Nesta terça-feira (21), os calouros da UFSM tiveram atividades em diferentes áreas e espaços da universidade para se adaptarem bem ao novo ambiente. De manhã, a visita ao Jardim Botânico imergiu os novos alunos na diversidade lá encontrada. Já de tarde, os desafios e as formas de manter a saúde mental em dia foram destrinchados em palestra no Centro de Tecnologia (CT).

Calourique – Para os alunos do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), o segundo dia de programação começou com o aconchego do espaço verde oferecido pelo Jardim Botânico. Durante a manhã, cerca de 50 alunos do centro de ensino se reuniram com colegas, coordenadores e diretores para a Calourique no Jardim – atividade que integra a programação do CCNE.

A chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE, Natália Huber, relata que o objetivo da atividade no Jardim Botânico é recepcionar, dar dicas de como ter uma boa experiência na Universidade e proporcionar maior integração e criação de laços entre os estudantes de diferentes cursos do centro de ensino. “A gente também espera que eles possam conhecer o espaço em que vão passar os próximos anos. Tem dias que passamos mais tempo na UFSM do que em casa”, afirma Natália.

Na chegada, os novos alunos foram recebidos com música ao vivo. Depois ocorreu uma cerimônia ao ar livre que contou com manifestações de diferentes representantes do CCNE, como a coordenadora do Setor de Apoio Pedagógico, Eliane Cristina Amoretti, que falou sobre a importância do apoio de colegas, professores e demais setores do centro de ensino durante a graduação. A diretora do Jardim Botânico, Simone Messina, acolheu os calouros e compartilhou suas primeiras experiências na universidade, bem como os desafios e as oportunidades que teve durante a graduação. Ela também destacou o Jardim Botânico como um espaço de aprendizagem e de oportunidades para os estudantes.

O diretor do CCNE, José Neri Paniz, também esteve presente no evento e falou sobre os auxílios oferecidos pela UFSM, como o Restaurante Universitário, a Casa do Estudante e as bolsas estudantis que, segundo ele, são um estímulo ao desenvolvimento dos alunos. Já o vice-diretor, Hans Rogério Zimmermann, falou sobre o respeito que precisa existir nos espaços da UFSM e a fase que se inicia para os alunos que ingressaram na instituição. “Essa fase da universidade é uma fase da vida. Vocês vieram e vão viver aqui por alguns anos. Então aproveitem, é a nova casa de vocês”, afirma Hans. Coordenadores de diferentes cursos do CCNE também deram boas-vindas aos novos alunos.

A seguir, os alunos puderam conhecer diferentes espaços do Jardim Botânico, como o Telhado Verde. Além disso, as plantas carnívoras presentes no local e um tour guiado para apresentar outras espécies de plantas também foram atrações durante a manhã. As atividades foram guiadas por Simone e pelas bolsistas do Jardim Botânico, Gabriela Righi e Neriane Camargo. Entre uma atividade e outra, os calouros também puderam aproveitar o espaço para fazer piquenique e conversar com colegas e professores.

Espaço de todos – Simone Messina conta que o Jardim Botânico também terá uma programação aberta para todos os cursos, para que mais alunos possam conhecer e ter acesso ao espaço. “Incluímos atividades de lazer e relaxamento, como meditação guiada e jardinagem”, completa. A diretora do Jardim Botânico esclarece que, durante a programação, servidores e bolsistas vão abordar assuntos como a importância da conservação de espécies vegetais, contato com a natureza e formas de manter uma mentalidade positiva. As inscrições podem ser feitas via formulário de inscrição.

Além da programação pensada para os calouros, o Jardim Botânico fica aberto para os acadêmicos e a comunidade. Durante a semana, funciona das 8h ao meio-dia e das 13h30min às 17h30min; aos domingos, das 15h às 19h.

Saúde mental em pauta – No início da tarde, no Auditório Wilson Aita, o ramo estudantil do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) da UFSM promoveu a palestra “Saúde mental no ambiente universitário”, inserida na programação do Acolhe CT, voltado a toda a comunidade acadêmica e com transmissão via Youtube. A ação foi realizada em parceria com a Coordenadoria de Ações Educacionais (Caed), representada pela médica Ângela Quatrin Campagnolo e pelo psicólogo Renato Favarin dos Santos, que ministraram a palestra.

Rafael começou perguntando aos presentes qual é o maior desafio que encontraram na chegada à universidade, e trouxe as respostas que percebeu nos atendimentos que realiza na Caed. O primeiro é o estudo. Apesar de o aluno ter estudado todo o período do ensino fundamental e médio, quando está na faculdade o cenário muda. O acadêmico se vê na necessidade de mudar a forma e a sua relação com o estudo. O segundo desafio é a escrita. Na academia, o aluno sofre com demandas inéditas, como a de aderir à redação científica.

Socializar e lidar com as diferenças também são desafios, continua Rafael. Ele explica que, em muitos casos, o estudante se depara com uma diversidade expressiva de pessoas, com as quais pode nunca ter tido contato antes, deixando-o tímido e desconfortável. Essa questão relaciona-se com outro desafio: o preconceito. O recém-chegado está sujeito a encontrar pessoas preconceituosas e sofrer com isso. O contrário também acontece: ele próprio pode ter ideias preconceituosas que precisa enfrentar.

Mais dois desafios são a liderança e o protagonismo. Com relação ao primeiro, Rafael conta que há pessoas que naturalmente sabem liderar, e outras não. Porém, em algum momento todos precisam ser líderes e, caso não consigam, a ansiedade se desenvolve. Quanto ao segundo, o psicólogo aponta que, quando está no colégio, o estudante geralmente faz as mesmas disciplinas ou atividades que os demais colegas. Por outro lado, na universidade o processo é mais individual, cada um tem suas particularidades e também há mais opções de projetos para ingressar.

Gerenciar a autonomia – A médica acrescenta que, quando da má adaptação à vida universitária, acumulam-se as notas baixas, diminuem-se as disciplinas e a participação em atividades extracurriculares e, por fim, acontece a evasão do estudante. Tudo isso acarreta o desânimo do aluno, que não sabe por onde começar a melhorar. Além disso, Ângela afirma que há outros fatores que podem influenciar nesse estado, como a genética, a história de vida da pessoa e o uso e abuso de substâncias entorpecentes. Com isso, o desânimo no aluno pode se agravar, ao se tornar depressão ou algum transtorno. “Mais pessoas adoecem aqui (na universidade) do que fora”, constata Rafael, “mas também é onde muitas pessoas têm um desenvolvimento pessoal”, continua.

É necessário ter uma gestão saudável de sua independência, acrescenta Rafael, abordando atitudes como o estabelecimento de metas, rotinas realistas e prioridades. Mesmo que esta seja uma fase da construção da identidade acadêmica, Rafael compreende que desenvolver relações com quem está neste mesmo momento ou não é extremamente positivo. “Integrar-se com o coletivo auxilia até no networking”, completa. Rafael salienta ainda o senso de pertencimento a um grupo como peça influente no bem-estar do acadêmico.

Ao fim, Ângela e Rafael aconselham aos alunos que, ao precisar de ajuda, procurem a Caed, através do e-mail caedsaude@ufsm.com.br. Também recomendam a procura pelas redes sociais da unidade, em que há divulgação de atividades.