Aconteceu na tarde desta sexta-feira (25) a inauguração da nova Pista de Atletismo da UFSM. O evento aconteceu no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) e contou com a presença da ministra do Esporte, Ana Moser. Após o cerimonial de inauguração, ocorreu o descerramento da fita inaugural, feito através de uma corrida simbólica na pista.
Durante a solenidade, o reitor da UFSM, Luciano Schuch, agradeceu a presença de todos e destacou a importância da pista na formação de novos profissionais: “ou seja, formando professores para atuar na rede pública, para atuar na formação daqueles jovens (…) que tanto precisam e que sonham um dia estar na universidade”. Ele ressaltou também que o novo espaço vai servir para a formação de atletas e a realização de grandes competições, colocando a nova infraestrutura de alto desempenho à disposição da sociedade.
Na sequência, a ministra Ana Moser enfatizou a importância do esporte na construção social, na educação, saúde e desenvolvimento humano, concluindo que a missão do ministério é fazer com que a importância do esporte alcance o país inteiro e que a inauguração da nova Pista de Atletismo da UFSM será um dos troféus a serem levantados pela pasta. Ainda, após o descerramento da fita inaugural, a ministra voltou a destacar o trabalho do governo em desenvolver o esporte no país, e disse que, para que isso aconteça, é preciso de equipamentos, professores e profissionais e programas de incentivo ao esporte. “Assim como aqui se demorou para conseguir trazer essa pista, em outros lugares do país acontece da mesma maneira. Então, é um caminho em que o recurso é restrito para todas as áreas e nós temos que buscar ser muito inspirativos e fortalecer com o apoio de deputados, de prefeitos, com governos estaduais, buscar os recursos onde eles estão e fazer as melhorias que são importantes”, disse a ministra.
Além do reitor da UFSM e da ministra do Esporte, compuseram a mesa de solenidade o deputado estadual Valdeci Oliveira, o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, o diretor do CEFD, Rosalvo Sawitzki, e o coordenador do projeto da Pista de Atletismo, professor Luiz Fernando Cuozzo Lemos. Também estiveram presentes no evento diretores de centro, coordenadores de cursos, docentes, estudantes e representantes da comunidade.
Pista de atletismo com cara nova
Utilizada por muitos anos, a antiga pista de atletismo da UFSM apresentava sinais de desgaste e não atendia às especificações necessárias para o padrão olímpico. O piso era composto por carvão batido e o número de raias era de apenas seis. Após a reforma, a pista passou a contar com um piso sintético, com camadas de borracha e resina. Outra alteração feita foi no número das raias. De seis, passou a contar com oito, garantindo um espaço maior para os trabalhos desenvolvidos.
Os produtos que constituem a pista são aprovados pela World Athletics, antiga Associação Internacional de Federações de Atletismo, e pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Tudo isso garante uma alta resistência ao uso e esforços a que o espaço é submetido, tais como cravos de sapatilhas, intempéries e efeitos danosos dos raios ultravioleta. Ainda, para auxiliar em uma melhor performance e desempenho dos atletas, a pista tem um comprimento total de 400 metros, que é o padrão olímpico. Além disso, o campo de futebol também passou por reformas e conta com aspersores em seu sistema de irrigação, seguindo os padrões da Federação Internacional de Futebol (Fifa).
Luiz Fernando Cuozzo Lemos, coordenador do Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e Manutenção da Saúde (Nieems), comemora a conquista, que considera não ser só da UFSM, mas de Santa Maria e região: “A começar por Santa Maria, porque nós somos a pista mais próxima da fronteira entre Brasil/Uruguai e Brasil/Argentina, então podemos trazer eventos internacionais para cá, o que também vai auxiliar demais no desenvolvimento econômico da região. Além disso tudo, o esporte da cidade como um todo, de diferentes níveis de formação, passa a ter um protagonismo e pode estar desenvolvendo, descobrindo talentos e ampliando o volume de participação [em campeonatos]” afirma o docente.
Inauguração oficial
A pista de atletismo da UFSM começou a ser construída em janeiro de 2020, mas, com a pandemia, os trabalhos foram paralisados e tiveram seu prazo prorrogado. Após a retomada da construção, o projeto foi entregue em junho de 2022. Ao todo, cerca de R$ 7,9 milhões foram liberados pelo Ministério do Esporte, em 2019, para a construção da nova pista.
Desde que foi entregue, em 2022, a pista vem sendo utilizada por atletas e alunos do CEFD, mas o objetivo é que, a partir de uma regulamentação, seja possível que a comunidade externa possa usufruir do espaço da Pista de Atletismo e do campo de futebol.
Do total dos recursos recebidos do Ministério do Esporte, uma parcela restante foi investida para avançar com o projeto da academia do CEFD, prevista para ser entregue no início de 2024.
Uma conquista que segue outras
25 anos: este é o tempo que se esperou para a obtenção da nova pista, avalia o diretor do CEFD, professor Rosalvo Luis Sawitzki. “É um momento muito rico, em que nós estamos em festa. Esse é um trabalho que começou há 25 anos, com vários colegas docentes, vários diretores que gestionaram frente aos ministérios, para essa conquista”, enfatiza. “A universidade e a sociedade merecem, e estamos todos de parabéns por causa disso”, complementa.
Com a pista e demais obras que já foram ou estão sendo empreendidas, o CEFD se reafirma como referência nacional. “Estamos trabalhando com laboratórios que são quase exclusivos no Brasil e com pesquisadores de ponta trabalhando com isso”, continua Rosalvo.
Dessa forma, o diretor expressa o interesse de ter a UFSM sediando os Jogos Universitários Gaúchos (JUGs). “Também tem que se fazer uma análise completa se a gente tem condições de poder comportar tudo isso, mas nós sempre somos candidatos a receber os jogos universitários, sempre nos colocamos à disposição para que isso possa acontecer aqui em Santa Maria”, completa.
A oportunidade para o atleta universitário
Quem sente os impactos da pista é Heitor Soares Maia, aluno de Licenciatura em Educação Física e membro da Equipe de Atletismo da UFSM. Representando a instituição, foi vice-campeão dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) em 2021 na prova de 400 metros rasos.
Em 2019, participou da despedida da pista antiga, na última vez em que pôde competir, visto que a pandemia se aproximara no ano em que ingressou no curso, em 2020. Somente em 2023 pôde voltar às pistas e sentiu o impacto da mudança: a nova pista é olímpica, com a mesma qualidade das usadas em competições oficiais. Como atleta, Heitor treina não somente nela, mas também em diferentes solos, como no bosque ou no campo de futebol, devido ao impacto no joelho.
Nesse sentido, Heitor avalia que a pista ajudará a todos. A respeito de seguir carreira como atleta, Heitor conta que no meio universitário é mais difícil: “pois quando comecei no atletismo, em 2019, tinha 19 anos, então querendo ou não, já é tarde. Mas, para quem começa desde novo, é muito importante”, finaliza.
Incentivo também aos pequenos
Para tornar o dia mais especial, estava acontecendo o Festival de Miniatletismo no campo do CEFD. Esta é a segunda edição do evento só em 2023, com cerca de 118 alunos confirmados. Estes são oriundos das escolas maristas de Santa Marta, do Colégio Estadual Professora Edna May Cardoso e das Escolas Municipais de Ensino Fundamental Júlio do Canto, Miguel Beltrame e Diácono João Luiz Pozzobon. As escolas selecionadas são aquelas que já têm contato com programas da UFSM, como, por exemplo, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).
Um dos “miniatletas” presentes é Thayller Miguel, de 12 anos, da Escola Miguel Beltrame. Quando questionado do porquê de participar, ele diz: “eu corro bem, eu gosto da corrida de 400 metros e eu gostaria de participar dessas atividades”. Ele acrescenta que não conhecia a pista, mas hoje isso está prestes a mudar.
É por isso que o Festival de Miniatletismo existe: “fazer com que as crianças tenham vivência dentro da universidade e possam praticar coisas que talvez não sejam disponibilizadas dentro da escola”, afirma Irven Gomes, estudante de Licenciatura em Educação Física na UFSM e um dos organizadores da atividade.
Irven conta que o trabalho no festival é feito com materiais adaptados, para que as crianças possam brincar, se divertir e ter vivências. Como com os dardos, que se transformam em “foguetinhos”, mas seguindo os princípios básicos da modalidade. Além disso, é uma maneira de os professores levarem as práticas para dentro das escolas: “a gente sabe que o atletismo não é um esporte que é muito trabalhado no currículo escolar, às vezes por falta de materiais ou até mesmo de conhecimento”, entende o acadêmico.
Iniciativas como essa, segundo ele, são realizadas com o objetivo de que as escolas levem os seus alunos para “vivenciar, saltar, correr e fazer com que eles se divirtam além de tudo”, expressa. Para Irven, a pista torna-se fundamental para que os pequenos possam conhecer as técnicas de atletismo, e sejam assim estimulados para conseguir ter mais vivências.
Cada vez mais projetos paradesportivos
Para cortar a faixa e dar início simbólico à pista de atletismo, a inauguração contou com atletas paralímpicos. Conforme a professora Luciana Erina Palma Viana, coordenadora do Núcleo de Apoio e Estudos da Educação Física Adaptada (Naeefa), a pista só aumenta a perspectiva de grandes projetos na área do paradesporto de atletismo, tanto de corrida quanto de arremessos ou lançamentos. Esse incentivo é ainda maior com a aprovação do CEFD como um Centro de Referência Paralímpico.
O Festival Paralímpico, por exemplo, chegará à sua terceira edição na UFSM em setembro. Luciana expressa a expectativa de receber novamente um grande público, visto que o mais recente, realizado em maio, atingiu aproximadamente 300 pessoas. Para mais uma edição bem-sucedida, a docente informa que o evento já está sendo divulgado em escolas e instituições.
Texto: Andreina Possan e Gabrielle Pillon, estudantes de Jornalismo
Fotos: Ana Alicia Flores, estudante de Desenho Industrial
Edição: Lucas Casali
