Integrando a programação da 38ª Jornada Acadêmica Integrada (JAI), foi realizado na quarta-feira (25) o UFSM Global 2023 – 1º Seminário de Internacionalização, que teve como foco debater a internacionalização da Universidade. No Salão Imembuí, foram debatidas as experiências em captação de recursos em agências financiadoras internacionais.
Os palestrantes que expuseram as suas experiências foram os professores María Roca e Antonio Pérez-Gálvez, do Instituto de La Grasa/CSIC de Sevilha, Espanha, e o professor do Departamento de Clínica Médica da UFSM Alexandre Vargas Schwarzbold.
Na apresentação do evento, estiveram à frente a professora do Departamento de Tecnologia e Ciências do Alimento, Leila Zepka, e o diretor adjunto da Secretaria de Apoio Internacional (SAI), professor Júlio César Cossio Rodriguez. Ele comentou que a experiência internacional é muito importante para que as pesquisas possam captar recursos fora das agências nacionais. “É importante que todos os Centros da UFSM tenham uma rede de colaboração efetiva internacional, para que consigam captar recursos e avançar na internacionalização”, afirmou Júlio.
Cooperação Brasil-Espanha
As exposições do tema foram feitas em espanhol e português. Primeiramente, a professora María Roca falou sobre a colaboração entre o Brasil e a Espanha nas pesquisas técnicas e científicas para o financiamento europeu. Ela apresentou os programas disponíveis para as universidades brasileiras, como o European Research Council, EURAXESS, Water 4all, Bella, entre outros. Explicou que algumas áreas são mais suscetíveis a terem um financiamento aprovado, pois são de interesse dos europeus, como mudanças climáticas e água. Um ponto de destaque para os recursos europeus é que o aporte financeiro é grande e as informações são fáceis de serem acessadas.
María destacou que já são quase 10 anos de colaboração com os pesquisadores e professores, e que é uma experiência enriquecedora, pois cada um tem as suas ideias e formas que irão agregar ao projeto. “Os pesquisadores do Brasil contribuem com uma infraestrutura que não temos na Espanha, e nós contribuímos com um conhecimento e uma infraestrutura que não temos aqui, e é uma forma de crescer incrível e única”, comentou a professora.
Na segunda parte do seminário, o professor Antonio Pérez-Gálvez, que também é docente do Instituto de La Grasa, abordou a ética nas avaliações de pesquisas científicas. Ele apresentou a Declaration on Research Assessment (DORA), uma avaliação de pesquisa que pretende diminuir a prática de correlacionar o fator de impacto de um periódico ao cientista e suas métricas. O objetivo é melhorar o uso dos índices e criar currículos narrativos dos pesquisadores não apenas mostrando os índices, que podem ser manipulados.
“A importância da colaboração entre os dois países é importante, pois cada um contribui com a sua especialidade e conhecimento. Reconhecemos que não podemos conhecer tudo e ser especialistas em tudo e a única maneira de avançar cientificamente é colaborando com os nossos companheiros”, afirmou Antonio. Ele ainda comentou que quando trabalham com países de culturas diferentes é muito mais enriquecedor, pois as perspectivas são muito diferentes em cada país.
Experiência brasileira
Por último, o professor do Departamento de Clínica Médica da UFSM Alexandre Vargas Schwarzbold falou sobre a experiência de captar recursos para a área da saúde, dando como exemplo um caso de um centro de pesquisa clínica. Ele comentou a importância das redes de pesquisa, enfatizando a relevância dessa relação de parceria entre os pares para compartilhar o conhecimento entre os pesquisadores. Segundo ele, as redes de colaboração internacional necessitam também qualificar as pessoas a nível local, os docentes e estudantes, como também a infraestrutura física.
O que impulsionou as pesquisas clínicas na área da saúde foi a pandemia de Covid-19, quando foi necessária a colaboração de muitos países para o desenvolvimento da vacina. “O grande objetivo dessas cooperações internacionais é qualificar o nosso nível local e gerar conhecimento e uma maior capacidade de responder às populações, que vão gerar produtos como a vacina, métodos de diagnóstico, novos métodos para controlar doenças”, afirmou Alexandre.
Internacionalização das pesquisas
A UFSM tem como um dos principais focos do seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) a internacionalização. O diretor adjunto da SAI, Júlio César Cossio Rodriguez, comentou que a experiência dos professores convidados para o evento é importante para ajudar a demonstrar que é possível captar recursos internacionais. “O que falta às vezes é conhecimento do melhor caminho para captar recursos, porque por muito tempo na Universidade se focou muito na mobilidade de professores e estudantes, e não necessariamente nas pesquisas conjuntas”, salientou.
A UFSM ainda tem desafios para percorrer, mas a SAI e outros órgão da Universidade têm feito esforços para informar aos pesquisadores sobre as oportunidades de bolsas e cooperação entre diversos países, conforme foi destacado durante o seminário.
Texto: Mariane Machado, estudante de Jornalismo, voluntária da Agência de Notícias
Fotos: Ana Alicia Flores, estudante de Desenho Industrial, bolsista
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista