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Equipe de basquete em cadeira de rodas da UFSM volta às quadras neste fim de semana

Criada em 2009, a equipe Força sobre Rodas vai jogar a Copa Gaúcha em Santa Cruz do Sul



Treinos do grupo acontecem no ginásio 2 do CEFD, nas quartas e sextas-feiras

Neste sábado (24) e no domingo (25), a Força sobre Rodas, equipe de basquete em cadeira de rodas da UFSM, vai a Santa Cruz do Sul para participar da Copa Gaúcha de 2024. A competição acontece no Ginásio Poliesportivo Arnão, sede do União Corinthians (clube que representa a cidade na Liga Nacional de Basquete), e será a primeira disputa da modalidade em nível estadual desde o fim da pandemia.

O time se unirá com a equipe da Prefeitura de Panambi para o torneio deste fim de semana, em razão de uma parceria que o treinador João Vitor Zibell, aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento e Reabilitação da UFSM, tem com a instituição. No campeonato, o elenco da UFSM vai encontrar rivais de Caxias do Sul, Pelotas e Novo Hamburgo, além dos santa-cruzenses.

A Força sobre Rodas faz parte do Núcleo de Apoio e Estudos da Educação Física Adaptada (Naeefa), coordenado pela professora do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) Luciana Palma. Formada por atletas de toda a comunidade, sem ser exclusivamente composta por estudantes da UFSM, a equipe tem o desejo de chegar a Santa Cruz do Sul para entrar na briga com os demais participantes. Contudo, o objetivo principal da iniciativa se resume em uma palavra: pertencimento.

Inovando a partir da prática

O esboço do primeiro projeto da universidade envolvendo esportes em cadeira de rodas surgiu entre 2005 e 2006, com o apoio do então estudante do curso de Educação Física Vinícius Denardin, hoje docente da Universidade Estadual de Roraima. Luciana relembra que, naquela época, ter um time competitivo que representasse a instituição era uma meta do Naeefa, que neste ano completou 30 anos de existência.

Sob o olhar da professora Luciana Palma (coordenador do núcleo), os integrantes do projeto disputam uma partida

Inicialmente, não foi no basquete que a proposta deu os primeiros passos, mas sim no handebol. Isso se deu pois o núcleo teve o apoio de professores do CEFD como César Geller e Luiz Celso Giacomini, que têm uma relação histórica com a modalidade. Como jogador e técnico, respectivamente, nas décadas de 1970 e 1980, eles fizeram parte da lendária “geração de ouro” santa-mariense da modalidade, que chegou a conquistar honrarias nacionais e internacionais.

A unidade de ensino, dessa forma, apoiou o núcleo, adquiriu as cadeiras para a prática do esporte e, em 2009, a Força Sobre Rodas começou oficialmente, já participando de alguns eventos. Quatro anos depois, a equipe foi desafiada por outras agremiações do Rio Grande do Sul a praticar também o basquete, visto que era uma modalidade mais desenvolvida no estado, até mesmo por ser mais acessível para pessoas com deficiência. Foi por esse motivo, inclusive, que a iniciativa decidiu mudar totalmente a oferta. “Não existiam outros times de handebol em cadeira de rodas. Éramos sozinhos”, brincou Luciana.

Desde 2013, então, o projeto atual segue na ativa. A única parada nas atividades foi devido à pandemia, entre 2020 e 2021. Os treinamentos voltaram a ser realizados somente na metade de 2023, através de uma abordagem mais lúdica, social, com o objetivo de reconectar o grupo com a comunidade.

Oportunidade para todos

Hoje na pós-graduação, Zibell é formado na Licenciatura em Educação Física pela UFSM. Ele começou a fazer parte da iniciativa como monitor, em 2017, posição que ocupou por dois anos até virar treinador. Há cinco anos à frente do plantel, ele revela: “já deu para ter várias experiências legais, tanto coisas próprias do esporte como questões da docência, de como saber lidar com diferentes comportamentos. Por mais que seja uma equipe esportiva, tem essa parte da educação”.

O treinador João Vitor Zibell é aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento e Reabilitação

No momento, o grupo conta com dez atletas (todos homens) com presença contínua nos treinamentos, que acontecem no ginásio 2 do CEFD, nas quartas e sextas-feiras, reunindo cerca de 18 integrantes do projeto, ao todo. Na visão do técnico, a proposta tem o objetivo de ser um espaço de acolhimento, onde os jogadores sintam segurança em ser quem são, mas que siga as condutas de um time competitivo.

“É interessante ter umas atividades em que as pessoas não se sintam como se fossem ‘café com leite’. Não sou a favor disso. A pessoa tem que participar na seriedade, dando o seu máximo, assim como os outros também têm que dar o máximo”, explicou Zibell. Ele admite que, se necessário, a equipe faz algumas adaptações, como levar a cesta mais para perto do chão. Porém, “o jogo acontece da mesma forma”, destacou.

Nesta modalidade, os atletas utilizam cadeiras de rodas específicas para o esporte, pensando na mobilidade e na estabilidade, como também na agilidade, com rodas inclinadas visando aumentar o equilíbrio. Os jogadores podem dar até dois toques na bola antes de precisarem driblar, passar ou arremessar.

Por enquanto, a Copa Gaúcha, que acontece neste fim de semana, é o único torneio no calendário de competições da Força sobre Rodas. Entretanto, a própria disputa pode receber novas etapas até o fim da temporada. Diferentemente de outros times da UFSM, a equipe não suspende as atividades durante as férias, ainda que promova algumas pausas curtas.

Faz parte da rotina

Ricardo Schneider, de 17 anos, teve um contato inicial com a Força Sobre Rodas quando ainda era criança, em 2016. Contudo, foi apenas em 2022, quando começou o ensino médio, que ele realmente passou a fazer parte do time. O jovem conta que, embora o projeto seja sua primeira experiência praticando um esporte, esta área faz parte de sua vida “literalmente desde que era um bebê”.

Ricardo Schneider (conduzindo a bola) é o atleta mais jovem do Força Sobre Rodas, com 17 anos de idade

“A minha família sempre me apoiou muito. Meu irmão já fez todas as modalidades possíveis e imagináveis. O basquete, além de ser o mais acessível para a pessoa que usa cadeira de rodas, é algo em que eu me interesso muito. Eu acompanho bastante a NBA, jogo no videogame. Meus amigos também jogam basquete. O basquete está presente em todas as esferas do meu dia a dia”, relatou.

Para ele, fazer parte da Força Sobre Rodas diz respeito à satisfação pessoal de poder praticar o esporte que ama, além de ser uma opção de atividade física para evitar ficar só “parado em casa”. Schneider, o mais novo da turma, vê no grupo muitas pessoas com rotinas de trabalho, que mesmo assim reservam um tempo para treinar. Jari Pacheco e José Antonio Bortolussi são exemplos.

Os atletas estão no time desde quando o foco era no handebol em cadeira de rodas. O primeiro revela que teve dificuldades em se adaptar às práticas e brinca que conseguiu na base da insistência, com o apoio do treinador. O segundo, por outro lado, não era muito fã das modalidades e afirma ter dificuldades até hoje, mas garante: “não tem como largar isso por nada, agora é a minha paixão”.

Tanto os jogadores quanto o técnico e a coordenadora afirmam que o deslocamento através do transporte público é uma das complicações encontradas pela equipe até hoje. “É toda uma logística muito delicada. Já passamos por altos e baixos, porque existe sempre uma demanda de recursos financeiros e nem sempre temos condições de estar em todas as competições”, salientou Luciana.

Interessados em participar da Força Sobre Rodas podem entrar em contato através do Instagram do Naeefa. Os planos do núcleo vão desde a implementação de uma categoria de base, para iniciação, ao pleno funcionamento como time. “Quero ver muitas pessoas participando, jogando, e que a equipe realmente seja uma ‘força sobre rodas’. Eu espero e confio que isso vai acontecer”, enfatizou a professora.

Texto: Pedro Pereira, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias

Fotos: Gustavo Damascena, estudante de Produção Editorial e bolsista da Agência de Notícias

Edição: Lucas Casali

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