Na quarta (25) e quinta-feira (26), o Centro de Educação (CE) da UFSM promoveu o Seminário Integrador do Curso de Licenciatura em Pedagogia Diurno. Cerca de 40 estagiárias expuseram suas experiências nas mais diferentes escolas da região no ensino aos anos iniciais e educação infantil. Além disso, rodas de conversa, atividades lúdicas e integração com professoras dos colégios contemplados marcaram os dias de atividades. Os trabalhos das alunas são orientados pelas professoras de Pedagogia Jane Schumacher, Taciana Segat, Kelly Werly e Helenise Sangoi, com o apoio da professora Graziela Escandiel.
Para Helenise, o momento foi também para mostrar a importância da Universidade nesse setor da educação básica e em diferentes camadas sociais, como na realização de estágio na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase/RS) e em bairros periféricos da cidade. “Nos nossos estágios, os acadêmicos podem experimentar toda a riqueza cultural espalhada por aí. Com a educação, temos a capacidade de criar espaços onde parece não haver mais chance. Ela transforma vidas”, orgulha-se Helenise.
A professora pretende ampliar a realização do seminário, a fim de que ele possa, cada vez mais, aproximar a rede municipal, estadual, a Universidade, as professoras e as secretarias de educação, formando, assim, uma grande rede informativa. “Quando nossa Universidade foi criada, foi justamente para que possamos levar e trazer conhecimentos”, afirma a docente.
Fluxo de aprendizados
Nesse espaço, as discussões a respeito das temáticas encontradas ao longo dos estágios estavam presentes, conforme a professora Kelly Werly. “A ideia é fazer dessa experiência um balanço de como cada aluna se situou em cada turma e, assim, dar um retorno à comunidade e aos professores”, conta. Kelly explica que no ambiente do seminário, realizado no hall do prédio 16B, buscou-se levar ao público a experiência com alguns elementos que fizeram parte do estágio. Como na entrada do prédio, onde as estagiárias expuseram banners descritivos de como foi o trabalho em sua escola. A seguir, o visitante encontrava uma sala lúdica, com luzes, bonecos, desenhos, livros, brinquedos e demais figuras de imersão criativa. No final do corredor, havia espaço de interação com o ambiente, com base em conceitos pedagógicos.
Envolvimento com as práticas
Uma das participantes do Seminário Integrador foi a acadêmica do 8º semestre de Pedagogia Fernanda Pontel. Ela realizou estágio na Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo, quando acompanhou a turma do berçário, a fim de entender como os bebês se comunicam. “Mesmo sem poder se expressar verbalmente, eles apresentam sinais do que gostariam de dizer”, explica Fernanda.
Desse modo, Fernanda fez um planejamento e espera que ele contribua ao todo que já é feito em prol da educação de qualidade. Para ela, as experiências estão sendo potencializadas e continuadas a partir do momento em que futuros docentes se disponibilizam a ir às escolas e a dialogar com elas. “A docência é um trabalho coletivo, quando busca respeitar a criança e a infância”, reitera.
A estudante não deixa de destacar o papel do estágio e como se descobriu como professora enquanto atuava. “Saí transformada dessa experiência, no sentido de perceber como tudo aquilo que é trabalhado na graduação está presente na escola. Não é só teoria ou só prática, elas andam juntas”, relata. Umas dessas transformações que conta é o novo olhar a questões que não tinha e a constatação de que o professor precisa estar sempre estudando, porque “nunca estaremos totalmente prontos, é na continuidade que descobrimos conceitos, como o de que as crianças possuem múltiplas infâncias”, esclarece Fernanda.
Fabiana de Oliveira, sua colega, teve uma experiência igualmente positiva, só que, dessa vez, em uma escola rural no Distrito de Pains. O estágio se torna mais especial pelo fato de que ela é egressa dessa Instituição, tendo estudado todo o ensino fundamental. “Foi maravilhoso, ainda mais por ver renovação na comunidade”, relata. Um dos fatores que mais chamou sua atenção no estágio foi a preocupação das crianças com o meio ambiente e seu forte senso de mudança. Tal disposição a possibilitou desenvolver um projeto voltado à agroecologia, iniciativa abraçada pelos alunos.
A acadêmica também procurou incrementar as atividades didáticas dos alunos, como no uso de mapa conceitual, competitividade com respeito, dentre outros. “50% é a minha parte e 50% é a deles”, afirma. Ademais, Fernanda ressalta a presença da Universidade no ambiente, ao fazer uma ligação entre o campo e a cidade, os quais exigem olhares diferentes para si.
Reconhecimento
A coordenadora de Educação Infantil da Secretaria de Educação de Santa Maria, Gabriele Rocha, visitou o seminário e parabenizou a organização dos estágios. A gestora conta que o trabalho exposto no evento é o resultado do trabalho desenvolvido junto às professoras regentes do município: “É bastante significativo ver essas atuações sendo concluídas aqui. Estamos contentes de poder vivenciar esse espaço criado pelas estagiárias e vivido por bebês, crianças e estudantes”, afirma.
Quem também celebra o programa de estágio é Juliana Gomes, coordenadora pedagógica da Casa da Criança, uma das escolas contempladas com os estágios da UFSM há cerca de 10 anos. Ela destaca as possibilidades de trocas e interações trazidas pelas estagiárias em conjunto com as professoras. Juliana também comemora o seminário como um momento de ver, conversar, contribuir e dar-lhes um retorno. “Essas trocas são sempre muito bem construtivas, as nossas professoras se envolvem no processo formativo das acadêmicas e a Universidade nos leva outras possibilidades de trabalhar com as crianças”, conta Juliana.
Apoio entre colegas
Na quinta-feira, a chuva pegou as organizadoras desprevenidas, pois estava programada uma atividade ao ar livre. Mas logo, com orientação da professora Taciana Segat, a programação pôde ser adaptada, com a inclusão da chuva. “Quando um imprevisto surge, as próprias crianças nos ensinam a pensar em soluções, podemos aprender com elas”, conta a docente.
Suas alunas, as estagiárias do 8º semestre do curso Rebeca Godoi, Gabrielle Toniolo e Elisa Valverde, usam intervenções artísticas para expressar o período
final da graduação. Em metais de mesa escolar, fios são entrelaçados, em um movimento que, segundo as acadêmicas, significa as dúvidas, os anseios, as reflexões, as possibilidades e demais sensações vividas pelas estagiárias em um ambiente com educandos. “Essa obra mostra como o planejamento da educação infantil é complexo, exige estudos e comprometimento. Não é espontâneo e intuitivo. Devagarinho, vamos encarando os novos desafios”, destaca Rebeca.
Não menos importante, elas destacam o trabalho em conjunto e o apoio mútuo como um alicerce para terem um bom desempenho. A partir de conselhos, observações, conversas e planejamentos, elas aprendem umas com as outras. Assim, a professora Taciana, à luz do acontecimento da chuva, conta uma das principais descobertas da turma: a flexibilidade do universo das crianças, isto é, elas têm muitas linguagens e é o adulto que limita esse mundo. “Para organizar um espaço pedagógico, não são somente necessárias canetas, papéis e demais itens de uma lista material. Precisa-se de uma problematização, envolvimento e, por fim, a chegada a algum lugar. Esse é o nosso desafio”, finaliza.
Texto e fotos: Gabrielle Pillon, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista