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Neprade participa da criação de políticas públicas contra mudanças climáticas

O projeto pode ser incorporado no Plano Clima do governo federal por meio de votação popular



Biomas Pampa e Mata Atlântica (Imagem: IBGE)

A Rede Sul de Restauração Ecológica apresentou uma proposta de restauração e conservação dos biomas gaúchos para o novo Plano Clima do governo federal. O conjunto de diretrizes será apresentado em 2025 com ações para reduzir o desmatamento e mitigar os efeitos da crise climática. A proposta também prevê a destinação de recursos do governo federal para agricultores e pecuaristas familiares do Rio Grande do Sul. O Núcleo Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas da UFSM é um dos integrantes da Rede e colaborou na elaboração da iniciativa. 

A proposição faz parte de um dos eixos do plano que está na fase de consulta popular. As 10 mais votadas em cada área avançam para a fase de análise e, caso aprovadas, integram a versão final do plano, oficializadas como políticas públicas. A proposta pode ser votada na plataforma Brasil Participativo.

A professora de Engenharia Florestal da UFSM e atual coordenadora da Rede Sul de Restauração Ecológica, Ana Paula Rovedder, explica que o projeto do grupo tem como objetivo utilizar estratégias de recuperação produtiva nos biomas Pampa e Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. “São iniciativas que recuperam o ecossistema com técnicas que geram renda ou subsistência para o produtor rural”, explica. Enquanto o Pampa abrange as porções sul e nordeste do estado, a Mata Atlântica é encontrada na porção norte.

Produtividade e sustentabilidade lado a lado

As características do Pampa tornam a pecuária em campo nativo, que consiste na criação de gado em uma área natural que mantém as características do ecossistema, um caminho para a recuperação produtiva. O manejo correto e orientado pelos princípios de conservação ambiental além de uma fonte de renda para o produtor, é uma forma de preservar a fauna, a flora e a recuperar este bioma que faz parte do território, história e cultura gaúcha.

Entre os benefícios da conservação do ecossistema nativo a professora aponta a cobertura do solo através da água da chuva. Em áreas degradadas o escorrimento da água é superficial e favorece a erosão. 

A preservação dos biomas também garante a manutenção dos agentes polinizadores que habitam essas áreas naturais e impactam na produtividade. “A polinização é fundamental para a produção de praticamente todas as culturas. No Brasil, toda a cadeia produtiva de alimentos, do mercado interno à exportação, é altamente dependente de polinizadores”, afirma Ana Paula. 

Outro ponto importante é o sequestro do carbono atmosférico, apontado pela comunidade científica internacional, como o principal agente da mudança climática e seus eventos extremos. A cobertura vegetal das áreas naturais mantém o carbono no solo. Ao remover essa cobertura, os gases até então estocados no solo sobem para a atmosfera. O desmatamento, destaca Rovedder, é o maior responsável pela emissão de gases de efeito estufa no Brasil, um dos países com as maiores áreas de ecossistemas intactas do mundo.

Tais fatores são tão importantes que são classificados como serviços ecossistêmicos. Como a pesquisadora destaca, a degradação dos sistemas naturais inviabiliza a existência humana.

Sobre a Rede Sul de Restauração Ecológica e o Neprade

A Rede Sul de Restauração Ecológica foi fundada em 2021 e conta com cerca de 140 profissionais em restauração de biomas dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 

O Neprade é um grupo de pesquisa vinculado ao Departamento de Ciências Florestais do Centro de Ciências Rurais da UFSM, bem como ao Diretório de Grupos de Pesquisas do CNPQ. Estudantes do curso de Engenharia Florestal, Agronomia, Zootecnia e Biologia, fazem parte da série de parceiros e instituições que auxiliam na discussão e implementação de projetos.

Texto: Bernardo Silva, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Rede Sul de Restauração Ecológica (Divulgação/Instagram), Mapa dos Biomas (IBGE), Neprade (Divulgação/Iury Sanches)
Edição: Mariana Henriques, jornalista

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