Do dia 7 ao dia 9 de julho, aconteceu a 29ª Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária (Feicoop) em Santa Maria. Neste ano, o tema da feira foi “Construindo a sociedade do bem-viver: por uma ética planetária”. A feira é um dos maiores eventos da cidade e reuniu milhares no Parque da Medianeira e na Escola Estadual Irmão José Otão. A UFSM esteve presente mais uma vez e, no estande destinado à universidade, o público pôde conferir atividades culturais, de empreendedorismo social, educativas e de desenvolvimento sustentável.
O responsável pela Coordenadoria de Desenvolvimento Regional e Cidadania (Coderc) da UFSM, Victor de Carli Lopes, explica que o estande da universidade foi organizado pela Incubadora Social, vinculada à Pró-Reitoria de Extensão (PRE). “Nós fazemos um edital de credenciamento das ações de extensão da universidade ou os cursos que queiram mostrar os seus trabalhos. Em paralelo a isso, tanto Incubadora Social quanto os geoparques acabam tendo parceiros externos que expõem os seus produtos na Feicoop e, aqui no lonão da UFSM, fica um local mais institucional”, esclarece Victor.
UFSM para a comunidade
No primeiro dia, os visitantes que estiveram no estande da UFSM puderam conhecer cinco ações desenvolvidas pela universidade. Uma delas foi a exposição do acervo da Mostra de Ciências Morfológicas. A exposição faz parte de uma mostra permanente que fica no prédio 19 no campus sede e que conta com mais de 150 peças, a maioria resultante de trabalhos de taxidermia. O professor do Departamento de Morfologia Marcelo Leite da Veiga afirmou que é muito importante a participação da mostra na Feicoop, pois assim a comunidade pode conhecer mais sobre pesquisas desenvolvidas na universidade. “Estando aqui, queremos abrir a curiosidade da comunidade e mostrar os espaços onde eles futuramente, talvez, venham estudar na UFSM”, destacou o professor.
Outra mostra que também marcou presença foi a “Telerreabilitação para indivíduos saudáveis com sintomas persistentes de fadiga pós Covid-19”. O trabalho apresentado faz parte do Laboratório de Fisiologia e Reabilitação (Lafir) e busca captar pessoas que tenham sintomas persistentes após o coronavírus. Mariani da Cruz Rodrigues, estudante do 8º semestre de Fisioterapia, explica que é importante participar desses eventos: “A gente consegue ter mais visibilidade e levar a pesquisa para o conhecimento das pessoas, porque muitos acham que tiveram poucos sintomas ou não tiveram, mas estão tendo sintomas de cansaço e sono excessivo e não percebem que pode ser um sintoma persistente”, comentou Mariani.
Da saúde para o artesanato, quem também esteve presente foi a empresária Laurine Bressa, graduada em Administração pela UFSM. Laurine é uma das proprietárias da Textilaria, empresa de moda feminina sustentável. Ela conta que o olhar para a sustentabilidade nasceu das iniciativas de que participou ainda na graduação, que culminaram na criação do Rever, um projeto em que são produzidas novas peças a partir de retalhos de pano: “Nossas primeiras ações foram juntas às mulheres da Arsele, a Associação de Reciclagem Seletivo Esperança, e nossa ideia é trazer visibilidade para o projeto e aqui na feira conseguimos isso”, relata.
O espaço da UFSM busca ser um local de divulgação das atividades realizadas na instituição. “A universidade sempre deve ser socialmente referenciada e deve ter contato com a comunidade externa”, afirma Victor. O coordenador da Coderc também destacou a importância do espaço destinado à universidade na Feicoop. “As várias ações de extensão que a UFSM participa são importantes para que a comunidade conheça o que é produzido, para saberem a importância de ter uma educação de ponta em Santa Maria, de investimento público e a importância do que a UFSM realiza.”
Progredir – Ação iniciada na Quarta Colônia passa a ser desenvolvida em Santa Maria
O primeiro dia da feira contou com a cerimônia de lançamento do “Progredir Santa Maria”, iniciativa da UFSM em parceria com a Prefeitura Municipal. O objetivo do programa é oferecer cursos de capacitação profissional para pessoas em situação de vulnerabilidade social no município, promovendo a inclusão socioeconômica dessas famílias por meio da qualificação profissional.
O programa Progredir já foi aplicado em municípios da Quarta Colônia, onde foram ofertadas mais de 800 vagas em 38 cursos. O resultado positivo do programa foi destacado por Clédis Rezende de Souza, uma das beneficiárias dos cursos e que esteve presente na cerimônia. Clédis destaca que o programa, por meio do curso de Afroturismo, foi essencial para que ela e outros integrantes da comunidade quilombola em que vive pudessem melhorar a renda familiar. “O Progredir trouxe inovação para a comunidade, conseguimos enxergar o nosso valor e tornar nossas vivências e nossas histórias uma fonte de renda. É uma forma também de mostrar nossa história com dignidade e orgulho”, conta.
O número de famílias no Cadastro Único em Santa Maria é 34.756, o que corresponde a mais de 76 mil pessoas. Atualmente, é realizado um mapeamento junto aos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) para entender quais os cursos seriam de interesse da população e quais podem ser aplicados levando em conta as possibilidades locais.
Comunidades contempladas com o Progredir na Quarta Colônia usaram a feira como espaço para expor suas produções e comercializar produtos, o que foi destacado como um resultado importante das atividades realizadas. Com a inserção do programa em Santa Maria, a Feicoop também se tornou um espaço simbólico para o lançamento do Progredir, uma vez que representa o cooperativismo e a busca por uma cidadania ampla.
Texto: Mariane Machado e Milene Eichelberger, estudantes de Jornalismo e voluntárias da Agência de Notícias
Fotos: Milene Eichelberger
Edição: Lucas Casali