O projeto de extensão Pilão tem como finalidade auxiliar as comunidades quilombolas e afrodescendentes na busca pela emancipação, defesa dos direitos humanos, acesso à saúde e à alimentação adequada, geração de renda e valorização cultural. Iniciado em 2007, o projeto da Universidade Federal de Santa Maria atende, atualmente, mais de 200 famílias no distrito de Palma, em Santa Maria, nas comunidades de Passo do Louro e Cerro do Formigueiro, no município de Formigueiro, e em Ernesto Penna, Restinga Seca.
A coordenação executiva é feita pela enfermeira aposentada Vânia Maria Paulon, presente desde a criação do projeto. Naquela época, ela representava a Associação dos Servidores da Universidade Federal de Santa Maria (Assufsm) como conselheira em segurança alimentar. Desde então, Vânia articula ações de inclusão e contra a fome em quilombos isolados.
Na UFSM, o grupo criou uma biblioteca itinerante e forneceu atendimento odontológico gratuito. Além disso, em parceria com os cursos Técnicos em Fruticultura e em Alimentos, do Colégio Politécnico da UFSM, oficinas de plantio de frutíferas e hortaliças, e de produção de geleias foram realizadas.
Ainda, no campo da educação, o projeto trabalha com cursos de alfabetização de idosos, capacitações e oficinas profissionalizantes que visam inserir quilombolas no comércio. Outras ações incluem distribuição de materiais informativos sobre a comunidade negra e rodas de conversa sobre cotas universitárias e histórias infantis referentes à proteção sociocultural.
O Pilão também auxilia as comunidades em suas organizações internas e na busca pela emancipação. Segundo Vânia, nos 17 anos do projeto, o grupo já providenciou a instalação de poços artesianos e estufas no distrito santa-mariense de Palma e em Formigueiro, assim como a de um tanque de piscicultura em Restinga Seca. Já houve, também, encaminhamentos para o melhoramento de acesso para ônibus escolares e demais veículos trafegarem nas comunidades.
A servidora aposentada ajudou a criar o Núcleo de Estudos Afros-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da UFSM junto à professora do Departamento de Letras Estrangeiras, Carmem Nassar. Vânia entende o Pilão como um espaço de empoderamento e compreensão da história negra. A coordenadora executiva define o projeto de extensão como uma ponte que permite trocas enriquecedoras e uma nova visão sobre diferentes realidades. “A universidade tem muito a dar às comunidades e vice-versa. Vim ao mundo para estar com pessoas, e, aqui, fazemos algo que vale a pena. Fazemos por amor ao próximo”, afirma.
Acesso à saúde nas comunidades quilombolas
Desde 2020, o Pilão Paz realiza ações voltadas para a saúde das famílias quilombolas e afrodescendentes, como palestras sobre a importância da autodeclaração no Sistema Único de Saúde (SUS), saúde do coração, saúde ocular e anemia falciforme – doença hereditária que afeta os glóbulos vermelhos. Em paralelo, o grupo arrecada e distribui kits de higiene e próteses dentárias em prol da saúde bucal.
De acordo com a coordenadora, Vânia Paulon, nas próximas semanas haverá a distribuição de kits de higiene bucal recebidos da Cruz Vermelha. Outras ações serão organizadas com tempo, uma vez que o planejamento conta com diversas etapas. “Pretendemos levar esses produtos a essas localidades e, depois, para outros planos, ver a viabilidade. Dependemos de transporte e verba para irmos às comunidades”, explica.
O grupo aceita doações de kits de higiene para distribuição nas localidades atendidas. Os interessados em contribuir podem levar donativos na Sala 505 do Complexo Cultural Antiga Reitoria da UFSM, na Rua Floriano Peixoto, 1184.
Reportagem: Kemyllin Dutra, acadêmica de Jornalismo
Edição: Maurício Dias
Fotos: Projeto Pilão Paz/UFSM