Em julho de 2023, pesquisadores do Laboratório de Geologia Ambiental (Lageolam), do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da UFSM, foram convidados pela Secretaria de Periferias do Ministério das Cidades para fazer parte do Projeto Multicêntrico de Pesquisa-Ação e Inovação, participando da elaboração de um Plano Municipal de Redução de Riscos e Desastres para Santa Maria. O trabalho teve início na última quarta-feira (6).
O Ministério das Cidades selecionou 16 grupos de pesquisas e laboratórios de universidades públicas, com conhecimento e capacidade técnica para elaborar um Plano Municipal de Redução de Riscos de Desastres, em 20 municípios suscetíveis e críticos a desastres. A distribuição espacial desses municípios buscou representar a diversidade regional, e a avaliação considerou a capacidade das universidades na elaboração dos Planos Municipais de Redução de Riscos.
Segundo Andrea Valli Nummer, docente do Departamento de Geociências e coordenadora do Lageolam, o projeto será elaborado por equipe técnica composta pelos professores da UFSM Luis Eduardo Robaina, Romário Trentin, Rinaldo Barbosa Pinheiro e ela própria, contando ainda com a participação de bolsistas de graduação e pós-graduação. Já o Comitê Gestor Municipal será formado por representantes da Defesa Civil, dos serviços de assistência social, das secretarias municipais de Elaboração de Projetos e Captação de Recursos e de Habitação e Regularização Fundiária, bem como do Instituto de Planejamento de Santa Maria (Iplan).
O Plano Municipal de Redução de Riscos será desenvolvido ao longo de 18 meses, com início neste mês de março. O projeto possui um papel importante para o conhecimento técnico dos setores de risco, como inundação e movimentos de massa (deslizamentos e desmoronamentos) e priorização das áreas para investimentos públicos e privados, com intervenções estruturais e não estruturais para redução de riscos. Portanto, é imprescindível para as medidas de prevenção e redução de perigos de desastres.
O mapeamento de riscos – que compreende a identificação, a análise e a localização de perigos e vulnerabilidades – é uma etapa crucial para o apoio à gestão de riscos e ao planejamento de uma série de medidas preventivas e/ou mitigadoras que podem prevenir desastres e seus efeitos, conforme o Plano Municipal de Redução de Riscos.
A parceria entre o Ministério das Cidades, a Secretaria de Periferias e as universidades não se limita somente à elaboração do plano, mas busca alcançar objetivos mais amplos. Dentre estes, são incluídos o aprimoramento de métodos de mapeamento e análise de riscos, o desenvolvimento institucional e acadêmico, a formação de profissionais em Gestão de Riscos de Desastres e a atualização das políticas públicas. Esses métodos e produtos finais visam responder às atuais demandas da sociedade diante dos desafios climáticos evidenciados, principalmente, nas últimas duas décadas.
Lageolam – Em atividade desde 1995, sob a coordenação dos professores Luís Eduardo de Souza Robaina e Romario Trentin, o Lageolam desenvolve atividades nas áreas de diagnóstico ambiental e geologia aplicada, contribuindo para o conhecimento sobre processos geomorfológicos, zoneamentos geoambientais e áreas de risco de danos e perdas devido à ocorrência de processos superficiais. Os trabalhos de extensão do grupo são voltados a mapeamentos temáticos e à criação de atlas geoambientais. Considerando que a questão dos riscos ambientais no ambiente urbano se multiplica, os pesquisadores buscam alternativas que visem harmonizar a relação entre os moradores locais e a preservação da qualidade ambiental.
A equipe do Departamento de Mitigação e Prevenção de Risco da Secretaria Nacional de Periferias, pertencente ao Ministério das Cidades, realizou uma busca por grupos de pesquisa pelo país que tivessem experiência em pesquisas sobre áreas de risco. O Lageolam foi o escolhido por obter conhecimento e pesquisas sobre o tema no estado do Rio Grande do Sul.
As pesquisas desenvolvidas no Lageolam se concentram em duas linhas:
– Estudo da problemática das áreas de risco e dos desastres naturais em áreas urbanas do Rio Grande do Sul. O objetivo destes trabalhos é identificar e analisar áreas de risco geomorfológico, em especial nas cidades de Santa Maria, Porto Alegre, Alegrete, Rosário do Sul, Dom Pedrito, São Gabriel, Agudo, Santa Cruz do Sul, Lajeado e Parobé, entre outras.
– Mapeamento geológico-geomorfológico e a análise dos processos erosivos relacionados à dinâmica superficial no oeste do estado do Rio Grande do Sul. Os trabalhos desenvolvidos visam, dentro do tema dos processos erosivos e sua relação com a dinâmica superficial, elaborar um mapa geoambiental da bacia hidrográfica do Rio Ibicuí.
Texto: Subdivisão de Comunicação do CCNE