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Professora da UFSM ministra oficinas de fotografia inclusiva para cegos

Docente de Jornalismo no Campus de Frederico Westphalen, Janaína Gomes ministrou uma oficina no Maranhão na semana passada



Fotografias do projeto foram expostas em São Luís

Quando se tornou professora da UFSM, em 2012, no curso de Jornalismo (Campus de Frederico Westphalen), Janaína Gomes se deparou com um desafio: dar aulas de fotografia para uma estudante cega, que no caso era Rubia Steffens, então caloura no curso. Essa situação serviu como estímulo para que professora e aluna desenvolvessem em conjunto uma metodologia de aprendizagem que Janaína até hoje replica em oficinas que ministra em diferentes cidades e estados brasileiros.

A mais recente – a primeira oficina desde o início da pandemia de Covid-19 – foi na sexta-feira (22) e sábado (23), como atividade que antecedeu o 1º Encontro das Ações Inclusivas, evento que começou na segunda (25) e prossegue até esta terça-feira (26) no Instituto Federal do Maranhão. Realizada em São Luís, no campus do centro histórico, a oficina contou com seis participantes. Durante o encontro, a professora da UFSM também foi painelista da mesa de abertura, na qual falou sobre alfabetização visual e fotografia inclusiva.

Em um primeiro momento, ao pensar em como ajudar a estudante cega na hora de fotografar, uma questão em particular afligia a professora: a escolha das imagens. “Sempre pensava nisso quando fiquei sabendo que teria que dar aula para uma aluna cega. Eu, na verdade chorei muito pensando nisso. Chorei porque o mundo é tão lindo e tem pessoas que não conseguem vê-lo. Mas aprendi que isso é uma questão nossa e não deles. As escolhas e estímulos são distintos. Só para exemplificar, uma vez queria ser os olhos da Rubia. Fazer uma exposição fotografando coisas que ela gostaria de ver. Ela ria de mim.”

Desde esse primeiro encontro com Rubia, Janaína já ministrou oficinas para cerca de cem pessoas Brasil afora. No início, os cegos participantes das oficinas usavam câmeras compactas amadoras. Posteriormente, com a popularização dos smartphones, o uso das câmeras dos celulares foi inevitável. “Agora é imprescindível, devido à acessibilidade, qualidade da imagem e compartilhamento”, avalia a professora.

A relação de amizade entre Janaína e Rubia levou inclusive ao desenvolvimento de um aplicativo para smartphone, o Rubia Light, criado pelo marido de Janaína, Luiz Miritz, egresso do curso de Sistemas de Informação do Campus da UFSM em Frederico Westphalen. O objetivo inicial do aplicativo era ajudar Rubia a verificar, na hora de dormir, se a luz do seu quarto estava acesa, para que não acordasse com dor de cabeça no dia seguinte.

A utilidade do aplicativo para a fotografia, como auxílio para pessoas cegas na localização da fonte da luz, foi descoberta por acaso. “Ela estava almoçando na nossa casa e queria fazer uma selfie, mas estava em contraluz na minha sacada. Quando vi essa situação, perguntei se não poderia usar o Rubia Light para que a pessoa tivesse autonomia no momento de executar a foto. Sempre achei que minha metodologia era boa, mas não autônoma. Sempre dependia de alguém dizer onde estava a fonte de luz, já que fotografar é escrever com luz. O nome do app foi dado em homenagem à Rubia. Quando nós três estamos juntos sempre inventamos ou aprendemos algo bom.”

Desde então, o Rubia Light é uma presença constante nas atividades que Janaína propõe para pessoas cegas, tanto quanto outras tecnologias assistivas, como, por exemplo, a audiodescrição, que está presente em todas as etapas da oficina.

“A fotografia é só mais uma tarefa na vida cotidiana. Quem precisa de mais ajuda na vida, vai precisar na fotografia. Rubia tira foto da filha dela e posta no Instagram todos os dias. Rubia é muito independente. Isso foi incrível para mim. Mas vale ressaltar que, quando não tínhamos câmeras frontais em celulares, [mesmo] com câmeras compactas, meus alunos sempre arrasaram nas selfies”, conclui a professora.

Texto: Lucas Casali

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