém, não há mudas suficientes. E o processo de produção pode levar até dois anos.

A professora Maristela Machado Araújo, do Departamento de Ciências Florestais, explica que, para o reflorestamento de áreas degradadas pelas chuvas, são indicadas mudas de espécies arbóreas e arbustivas florestais, em especial as reófitas, que são adaptadas à condição de fluxo rápido da água em beiras de rios. Só que a produção destas mudas é complexa e demorada. E por isso, é pouco comum, principalmente em viveiros comerciais – daí o aumento da demanda ao LABSILVI.

A dificuldade inicial está na coleta de propágulos e sementes a partir de árvores matrizes selecionadas, um trabalho árduo que é feito por Maristela e por alunos da Engenharia Florestal na beira de rios e córregos. “As reófitas têm uma semente raríssima. Muitas vezes temos que nos apoiar nas árvores ribeirinhas para a coleta de materiais”, relata.

A partir disso, já com os propágulos no LABSILVI, têm início as fases de produção (enraizamento ou germinação), de crescimento e rustificação da muda (prática de transição entre o viveiro e plantio). É um trabalho que demanda mão de obra e recursos para insumos (substratos, fertilizantes, fitoreguladores, recipientes, entre outros) e equipamentos (sopradores, mesas suspensas). As estufas, recentemente danificadas por ventos fortes, também carecem de reparos.

foto colorida horizontal com 3 corredores de mudas, cada um deles com plantas em diferentes estágios de crescimento, de pequenos caules até plantas já crescidas
Mudas produzidas recentemente foram destinadas a demandas no Campus Sede

A professora estima que, na região, sejam necessárias atualmente milhares de mudas de dezenas de espécies, as quais apresentam comportamento diferente em relação ao crescimento, demanda hídrica, nutricional e lumínica, além das diferentes técnicas necessárias para sua obtenção. Uma vez enraizadas, as reófitas são espécies que formam abundante sistema radicular e ramos flexíveis, se espalhando e estabilizando os taludes das margens com maior flutuação das águas fluviais.

Atualmente, o LABSILVI está com os estoques de mudas praticamente zerados, especialmente de reófitas. As mudas produzidas recentemente foram destinadas a demandas da Pró-Reitoria de Infraestrutura (PROINFRA). A intenção é contribuir com as iniciativas do projeto “Engenharia natural: recomposição da vegetação ciliar, otimização hidráulica e controle de erosão nas áreas afetadas pelos eventos meteorológicos extremos no Rio Grande do Sul”, vinculado ao Comitê de Apoio para Eventos Extremos e Emergências (CARE) da UFSM.

Maristela acredita ser necessária a realização de cursos de capacitação de produtores sobre produção de mudas e formação de pequenos viveiros florestais, visando ampliar o suprimento de mudas de qualidade utilizadas em práticas de restauração de áreas. O ideal seria que os próprios produtores se apropriassem das tecnologias e, em suas propriedades, multiplicassem plantas para restabelecer áreas.

Preparação para início de reflorestamento

Maristela explica que a produção de mudas representa o início de um reflorestamento com objetivo comercial ou ambiental. Cada planta deve apresentar qualidade genética, física, fisiológica e sanitária, sendo capaz de se estabelecer no campo sem os cuidados recebidos no viveiro (que é um “berçário” para a semente germinar e ter seu desenvolvimento inicial). Desse modo, cada pequena planta produzida no viveiro somente existe porque houve planejamento e ações, desde a coleta do material utilizado na propagação, semeio e, posteriormente, o manejo, cujo tempo varia de oito a 24 meses, dependendo do porte da muda e da espécie.

Daí a importância de um trabalho profissional e bem executado, como desenvolvido no LABSILVI. Localizado próximo à várzea, no Campus Sede, o laboratório e viveiro conta atualmente com área de produção de mudas, local para equipamentos e insumos e espaço didático para capacitação teórica e prática. O trabalho é conduzido por professores, oito alunos de graduação, dois de mestrado e três de doutorado.

foto colorida horizontal de pessoas, aparecendo somente braços e joelhos agachados, medindo plantas e anotando em planilha
Produção de mudas envolve várias etapas e pode levar até 24 meses

A importância do trabalho de acadêmicos

Além da mão de obra e de recursos disponíveis, são cada vez mais necessárias pesquisas relacionadas ao acesso aos propágulos, armazenamento, à conservação e multiplicação de plantas. Enfim, estudos que otimizem a produção de mudas, especialmente de espécies reófitas. É nisso que pesquisadores e acadêmicos de graduação e pós-graduação em Engenharia Florestal do Centro de Ciências Rurais (CCR) estão empenhados. Alguns alunos, por exemplo, têm ajudado tanto nas coletas na beira de cursos d´água quanto no trabalho no viveiro.

Júlia Luiza Stahl, mestranda, e Maria Luiza Bertanha, graduanda em Engenharia Florestal, estão entre os bolsistas que acompanham os processos com as mudas nos espaços do LABSILVI. “É muito importante para nós esta prática, porque proporciona experiência profissional ao mesmo tempo em que aplica ensino, pesquisa e extensão”, comenta Júlia.

Texto e fotos: Ricardo Bonfanti, jornalista da Agência de Notícias

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