Diálogo, acolhimento e gestos de carinho estiveram presentes no espaço da Casa Verônica durante o primeiro encontro do projeto Conexões Maternas. O evento, realizado na tarde da quinta-feira, 25, reuniu acadêmicas de graduação, pós-graduação, além de servidoras. O objetivo da iniciativa é discutir as demandas das mães da UFSM e transformá-las em ações práticas.
Uma das idealizadoras do projeto, a estudante de pós-graduação Carol Farneze, esclarece que a iniciativa surge, especialmente, para tornar a Universidade um ambiente agradável para as mães e para atender as necessidades específicas de cada uma delas, afinal, todas vivenciam realidades distintas. “A gente quer simplesmente acolher e falar ‘olha, você é uma pessoa, estamos te vendo, vem falar com a gente’. Porque a todo momento, nós [mães] somos jogadas para fora porque as demandas e os horários não acomodam a nossa rotina”, completa Carol.
Por conta disso, o projeto surge a partir da necessidade de observar o contexto das mães na instituição e oferecer um espaço de acolhimento em que a sororidade ganha forma – com gestos de carinho, empatia, escuta sensível e troca de experiências. Foi assim que o primeiro encontro aconteceu na última quinta-feira. Após uma rodada de apresentações, as mães presentes compartilharam palavras que completaram a frase “Ser mãe na Universidade é…”. Sentimentos como solitário, desafiador, excludente, maravilhoso e inspirador foram relatados.
Para a docente do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) e também idealizadora do projeto, Milena Freire, o Conexões Maternas é o início de um movimento já presente em outras instituições do país, que busca dar visibilidade aos direitos que essas mães já têm, além de fazer reivindicações de maneira adequada. “E ao mesmo tempo é um espaço para a gente se encontrar. Hoje, boa parte das mães coloca como palavra-chave a solidão e isso é tão representativo, porque há uma invisibilidade em relação a essa pauta [maternidade]”, afirma Milena.
O olhar para a colega ao lado
A acadêmica de pedagogia, Maria Júlia Santos da Silva, esteve presente no encontro acompanhada da filha Clarice, de quatro anos. Ela conta que quando chegou na UFSM, em 2019, não encontrou espaços em que as mães pudessem se reunir com uma certa frequência. “É maravilhoso estar vivendo isso. Eu me senti muito acolhida, livre para falar o que sentia e como são as minhas experiências. É bom olhar para a colega do lado e ver que ela tem as mesmas demandas. E também entender outras necessidades que são diferentes das minhas”, afirma a acadêmica de pedagogia.
Para Maria Júlia, o projeto é importante para auxiliar as mães da UFSM, mas também para pensar em políticas públicas a nível federal – já que, em todos os locais, as mães precisam estar na Universidade. Entre as demandas que trouxe para o encontro, ela destaca a situação da Casa do Estudante, local onde reside. Segundo ela, é necessário atender não só a demanda das mães, mas também das crianças que têm necessidades diferentes dos adultos.
Mãe da Andrieli e do Emanuel, Alice Lameira Farias é Técnica Administrativa em Educação (TAE) na UFSM. Ela compartilha a experiência no projeto, que vê como fundamental para entender diferentes vivências em relação à maternagem. “São nesses momentos que vemos que não estamos sozinhas. E também aprendemos uma com as outras”, revela.
A união faz a força e as reivindicações necessárias
Pautas como flexibilização de horários, retorno da licença maternidade, produtividade acadêmica e assédio moral foram levantadas em um segundo momento do encontro. A partir delas, será possível entender as demandas prioritárias das mães e realizar os encaminhamentos necessários. “Estamos recolhendo essas reivindicações para transformá-las em ações práticas, ou seja, acionar reitoria, pró-reitorias e outros espaços institucionais que a gente conseguir. Também é um desejo nosso promover um projeto de sensibilização junto à comunidade acadêmica”, revela Carol.
Além de mapear demandas vindas de diferentes setores da Universidade, um dos objetivos é trazer outras mulheres para o espaço e fazer um levantamento de dados referente às mães ativas na Instituição – informação que ainda não está disponível. “Eu realmente fiquei muito emocionada de ver esse passo concretizado. O próximo é a manutenção dessas reuniões, porque estamos só começando”, afirma Milena.
O Conexões Maternas vai acontecer quinzenalmente, em turnos alternados, para que o horário dos encontros possa contemplar diferentes mães. Para se inscrever, basta preencher um formulário disponível no Instagram do projeto.
Para conferir registros do evento, assista a matéria da TV Campus:
Texto: Thais Immig, estudante de jornalismo e voluntária da Agência de Notícias
Fotos: Milene Eichelberger, estudante de jornalismo e voluntária da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista