Conforme a Resolução 068, de 2021, a partir de 2024 todos os Programas de Pós-Graduação (PPG) da UFSM deverão destinar de 20% a 50% de suas vagas para políticas de ações afirmativas voltadas a pessoas pretas, pardas, indígenas e com deficiência, além de outros grupos minoritários que podem ser definidos pelos programas. Atualmente, alguns PPGs já oferecem cotas e o objetivo é que tais experiências possam ser replicadas nos demais.
Pensando nisso, na última segunda-feira (12) ocorreu o 1º Seminário de Ações Afirmativas e Inclusão na Pós-Graduação da UFSM. O evento foi realizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP), Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e Coordenadoria de Desenvolvimento Regional e Cidadania (CODERC-PRE). Realizado no Salão Imembuí, no 2º andar do prédio da Reitoria, o encontro reuniu estudantes, técnicos administrativos em educação e professores dos programas de pós-graduação da Universidade.
Aprimorar e incorporar as ações afirmativas na pós-graduação
No evento, o Neabi foi representado por Anderson Machado, professor do Departamento de Geociências; Leonice Mourad, professora do Centro de Educação; e Fernanda Ferreira, doutoranda em Extensão Rural. Eles apresentaram um documento com sugestões de políticas de ingresso e permanência para alunos cotistas nos cursos de pós-graduação. O documento será disponibilizado no site do Neabi e encaminhado pela PRPGP para os cursos de pós-graduação. “Realizamos o seminário agora para que os programas de pós-graduação se sensibilizem e reflitam sobre as políticas que implementarão nos editais dos processos de seleção para o ano que vem”, destaca Anderson, coordenador do Núcleo.
Alguns PPGs que já implementaram políticas afirmativas em seus cursos, levaram representantes para ouvirem as sugestões do Neabi para aprimorarem seus processos seletivos e também relatarem suas experiências como docentes. Estavam presentes resentantes do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (POSCOM), Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF).
Gabriela Malaquias, chefe do Núcleo de Editais e Bolsas da PPRGP conta que a Pró-Reitoria avalia como positiva as primeiras experiências de reserva de vagas na pós-graduação, apesar de a procura ainda não ser a ideal. “Os cursos de pós-graduação têm tido pouca procura e nem todas as vagas reservadas foram preenchidas. Mas neste processo que está em andamento a procura já está maior, mesmo que ainda não tenham sido preenchidas todas as vagas. Por conta disso, nós consideramos um bom resultado”, avalia.
Beatriz Pontes, doutoranda em Ciências Sociais pela UFSM, também integrante do Neabi, acompanhou o seminário por conta do seu interesse em políticas públicas que garantam equidade no ensino superior. “Como mulher negra tive que enfrentar vários desafios e sempre provar a minha capacidade. Tive muitos colegas que desistiram por não se sentirem confortáveis neste programa. Eu quero dias melhores para os estudantes que virão, que eles não tenham que passar pelo que passei e que tenhamos uma educação cada vez melhor”, comenta.
A PRPGP planeja organizar novos encontros e continuar debatendo o assunto nos próximos meses.
Texto e foto: Bernardo Silva, estudante de jornalismo e bolsista de Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista