Paleontólogo vinculado ao Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da (Cappa) e ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM, Leonardo Kerber tem atuado na busca por respostas sobre os cinodontes não-mammaliaformes, ancestrais diretos dos mamíferos. Seu enfoque na análise de fósseis utiliza, desde 2016, a tecnologia de tomografia computadorizada.
Recentemente, Kerber ampliou os horizontes de sua pesquisa ao participar ativamente, no período de 16 a 20 de novembro, de uma série de atividades no European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), instalação de pesquisa de ponta localizada em Grenoble, na França. Neste centro de referência internacional, fósseis desses animais foram submetidos a uma minuciosa e revolucionária técnica de escaneamento, alcançando uma resolução muito maior do que a alcançada em tomógrafos brasileiros. Foram levados até lá fósseis de cinodontes probainognátios, incluindo as espécies Prozostrodon brasiliensis e Trucidocynodon riograndensis. Também foram tomografados fósseis de outros países, como Estados Unidos, Tanzânia e China.
O ESRF é um dos mais poderosos aceleradores de partículas do mundo, conhecido como um “síncrotron”. Trata-se de uma fonte de luz síncrotron, produzida quando partículas carregadas, como elétrons, são aceleradas a velocidades próximas à da luz e dirigidas ao redor de um anel magnético gigante. Esse processo gera raios X de alta energia e outras radiações eletromagnéticas que são utilizadas em uma ampla gama de pesquisas científicas, em áreas como física, química, biologia, ciência dos materiais e, também, paleontologia.
Cientistas de todo o mundo usam as instalações do ESRF para realizar experimentos e análises de alta precisão em uma variedade de amostras, incluindo fósseis e estruturas biológicas complexas. A tecnologia de ponta oferecida pelo ESRF é crucial para estudos que requerem detalhes de resolução extremamente alta, como os utilizados na pesquisa paleontológica mencionada.
O principal objetivo desse estudo inovador é desvendar os segredos internos do crânio desses cinodontes. Em particular, a equipe almeja reconstruir detalhadamente o complexo sistema do ouvido interno desses seres, buscando esclarecer e interpretar a origem da endotermia nos mamíferos modernos.
Além da significativa participação de paleontólogos brasileiros, o projeto conta com o apoio e a expertise de destacados pesquisadores de países como Portugal, Estados Unidos, França, Inglaterra e Argentina. Esse esforço conjunto promete revelar informações cruciais sobre a evolução e os processos que levaram à origem dos mamíferos. A próxima etapa do projeto consiste na análise dessas tomografias, a fim de observar a anatomia interna dos crânios.
Com informações do Cappa